Sem dinheiro suficiente nem tempo para enfrentar a burocracia do banco, o agricultor Cézar Kuster precisou achar uma solução criativa para conseguir melhorar o próprio trabalho e decidiu arriscar os conhecimentos em mecânica para construir seu próprio veículo, uma espécie de minicaminhão. O resultado deu tão certo que ele usa o automóvel há quase três décadas na lavoura em Domingos Martins e até já vendeu outros exemplares para conhecidos da Região Serrana do Espírito Santo.
O primeiro dos automóveis foi construído no final da década de 1990, na tentativa de substituir uma tobata — espécie de minitrator utilizado na agricultura. Para dar vida à criação, o criador usou um chassi de Kombi e um motor Toyama de 30 hp usado e a diesel, na época comprado por R$ 1 mil.
Para quem não entende muito do assunto, Cézar explicou que a tobata é dirigida por meio de um guidão específico e costuma chegar somente a 20 km/h. "Já o que fiz tem um volante comum e deve chegar a quase 50 km/h. É muito mais fácil de dirigir e mais rápido e econômico, porque é levinho", garantiu.
Nascido e criado na roça, o agricultor usa o minicaminhão diariamente na lavoura, de onde saem mais de 100 sacas de café por ano e dezenas de caixas de banana toda semana. No entanto, da propriedade em São Miguel só saíram cerca de 20 unidades do automóvel ao longo das últimas décadas.
"Não tenho interesse de fazer para vender, porque mexo com uma porção de coisas e não dá tempo. Fiz para solucionar um problema meu, para mim. Quando o pessoal vem e pede, às vezes eu faço. Até hoje só fiz para algumas pessoas que eu conheço, aqui da nossa região mesmo", explicou Cézar.
Depois da primeira aventura dar certo, Cézar Kuster decidiu se arriscar uma segunda vez e agora está feliz com o que apelidou de "tuk tuk": um veículo parecido com o mini caminhão, mas que possui apenas uma roda dianteira — e que, segundo ele, conseguiu ser ainda melhor que o antecessor.
"Eu fiz tem uns três meses para testar, mas hoje se eu for fazer, faço outro com três pneus, porque ele é mais curto que o outro e a gente consegue 'curvar' mais com ele. Ele dá um pouquinho mais de trabalho, por causa da instalação da direção, mas vale a pena", comentou o criador.
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