Há quem ame e quem odeie, mas os áudios no WhatsApp já fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas. Para quem não tem muita paciência para ouvi-los, tem novidade boa na área. Desde a semana passada, o aplicativo está disponibilizando uma ferramenta que permite acelerar as mensagens de voz.
Feita de forma gradual, a atualização ainda não está disponível para todos os usuários – o que deve acontecer nas próximas três semanas – e, para alguns, está funcionando apenas na versão web, utilizada diretamente no computador. Com a nova função em mãos, são três velocidades possíveis:
Especialista em tecnologia e comentarista da CBN Vitória, Gilberto Sudré vê com bons olhos a ferramenta, que já existia em outros aplicativos. "Já faz tempo que os usuários vêm pedindo. As pessoas normalmente não gostam muito de áudio, porque demora para ouvir e, agora, o tempo vai diminuir. Isso é bom", analisa.
Na hora da reprodução da mensagem, no lugar do "play" aparecerá um botão no qual o usuário poderá selecionar a velocidade desejada. Se apertar uma vez, vai para 1.5. Se clicar de novo, para 2.0. Na terceira vez, volta ao normal. O modo de reprodução fica como automático para os demais áudios que serão ouvidos.
O engenheiro florestal Otávio Tessarollo utiliza áudios diariamente com familiares e amigos e também para trabalhar. "Alguns funcionários são semi-analfabetos. Às vezes, eles têm vergonha ou dificuldade de digitar. Os áudios ajudam muito, mas tem um problema: eles começaram a ficar muito grandes", comenta.
Há dois dias ele vem usando a nova ferramenta. "Nesse período, percebi que a velocidade 1.5 é a melhor. Dá para ouvir e entender. A outra (2.0) fica tão rápida que às vezes até passa algo", avalia. Por enquanto, ele usa o mecanismo apenas em áudios com mais de 40 segundos e com pessoas específicas.
Essa distinção, porém, não é feita por todos. Proprietário de uma fábrica de móveis, Patrick Jacob diz que gostou muito e usa em todos os áudios. "Trabalho o dia todo no WhatsApp e nunca tive paciência para ouvir. Sempre escutava pela metade e às vezes até deixava passar alguma informação", conta.
"Quando soube da novidade foi uma surpresa muito positiva, nunca imaginei e fiquei ansioso para testar. Tem sido bem prático e agiliza muito a minha vida. A minha impaciência acho que sumiu um pouco", analisa. "De diferente, percebo que parece ter menos emoção no áudio, mas é prático e rápido", completa.
Professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o biomédico Luiz Carlos Schenberg vê que a função pode ser usada em casos de pessoas prolixas, mas aponta que essa é mais uma melhoria técnica típica da "cultura da pressa".
"Essas tecnologias estão colocando a gente para trabalhar em uma velocidade e sob uma pressão maiores. Nós ainda não temos total domínio sobre elas. Elas dominam mais a gente do que o contrário. Essa aceleração é como liberar atravessar no farol vermelho só porque a pessoa não consegue esperar", afirma.
Com vários trabalhos sobre ansiedade, o especialista alerta para um possível agravamento do quadro. "As pessoas ansiosas têm vários comportamentos anormais. Um deles é a necessidade de ter uma gratificação mais rápida, e o que esse mecanismo faz é, justamente, gratificar uma postura ansiosa."
Para Luiz Carlos, a aceleração dos áudios é mais uma gota de ansiedade. "É uma modificação pequena diante dos problemas já precedentes na vida cotidiana, agravados na pandemia. Mas chega uma hora em que o indivíduo começa a se sentir totalmente infeliz de fazer muita coisa e não encontrar a felicidade", aponta.
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