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Aluna do ES passa em Medicina, mas precisa de 'vaquinha' para estudar

Aluna do ES passa em Medicina, mas precisa de 'vaquinha' para estudar

Débora Fernanda de Souza, de 19 anos, é de São Gabriel da Palha e foi aprovada em Medicina em duas universidades públicas, uma na Bahia e  outra no Rio Grande do Sul

Publicado em 4 de abril de 2022 às 16:38

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 Débora Fernanda de Souza, de 19 anos, de São Gabriel da Palha, foi aprovada em medicina em universidades fora do ES
Débora Fernanda de Souza, de 19 anos, de São Gabriel da Palha, foi aprovada em medicina em universidades fora do ES. (Acervo pessoal)

Para a realização de um sonho, uma jovem está contando com ajuda especial. Débora Fernanda de Souza, de 19 anos, de São Gabriel da Palha, no Noroeste do Espírito Santo, é a primeira de sua família a ter a oportunidade de ingressar no ensino superior. E ela foi aprovada em duas universidades públicas para cursar Medicina — curso bastante concorrido, mas ambas instituições de ensino ficam fora do Estado e a estudante não tem condições financeiras de ir. Para ajudá-la nessa conquista, diretor e professores da escola estadual Ceemti Governador Gerson Camata, onde ela estudava, estão fazendo uma vaquinha para arrecadar dinheiro.

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A Medicina sempre foi um sonho para mim, mas ouvi muito que quem não tem dinheiro não consegue, e por um tempo desisti. Achei que não era para mim, mas sempre estava no meu coração

Débora Fernanda de Souza
Estudante
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Foi a partir do segundo ano do ensino médio, em 2019, que Débora resolveu ignorar os comentários e ir atrás da profissão dos seus sonhos. Na escola estadual Ceemti Governador Gerson Camata ela estudava em tempo integral. “Sempre foi uma aluna muito dedicada e interessada. Quando não estava estudando, estava com um livro na mão”, lembra a professora de Matemática Elaine Cristina Moreira.

O último ano na escola foi um desafio ainda maior com o início das restrições devido à pandemia da Covid-19. Na casa onde Débora mora com a mãe, a catadora de recicláveis Maria Iracema Teixeira de Souza, de 41 anos, e a irmã caçula Késsia Radja de Souza Pereira, de 16 anos, no bairro Mirante, a família não tinha acesso à internet.

 Débora e a irmã mais nova Késsia Radja de Souza Pereira, de 16 anos
Débora ao lado da irmã caçula Késsia Radja de Souza Pereira, de 16 anos. (Acervo pessoal)

Ela precisava ir à escola a cada 15 dias para pegar as atividades, até que a família conseguiu instalar a internet e Débora passou a estudar pelo celular. Em 2020, a jovem tentou pela primeira vez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não conseguiu ser aprovada no curso que queria. Ela não desistiu, e, após concluir o ensino médio no ano passado, continuou estudando por conta própria.

Aspas de citação

Foi difícil, eu estudava de segunda a sábado por conta própria, e também no domingo quando precisava. Fazia três redações por semana. Treinava o tempo da prova

Débora Fernanda de Souza
Estudante
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Ela precisou administrar o tempo do estudo também com um trabalho em meio período para ajudar a família. A mãe trabalhava como empregada doméstica, mas ficou desempregada. “Comecei a trabalhar em uma loja depois que terminei os estudos. Mas ainda conseguia dedicar um bom tempo para estudar. Fazia um cronograma todo dia das 7h até as 11 horas”, relata.

Foi com essa dedicação que Débora obteve 730,98 pontos na prova do Enem e foi aprovada na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), optando pela instituição baiana. A conquista não foi somente dela, mas de toda a família.

“Foi uma alegria muito grande para mim, e, principalmente, para minha mãe. Também era o sonho dela fazer Medicina, mas ela sempre trabalhou na roça e não tinha condições de estudar”, disse Débora, que é a primeira da família a ir para uma universidade. “Sou a primeira. A maioria dos meus familiares não terminou nem o ensino fundamental”, comentou.

Mas, para sair do Espírito Santo, a jovem precisa de ajuda financeira. A notícia chegou até a professora Elaine, que se solidarizou com a história de Débora. “A mãe dela entrou em contato comigo e contou que esse era um sonho dela, e também da família. Então eu disse que iria apoiar”, afirmou a docente, que resolveu pedir ajuda também ao diretor da escola, João Paulo Gusmão, sugerindo que fizessem uma “vaquinha” para arrecadar o dinheiro necessário.

“Visitamos lojas do comércio da cidade e todo mundo ficou muito tocado, se comprometendo a ajudar. Queremos passar nas outras lojas para pedir novamente”, conta o diretor. “Uma estudante carente, que sempre contou com os recursos da escola, nunca fez um cursinho particular e conquistou isso. Ela merece”, afirma a professora.

Débora começa a estudar somente no segundo semestre. Ela já fez a etapa online da matrícula, mas a partir de abril, precisa ir à Bahia para concluir atapa presencial e garantir a vaga na universidade. “Eu e minha mãe vamos. Só os custos de passagem e alimentação dessa primeira viagem dá cerca de R$ 1,5 mil”, diz. Mas é com esperança que ela conta os desafios. “Eu não desisto não, e se Deus quiser vou conseguir”.

COMO AJUDAR?

Doações podem ser feitas através do Pix da estudante (CPF: 161.223.557-39).

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