Análise preliminar realizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) no Parador Residence, aponta que o aço que recobria o fundo piscina da área de lazer, que desabou na noite desta quinta-feira (22), estava totalmente corroído. Mas ainda não se sabe o que causou o rompimento da estrutura, que ocorreu de forma instantânea.
De acordo com Giuliano Battisti, engenheiro civil, ambiental e do trabalho, e membro da comissão do Crea-ES que realizou a fiscalização no prédio, já é possível apontar alguns fatos. “O primeiro é que o piso da piscina desabou completamente e instantaneamente. O segundo é que o aço utilizado, que segura o fundo da estrutura, estava 100% oxidado”, relata.
Os restos da estrutura que desabou caíram de uma altura de cerca de dois metros, atingindo o piso da garagem, e causando ainda avarias no subsolo, próximo a vigas estruturais do prédio. “O desabamento do fundo da piscina provocou um abalo, um impacto de cerca de cem toneladas. Isto se converte em uma carga ainda maior quando atingiu o piso da garagem. Houve deformação no piso entre um andar e outro, avarias importantes próximo aos pilares de sustentação do prédio”, explicou o engenheiro.
O local tinha laje protendida, segundo o engenheiro, ela vem sendo utilizada em áreas maiores, para se evitar o uso de muitas pilastras, com espaços mais abertos, como é o caso das garagens. “Estas estruturas são sustentadas por cabos de aço e houve rompimento dos cabos de aço (cordualhas)”, explicou.
A oxidação do aço ocorre quando há contato com o oxigênio, explica o engenheiro. E isto pode ocorrer por vários motivos: exposição a produtos químicos, aerossóis marinhos (maresia), contatos com outros materiais, umidade que pode levar ao contato com produtos corrosivos.
Battisti explica ainda que perícias realizadas pela empresa, e também por empresa contratada pelo condomínio, vão apontar os motivos do rompimento da estrutura. Um relatório que precisará responder algumas perguntas:
O Crea, segundo Battisti, realiza a vistoria para verificar se a obra contava com responsável técnico, se estava regular, se tinha projetos. “Ainda estamos fazendo o levantamento destas informações”, disse. A Prefeitura de Vila Velha informou que a construção do prédio seguiu as normas do município e que não foram registradas irregularidades.
O desabamento provocou o rompimento de algumas estruturas, afetando o abastecimento de água, gás e até energia. “A empresa já realizou o trabalho de escoramento. Houve avarias do sistema de gás, energia e abastecimento água. Fios próximos á área do desabamento foram rompidos”, informou o engenheiro.
De acordo com a Argo Construtora, os cerca de 270 moradores poderão retornar para suas casas até a próxima terça-feira (27). Até lá eles devem ficar em hotéis custeados pela empresa.
Relatório de vistoria da Defesa Civil de Vila Velha informa que a construtora emitiu laudo estrutural. Nele foi atestado “a não existência de risco estrutural para o imóvel”. Em função disto, foi autorizado o retono dos moradores aos seus apartamentos. “Com o devido isolamento do local aonde se realizarão as obras de recuperação e reparo”, informa o documento.
A recomendação do Crea, segundo Giuliano Battisti, engenheiro civil, ambiental e do trabalho, que faz parte da equipe que fiscalizou o local onde ocorreu o desabamento, é que se aguarde pelo menos 72 horas. “Entendemos que as próximas 72h são de acompanhamento e observação. Foi feito o escoramento, um laudo emitido por profissional habilitado atestanto que o imóvel esta estável quanto a estrutura, mas é preciso monitorar. Esta é a nossa orientação”, destaca.
A Argo Construtora informou, por nota, que prestou e mantém toda a assistência necessária às famílias que vivem no prédio, além de colaborar com as autoridades e órgãos competentes. Também reforçou que não houve feridos. Confira a íntegra da nota:
“A Argo Construtora destaca que prestou e mantém toda a assistência necessária às famílias do prédio, além de colaborar com as autoridades e órgãos competentes. Também reforça que não houve feridos. Na última quinta-feira, a desocupação das torres, orientada pela Defesa Civil, foi uma iniciativa preventiva, até que todas as avaliações necessárias fossem realizadas. A empresa se prontificou de imediato em arcar com todos os custos dos moradores com hotel e afins, visando que essa situação seja vencida com o menor impacto possível. A Defesa Civil emitiu parecer no sentido de que a estrutura da edificação não foi abalada pelo incidente, corroborando com o laudo emitido pelo engenheiro calculista, permitindo com isso o retorno dos moradores aos seus apartamentos. O retorno acontecerá até terça-feira (27/04), a fim de resguardar a segurança dos moradores, evitando possíveis aglomerações e alto fluxo de prestadores de serviço nesse momento de pandemia. Nesse período a Argo vai continuar a arcar com as despesas de hotel e afins.”
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