Quem passou próximo à Terceira Ponte na tarde deste sábado (26) conferiu uma imagem "sinistra": homens vestidos de laranja, pendurados sob o vão da construção, como se estivessem praticando rapel.
Na verdade, os "esportistas radicais" eram profissionais trabalhando em uma manutenção preventiva, focada na estrutura de concreto dos pilares, prática também conhecida como alpinismo industrial. Fotógrafo de A Gazeta, Vitor Jubini passava pelo local e registrou imagens dos trabalhadores na ponte.
A manutenção da estrutura da Terceira Ponte prevê a retirada de, no mínimo, 80 amostras a cada inspeção, realizada em periodicidade alternada.
O material recolhido é levado para análise em laboratório. Esse trabalho preventivo, desenvolvido pela Rodosol (concessionária que administra a construção), dobrou a previsão de vida útil da ponte de 50 para 100 anos.
Dizer isso não é afirmar que a estrutura da ponte estaria comprometida com 50 anos de vida. Essa previsão indica o momento em que seria necessário realizar intervenções de manutenção corretivas mais significativas. O trabalho preventivo dobrou essa expectativa para 100 anos, explica o diretor-presidente da Rodosol, Geraldo Dadalto.
Poucas pessoas sabem, mas os ensaios e procedimentos realizados nesta manutenção tornaram-se referência nacional, despertando interesse de engenheiros e pesquisadores de todo o País, que vêm ao Estado para conhecer o trabalho.
Vanildo Nascimento, supervisor responsável pela operação "radical", explica a dinâmica da ação. "Hoje, trabalhamos com dois profissionais com prática em alvenaria para fazer a manutenção de três pórticos. Essa técnica exige organização. Montamos o material de trabalho 24 horas antes, para que a Terceira Ponte não precisasse ser fechada. Subimos por baixo, pelo lado de Vitória, como se estivéssemos fazendo rapel mesmo", explica, dizendo que trabalha com alpinismo industrial desde 2010, fazendo manutenções em vários estados.
"Sempre me perguntam se eu tenho medo (de cair). Claro que sim (risos). O sentimento é necessário para esse tipo de trabalho, pois ele faz com que você tenha mais atenção e organização no material que vai ser usado. Agora, pânico é outra coisa... Ai, não rola. Seria melhor procurar outra profissão", brinca.
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