"Acho que ele (Hilário) está contratando alguém para me matar". A frase foi dita pela médica Milena Gottardi para a prima, Shintia Gottardi, segundo ela relatou em depoimento prestado no Fórum Criminal de Vitória na noite de terça-feira (24). A declaração se deu em abril de 2017, cinco meses antes da médica ser assassinada após sair do trabalho no Hospital das Clínicas, em Vitória.
Isso aconteceu após a filha mais velha da médica ver, no celular, "um homem estranho" conversando com Hilário, segundo depoimento de Shintia. A filha relatou essa estranheza para Milena, que depois comentou com a prima que suspeitava que sua morte estava sendo tramada pelo ex-policial civil.
Shintia, no depoimento, chegou a dizer que questionou Milena sobre essa suspeita, mas que a médica desconversou. Acompanhe o júri em tempo real aqui.
Shintia ainda disse, no julgamento, que um grupo em um aplicativo de mensagens foi criado por Hilário Frasson, acusado de ser o mandante do assassinato de Milena Gottardi, com quem havia sido casado por 13 anos. O objetivo era reconquistar a médica, que já havia pedido o divórcio.
O ex-policial deu ao grupo o nome de “Em nome do amor” e adicionou vários amigos dele e de Milena, além de alguns familiares e colegas de faculdade da médica.
“No grupo ele pediu para os participantes o ajudarem a reconquistar a Milena. Informava que já tinha enviado flores para Milena. Ele também mandava mensagens dizendo que queria a esposa de volta”, contou Shintia.
A prima relatou ainda que muitos amigos saíram do grupo e outros falavam para Hilário esquecer Milena e aceitar a separação.
Shintia também relatou que Hilário fez uma mudança em seu nome, acrescentando Fiorot. Assim, ele passou a assinar Hilário Antonio Fiorot Frasson.
“Todo mundo achou estranho”, contou Shintia, relatando que Milena já teve um namorado, antes de Hilário, cujo sobrenome era Fiorot.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, Hilário teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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