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Ações contra Covid fazem cair internações por doenças respiratórias no ES

Ações contra Covid fazem cair internações por doenças respiratórias no ES

Queda no índice de hospitalização por problemas respiratórios chega a mais de 40% no comparativo de 2019 e 2020 após medidas de segurança contra o coronavírus, como distanciamento, uso de máscaras e higienização frequente das mãos

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 06:01

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Uso de máscara de proteção contra o coronavírus
Máscara utilizada para proteção contra a Covid-19 ajudou a conter outras doenças respiratórias. (Carlos Alberto Silva)
Ações contra Covid fazem cair internações por doenças respiratórias no ES

Os danos provocados pela Covid-19 são inegáveis, mas alguns indicadores revelam-se positivos: no Espírito Santo, as internações motivadas por outras doenças respiratórias reduziram em mais de 40% neste ano devido a medidas de segurança, como distanciamento, uso de máscaras e higienização frequente das mãos, que foram adotadas na pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). 

Dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), demonstram que, de janeiro a agosto de 2019,  14.747 pessoas foram internadas por problemas no aparelho respiratório. Em 2020, esse número reduziu para 8.277. 

Já o InfoGripe/Fiocruz revela que, até setembro, o Sars-CoV-2 foi a causa de cerca de 99,2% das mortes no país. Os vírus da Influenza (A e B) que, até 2019, matavam cerca de 6 mil pessoas todos os anos, em 2020 atingiu até agora 1.672.

Doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel avalia que as medidas de contenção contra a Covid-19 ajudaram a diminuir infecções por rinovírus, adenovírus, influenza e vírus sincicial respiratório, e também outros coronavírus mais brandos.

"Esses vírus respiratórios dão muito em crianças e, com o fechamento das escolas e o isolamento, houve uma diminuição da circulação. Os idosos também costumam ser bastante afetados, mas como estavam no grupo de risco da Covid, foram isolados e ficaram mais protegidos", atesta.

Questionada se os hábitos adotados na pandemia devem ser incorporados à rotina, mesmo depois que houver uma imunização para a Covid-19, Ethel Maciel sustenta que sim, e lembra que os asiáticos já têm essa conduta que, muitas vezes, foi vista com estranheza por outras culturas. 

"Aprendemos, na marra, a prestar mais atenção e a valorizar os sintomas de síndrome gripal. Antes da pandemia era normal, mesmo com os sinais, ir para a escola, trabalhar, pegar ônibus. O uso de máscaras nessa condição é uma consciência que os asiáticos já desenvolveram há muito tempo. Se estão gripados, não saem sem a máscara, nem ficam em locais de aglomeração; fazem isso para proteger o outro. Agora, começamos a entender que, ainda que seja um sintoma leve, sem os devidos cuidados, podemos transmitir para alguém que pode morrer", argumenta a professora. 

CRIANÇAS

A coordenadora médica da UTI Pediátrica da Unimed Vitória, Silvia Louzada, conta que, entre abril e setembro, é comum que a unidade atinja a sua capacidade máxima de atendimento devido às internações por problemas respiratórios. Nas crianças, são frequentes os episódios de pneumonia e bronquiolite. Neste ano, entretanto, não houve sequer um caso no período comum a essas infecções.

Com a autorização do governo para reabertura das escolas, entretanto, a pediatra acredita que possa haver um aumento no número de notificações de doenças respiratórias entre as crianças. 

Essa é também uma preocupação de Ethel Maciel, que faz ainda outro alerta: a importância da vacinação de outras enfermidades imunopreveníveis, como o sarampo. Para a ela, a liberação para a volta às aulas presenciais deveria ter sido precedida de uma campanha em prol da imunização. 

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Ethel Maciel diz que algumas doenças estão com baixa cobertura vacinal – em sarampo, a meta é de 95% do público-alvo e está em 68%, por exemplo – e, associada ao retorno para as escolas, pode favorecer o surto de outras infecções. "Essa é uma situação preocupante, e os pais devem ser alertados para verificar a carteira de vacinação e, se estiver faltando alguma dose para as crianças, colocá-la em dia", conclui. 

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