Diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o pequeno Calleb, de 3 anos, até há um ano tinha dificuldade de fazer atividades que são comuns para crianças. Ir ao parquinho, brincar na praia, ouvir música, e até o barulho do carro o assustava. Foi em uma sala sensorial implantada na creche que ele frequenta, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, que ele ganhou um espaço que o ajuda a superar os medos.
As salas sensoriais são espaços voltados para o público de educação especial, que apresentam dificuldades motoras e de aprendizagem. No município, os locais são equipados com brinquedos e materiais que trabalham os sentidos de crianças de 0 a 5 anos.
Ao todo já são 11 salas sensoriais nos centros de educação, os CEIMs, em Colatina e cerca de 200 alunos atendidos. A ideia é estimular e preparar os alunos para atividades dentro e fora da escola.
“Nós percebemos que as crianças autistas ou que têm alguma sensibilidade, chegam à escola com dificuldades de comportamento a até no manuseio de objetos. O objetivo das salas é fazer com que essas crianças se desenvolvam, e que quando chegue no coletivo, na sala de aula, com os colegas, elas possam fazer as mesma atividades”, explica a assessora pedagógica, Nilceia Chiarelli.
O pai de Calleb, o estoquista Paulo Roberto Pereira, conta que o filho era muito sensível a barulhos. O menino chegava a se esconder quando a família tocava alguma música dentro de casa.
A realidade da família mudou depois que ele passou a frequentar a sala sensorial implantada em uma creche, no bairro Bela Vista, desde maio do ano passado. “Música é uma das coisas que ele mais gosta hoje em dia. Se colocar música para tocar precisa parar todo mundo e dançar com ele. Ele ama música”, conta o pai, orgulhoso da evolução do filho
A iniciativa das salas sensoriais existe no município desde 2017, mas foi no ano passado que ganhou reforço por meio parceria que possibilitou a criação de mais ambientes para a educação especial.
A sala que Calleb frequenta foi aberta em maio de 2022 e atende cerca de 18 alunos. O atendimento no local é feito de forma individual e com acompanhamento de profissionais. As crianças passam cerca de 30 minutos no local, de duas a três vezes por semana. O que tem sido suficiente para contribuir na evolução delas.
O planejamento das atividades é feito por professores, que conta com o apoio de estagiários, das áreas de pedagogia e psicologia, com orientação da supervisora do centro educacional e de uma equipe especializada, que faz todo o acompanhamento do trabalho, sempre mantendo um diálogo permanente com as famílias dos alunos.
“Essas salas são muito importantes, principalmente para crianças de 0 a 3 anos, que estão em um período de descobertas dos sentimentos e dos sentidos. Tudo que é trabalhado agora, nós sabemos que lá na frente nós teremos uma criança bem desenvolvida, capaz de interagir com outras crianças no meio em que ela vive, e resolver situações problemas”, afirma a diretora escolar Mônica Vasconcelos Melo.
Para os pais de Caleb, as salas oferecem espaço e recursos que muitos pais, assim como eles não podem oferecer em casa para os filhos.
“Eu e minha esposa trabalhamos e não temos muito tempo para fazer esses estímulos para que ele perca o medo. Às vezes chegamos em casa cansados, ele já estava dormindo. A sala ajudou muito nisso, porque no período que ele está na escola para que ele perdesse esses medos e pudesse evoluir”, afirma.
Como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o “abril azul”.
O mês foi proposto para dar visibilidade ao tema e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas com o transtorno.
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