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Acidente com morte na Darly Santos: conduta de policiais será investigada

Acidente com morte na Darly Santos: conduta de policiais será investigada

A Delegacia de Delitos de Trânsito identificou falhas no procedimento dos policiais que atuaram no acidente que provocou a morte de Amanda Marques, 20 anos. As corregedorias das polícias Civil e Militar vão investigar a conduta dos envolvidos

Publicado em 29 de abril de 2021 às 18:46

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Toyota Corolla envolvido no acidente que matou Amanda Marques na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha
Toyota Corolla envolvido no acidente que matou Amanda Marques na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. (Reprodução)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

A Corregedoria da Polícia Civil vai investigar a conduta dos policiais citados no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito sobre o acidente que provocou a morte de Amanda Marques, 20 anos, e que deixou namorado dela, Matheus José da Silva, 23, internado no dia 17 de abril. A Polícia Militar informou que também vai apurar as informações contidas no documento. 

Segundo apuração da Delegacia de Delitos de Trânsito, testemunhas contaram no local que o motorista do Corolla tentou arrancar com o carro para escapar, porém, foi impedido por outros motoristas que pararam no local para ajudar os envolvidos na batida.

O relatório final das investigações foi adquirido pelo repórter Tiago Félix, da TV Gazeta, e apresenta diversos pontos incoerentes. Uma cópia do procedimento da investigação foi encaminhada para as corregedorias das polícias Civil e Militar para que sejam avaliadas as condutas dos policiais envolvidos. 

Por nota, a Polícia Civil informou nesta quinta-feira (29) que "não coaduna com condutas inadequadas ou delituosas e apura todos os fatos, independentemente das pessoas envolvidas. O relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito demonstra que a investigação é imparcial. A partir da conclusão do Inquérito Policial, a Corregedoria da Polícia Civil vai instaurar investigação para apurar a conduta de todos os policiais citados no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito e aplicará as medidas cabíveis", finalizou. 

Questionada, a Polícia Militar informou que "até o momento não recebeu qualquer documento relativo ao fato e, após tomar conhecimento de todo o conteúdo das peças que envolvem o acidente de trânsito e que foram encaminhadas à Corregedoria, irá instaurar o devido procedimento apuratório", afirmou a corporação.

O ACIDENTE

Amanda Marques e o namorado Matheus José. A moto em que eles estavam foi atingida por um carro em Vila Velha
Amanda Marques e o namorado Matheus José. A moto em que eles estavam foi atingida por um carro em Vila Velha. (Instagram)

A batida aconteceu na Rodovia Darly Santos, no trecho do bairro Jardim Asteca, em Vila Velha. O casal havia saído da casa da mãe da jovem, no bairro Jockey, e seguiam de motocicleta para o bairro Divino Espírito Santo, onde moravam, quando ocorreu o acidente.

Era Matheus quem pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Toyota Corolla, conduzido por Wagner Nunes de Paulo, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta. O Corolla arrastou vítimas e a moto por cerca de 50 metros até parar.

Amanda morreu no local, enquanto Matheus foi levado por uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória, onde permaneceu internado por 10 dias.

POLICIAL CIVIL QUE NÃO ESTAVA A TRABALHO TENTOU INTERVIR

Ainda na cena do acidente, já com a chegada da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) e da Guarda Municipal, um policial civil chegou ao local em uma viatura descaracterizada e ficou próximo a Wagner, conversando. O policial é amigo da família de Wagner, que também tem policiais civis, e aparentava estar de folga.

Ele tentou tirar o motorista do local. Porém, foi impedido pela equipe do Samu e também da guarda municipal. Ainda segundo consta o relatório da investigação do acidente, o policial civil teria tentado influenciar na versão presenciada pela testemunha, tendo a ameaçado de prisão e de que iria conduzi-la à delegacia. 

Wagner Nunes de Paulo foi preso após acidente com morte em Vila Velha
Wagner Nunes de Paulo foi preso após acidente com morte em Vila Velha. (Redes sociais)

PROCEDIMENTO PADRÃO NÃO FOI OBEDECIDO

Segundo o relatório da investigação, também houve falha dos PMs que assumiram a ocorrência ao não registrarem em momento algum que Wagner apresentava aparentemente sinais de embriaguez, como relatado por outras testemunhas, ou mesmo sobre a presença do policial civil junto ao detido nos registros formais necessários.

Os militares nem sequer completaram os autos de constatação de alteração psicomotora, como é solicitado em caso de acidente onde os condutores se recusam a fazer teste de bafômetro.

Na Delegacia Regional, segundo consta no relatório, os familiares tiveram acesso a Wagner e às dependências da unidade policial, procedimento que não é o padrão da Polícia Civil.

Outra conduta questionada no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito é o fato do delegado de plantão na Delegacia Regional de Vila Velha, para onde o suspeito foi levado, não ter conduzido Wagner para os exames toxicológico e de alcoolemia junto à perícia da corporação, onde a recusa do exame - direito que o acusado possui - é documentada adequadamente.

INDICIAMENTO

Na data do crime, Wagner foi autuado em flagrante por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. Foi arbitrada uma fiança de R$ 10 mil, que não foi paga, por isso Wagner foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana no domingo (18).

Dentro do prazo legal estipulado, o delegado Maurício Gonçalves encaminhou à Justiça a conclusão do inquérito policial que investigava o acidente e concluiu que se tratou de um homicídio qualificado por motivo fútil, uma vez que foram reunidos fatos que apontam que Wagner ingeriu bebida alcoólica antes de pegar a direção do Corolla. Fora isso, ainda tentou fugir do local e não prestou socorro às vítimas.

Wagner continua detido no Centro de Triagem de Viana desde o dia do acidente. A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa do motorista, Ramon Coelho, nesta quinta-feira. Por telefone, ele solicitou que a ligação fosse retornada em um intervalo de uma hora. A reportagem atendeu ao pedido. No entanto, o advogado não atendeu e nem respondeu às mensagens.

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