Após uma semana de paralisação no serviço de coleta de lixo na Grande Vitória, em razão da greve dos motoristas de caminhões de limpeza urbana no Estado, o Sindicato das Empresas de Limpeza Pública (Selures) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) afirmaram que chegaram a um acordo com relação ao lixo acumulado na usina localizada no bairro Resistência, em Vitória. Juntamente à Prefeitura de Vitória, estabeleceram que a partir desta segunda-feira (30) está permitida a saída das carretas do transbordo, ou seja, que realizam a transferência de resíduos até o aterro sanitário.
De acordo com apuração da repórter Danielle Cariello, para a TV Gazeta, moradores do entorno do bairro onde está localizada a Usina de Lixo reclamam do mau cheiro e do risco de doenças. "Muita doença, porque aquelas moscas vêm todas para dentro das nossas casas e são muitas. Muita gente está reclamando", disse a dona de casa Maria da Penha.
Para o líder comunitário da região, João Batista Venâncio, a situação se tornou insustentável. "É um absurdo, mais de 15 dias discutindo essa questão aqui entre sindicato e empresas e não resolve. E nós não aguentamos mais esse mau cheiro que está em Resistência, além das moscas e baratas. A comunidade não vai aceitar mais isso", afirmou.
Sobre a situação da usina, o Selures emitiu um posicionamento afirmando que o Sindirodoviários vem descumprindo a decisão liminar da justiça e impedindo a saída do material para destinação final, o que vem gerando grande volume de resíduos no local, com grave prejuízos à comunidade. "Nesta segunda (30), após uma semana de acúmulo, um acordo firmado entre Prefeitura, comunidade e Sindirodoviários permitiu a saída das carretas do transbordo para que a situação seja sanada. A empresa informa que não medirá esforços para regularizar a situação o mais breve possível", informou em nota.
Já o Sindirodoviários afirmou que vem cumprindo a liminar da Justiça, mantendo 70% do serviço de coleta, e teria passado a liberar carretas para o serviço de transporte do lixo entre a usina e o aterro a partir de hoje (30). "Estão circulando 70% dos coletores, as 6 carretas que esvaziam a usina e a empresa também contratou outras duas carretas para isso, além de outra pá carregadora. Já estávamos cumprindo a liminar naquilo que foi determinado e agora liberamos além dos 70% da coleta. E nesta segunda-feira (30) não fomos nós que paralisamos tudo, foi a própria população", alegou.
Em entrevista à TV Gazeta, Marcos Alexandre da Silva, o presidente do Sindirodoviários, afirmou que o sindicato dos trabalhadores está tentando uma solução. "Nós estamos tentando buscar uma solução com o sindicato patronal há bastante tempo, mas eles não sentam conosco para tentar negociar e resolver o impasse", disse.
Demandada sobre a participação no acordo firmado, a Prefeitura de Vitória (PMV) informou, às 20h50, que nesta segunda (30), no período da manhã, saíram cinco caminhões próprios do município e um caminhão da empresa terceirizada para a coleta de lixo na capital. "Já no período da tarde, após uma rodada de conversa com os grevistas, ficou acordado que oito caminhões sairiam para a coleta, que segue até às 3h para atender todos os bairros. Em relação à coleta seletiva, as associações conveniadas foram liberadas a realizar a coleta diretamente nos condomínios. Além disso, dez carretas vão limpar a Unidade de Transbordo em Resistência", disse em nota.
Também nesta segunda-feira (30) a Justiça do Trabalho expediu uma nova decisão a respeito da greve dos motoristas de caminhões de limpeza urbana do Espírito Santo. De acordo com o texto, a desembargadora Sônia das Dores Dionísio Mendes, determinou uma multa diária de R$ 5 mil por descumprimento do acordo de manter 70% das atividades de coleta de lixo, além de expedir um mandado de condução pela polícia dos dirigentes do sindicato até a delegacia.
De acordo com a decisão, a multa de R$ 5 mil deve ser computada desde 12 de novembro - dia de início do movimento grevista, ou seja, o montante chega a R$ 95 mil reais nesta segunda-feira (30). O texto diz que a multa deve ser aplicada enquanto houver o descumprimento do acordo da aplicação dos 70% das atividades de coleta de lixo, ou até que o Sindicato dos Rodoviários, que representa a categoria dos motoristas, prove que está respeitando o acordado.
A desembargadora ainda expediu um mandado de condução à polícia dos dirigentes do sindicato. Com isso, a polícia terá que conduzir os membros da entidade para a delegacia onde será "lavrado" um termo circunstanciado. Além das partes envolvidas, a desembargadora encaminhou a decisão também para a Procuradoria-Geral do Estado, ao chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda, e ao Secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho.
O Sindicato dos Rodoviários tem um prazo de cinco dias para defesa, de acordo com o texto. A reportagem tentou contato com a defesa da entidade, mas as ligações não foram atendidas. Este espaço está aberto para manifestação e a matéria será atualizada assim que um posicionamento for recebido.
A paralisação dos motoristas dos caminhões que fazem a limpeza urbana na Grande Vitória completa uma semana nesta segunda-feira (30). A categoria reivindica reajuste de salário. A paralisação, que começou no dia 12 de novembro e chegou a ser suspensa, foi retomada na última segunda-feira (23).
Para reduzir a quantidade de lixo gerada e os transtornos decorrentes da falta de coleta, as prefeituras da Grande Vitória têm usado equipamentos próprios para fazer o recolhimento. Mesmo assim, a medida não tem sido suficiente em vários bairros onde o acúmulo de lixo está sendo inevitável.
A Prefeitura de Vitória foi demandada, mas enviou uma nota somente após a publicação da reportagem, às 20h50. O município informou as ações realizadas pela administração para tentar amenizar os impactos da greve dos motoristas de limpeza urbana na capital e que dez carretas vão limpar a Unidade de Transbordo em Resistência. O texto foi atualizado.
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