Certamente você já disse ou já ouviu alguém falar que há pessoas com "sangue doce" para os mosquitos. Mas será que isso é mito ou verdade? Atrás dessa resposta, a reportagem de A Gazeta ouviu especialistas, que esclarecem existirem fatores que facilitam a escolha das "vítimas" por esses insetos. No entanto, eles garantem que o sabor do sangue delas em nada interfere na seleção para o ataque.
Os mosquitos são então mais atraídos por certas pessoas com base em critérios como o cheiro da pele, a transpiração e a emissão de gás carbônico. Segundo o biólogo Daniel Gosser Motta, esses insetos contam com antenas, que captam no ar o conjunto de odores emitidos por cada pessoa e esse conjunto varia de acordo com o indivíduo.
Daniel explicou que os mosquitos se alimentam de néctar e da seiva das plantas. Ele disse que somente as fêmeas sugam o sangue de humanos e de outros animais de sangue quente (homeotérmicos), para a maturação dos seus ovos. "Entre esses animais, estão os mamíferos e as aves. Os répteis, peixes e anfíbios não são alvo por terem 'sangue frio', são heterotérmicos, já que não têm um mecanismo interno que regule a temperatura corporal", disse.
O biólogo, professor e mestre em Botânica Kelvin de Jesus Leite também explica que a preferência dos mosquitos por algumas pessoas não é mera coincidência. "Os motivos são variados, mas possuem relação, principalmente, com exalação de gás carbônico, suor, temperatura corporal, cores de roupas, consumo de bebidas alcoólicas, entre outros que precisam ser mais estudados, entre eles o tipo sanguíneo", explicou.
Confira a lista de fatores que diferenciam o cheiro de cada pessoa:
Os mosquitos são atraídos pelo gás carbônico eliminado durante a respiração, sendo que pessoas que estão se exercitando, por exemplo, se tornam alvos mais fáceis. "Adultos, obesos e grávidas são mais atrativos para mosquitos, pois exalam uma quantidade maior", disse Motta.
Os mosquitos captam as temperaturas elevadas no corpo, que indicam maior circulação de sangue no local. Por isso, tendem a picar menos as palmas das mãos e as solas dos pés, pois são regiões menos aquecidas e capilarizadas.
Segundo o biólogo Kelvin de Jesus Leite, as cores mais escuras, como o preto, atraem mais os mosquitos, devido ao maior contraste com o horizonte. "Temos cores mais vivas no horizonte e o preto acaba chamando atenção", explicou.
Segundo o professor Leite, em pesquisa publicada no "Journal of Medical Entomology", cientistas observaram que os mosquitos escolhem as pessoas com sangue tipo O duas vezes mais que nas pessoas com sangue tipo A. "Segundo os pesquisadores, esse comportamento está relacionado às secreções que produzimos, que ajudam aos insetos a identificarem nosso tipo sanguíneo", contou.
O nosso suor contém várias substâncias, entre elas o ácido lático, sendo atrativo para os mosquitos, explicou o biólogo Daniel Motta.
De acordo com Motta, estudos encontraram uma relação entre o consumo de cerveja e a atratividade aos mosquitos, sugerindo que pessoas que apreciam a bebida deveriam estar mais suscetíveis às picadas de mosquitos.
Além do já conhecido repelente para mosquitos, para diminuir a quantidade de picadas de mosquitos é recomendado que as pessoas tomem banho e evitem se exercitar perto da hora dormir. "Sabemos que os repelentes dermatologicamente testados e inseticidas de aerossol ajudam a afastar os insetos. Isso acontece porque os repelentes mascaram o odor natural da nossa pele, afastando os mosquitos", afirmou Motta.
Hidratantes corporais também podem ser usados, mas, segundo o biólogo, o cheiro permanece na pele por menos tempo. "Quanto aos repelentes caseiros, como o manjericão, cravo da índia, citronela, andiroba e o alho, que são comumente utilizados como repelentes naturais, não existem evidências científicas da qualidade sobre esse assunto", concluiu.
Já para Leite, pesquisas apontam que as marcas de repelentes que possuem a substância 'DEET' (nome comum da "N,N-Dietil-m-toluamida") são os mais eficazes do mercado. "É possível verificar a presença no rótulo dos produtos. Quanto maior a concentração, maior será a eficácia. Entretanto, deve-se tomar cuidado com a concentração para utilização em crianças, para isso, um médico especialista deverá ser consultado", afirmou.
Além disso, para o professor, uma substância conhecida como icaridina, oriunda da pimenta e que está em alguns repelentes comercias, tem se mostrado muito eficaz contra o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, o Aedes Aegypti. "Os repelentes à base de óleos naturais, são boas opções, frutas cítricas, citronela, coco, soja, eucalipto, cedro, gerânio, hortelã ou erva-cidreira, por exemplo. Mas, em geral, são muito voláteis. Por isso, na maior parte dos casos, têm um efeito de curta duração", finalizou.
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