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Alunos do Ifes fazem protesto silencioso pela volta das aulas presenciais

Alunos do Ifes fazem protesto silencioso pela volta das aulas presenciais

Instituto afirma que vem implantando desde agosto um modelo de ensino flexível com retomada escalonada das aulas, mas calendários não são unificados nos 21 campi

Publicado em 22 de outubro de 2021 às 14:55

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Alunos do Ifes assistem aulas remotas no pátio do cmo
Alunos do Ifes assistem aulas remotas no pátio em protesto . (Divulgação)
Jaqueline Vianna
Repórter / [email protected]

A demora para a retomada das aulas presenciais do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) vem causando uma insatisfação crescente entre os alunos. Desde a última segunda-feira (18), alguns estudantes estão assistindo as aulas, que estão ainda no modo virtual, no pátio do campus Vitória. A intenção é mostrar que é possível a volta do ensino dentro da sala de aula.

“Desde junho estão falando que a gente vai voltar, mas chega o prazo e eles adiam. De duas semanas para cá, aumentou nossa indignação diante da falsa expectativa que criam na gente. Dito isso, resolvemos organizar esse protesto pacífico e organizado para mostrarmos que não queremos bagunça, queremos aula. Não consigo mais ver qualidade no ensino que defendo ser público, gratuito e de qualidade”, diz Henrique Schultz, aluno do terceiro ano do curso de Mecânica.

Alunos do Ifes fazem protesto silencioso pela volta das aulas presenciais

O movimento é silencioso, mas vem ganhando força. Começou com 20 alunos, aumentou para 50, e agora são 200 estudantes só em um grupo do WhatsApp. Eles se revezam no protesto para evitar aglomeração. No perfil do movimento chamado “Volta Ifes”, criado no Instagram e com a primeira postagem nesta sexta (22), já são mais de 950 seguidores.

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“Estamos crescendo e ganhando voz, antes reclamávamos com o coordenador do curso, mas entendemos que não adianta, nossas vozes precisam ir mais longe, já que são decisões de nível nacional

Henrique Schultz
Aluno do terceiro ano do curso de Mecânica
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“Começamos com os alunos de Vitória, mas há uma insatisfação também nos outros campi. Aqueles que moram mais longe têm mais dificuldade de fazerem o mesmo tipo de protesto, só que nas redes, a adesão vem crescendo com eles também. Nossa intenção, no primeiro dia do protesto, era permanecer dentro da sala de aula, mas fomos impedidos de ficar por não haver professor no local, então estamos assistindo as aulas do pátio, mesmo não tendo cadeiras para todos, e crescendo nas redes”, explica Bruno Pichamone, aluno do terceiro ano do curso Eletrotécnica.

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Tem uma normativa que diz que servidores públicos não devem trabalhar se tiverem comorbidade ou mais de 60 anos, então, se eles não quiserem trabalhar, simplesmente não vêm para a escola. Não existe nenhum outro trabalhador no Brasil que está recebendo salário mesmo sem trabalhar

Bruno Pichamone
Aluno do Ifes
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O movimento também agrega pais de alunos, que se sentem revoltados. “É um absurdo! Eles não querem voltar com as aulas presenciais, pois são regidos por regras de funcionários públicos federais e têm estabilidade. Todo mundo pode voltar presencial, mas os funcionários públicos federais têm regalia. Pode ser legal, mas é imoral. Estão tirando a possibilidade desses alunos de entrarem numa universidade boa. É muito revoltante, tiraram o sonho de alunos que foram exemplares durante todos os anos anteriores. Muito triste!”, diz Mindla Correa, mãe de aluno do segundo ano de Eletrotécnica.

“Temos relatos de alunos sem motivação, isso tem nos aborrecido bastante. Quase todos já voltaram, até a balada está de volta, e os alunos não podem estudar. Não conseguimos entender o motivo”, complementa Fernanda Canali, também mãe de aluno do curso de Eletrotécnica.

IFES: MODELO COM RETOMADA GRADUAL COMEÇOU EM AGOSTO

O Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) informou que vem implantando desde agosto um modelo de ensino flexível em seus campi, conjugando atividades pedagógicas presenciais e não presenciais para os estudantes. O modelo de ensino foi regulamentado na instituição pela Portaria n.1.119/2021 e implementado a partir da deliberação do Conselho Superior, no final do mês de julho deste ano.

Conforme a decisão do Conselho, os meses de agosto e setembro foram destinados a uma transição, com a priorização de aulas para as turmas finalistas e para as aulas práticas de campo e de laboratório. A partir de outubro, foi previsto o retorno escalonado dos estudantes. Cada campus definiu a organização da transição, de acordo com o seu calendário acadêmico vigente, e está cuidando da comunicação aos estudantes sobre o passo a passo.

Também por meio da assessoria, a pró-reitora de Ensino do Ifes, Adriana Pionttkovsky Barcellos, explica que os calendários não estão unificados, no momento, pois cada campus planejou as atividades neste período de pandemia de acordo com suas particularidades. Assim, existem diferenças de datas na retomada das atividades presenciais entre os campi, já que o segundo semestre letivo não teve início no mesmo momento para todos.

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Os nossos cursos têm características diferentes. Alguns têm mais aulas práticas do que outros, e mesmo dentre essas aulas, algumas puderam ser adaptadas e outras não. Isso fez com que alguns cursos pudessem ter mais carga horária ministrada como atividade não presencial, enquanto outros não puderam avançar tanto

Adriana Pionttkovsky Barcellos
Pró-reitora de Ensino do Ifes
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DESAFIOS DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA

Adriana relembra que o Ifes enfrentou desafios postos pela pandemia com uma constante avaliação do cenário de forma a reorganizar o ensino da melhor forma possível. “Com o anúncio do estado de calamidade pública e da necessidade de isolamento social, fomos levados à paralisação das atividades letivas, em março de 2020, enquanto estudávamos um formato possível de ser implementado. Regulamentamos as APNPs – Atividades Pedagógicas Não Presenciais, em maio de 2020. Elas foram necessitando de alterações e ajustes para um melhor aproveitamento com o alargamento do período da pandemia”. 

No segundo semestre  do ano de 2020, os campi iniciaram o atendimento presencial aos alunos finalistas, para que pudessem concluir seus cursos, e foi instituído o período de transição. “O plano mais uma vez ficou prejudicado pelo patamar que a pandemia tomou a partir do mês de março de 2021. Foi necessário suspender as atividades presenciais com as turmas finalistas até o final do mês de julho. Com o avanço da imunização e a estabilização dos casos no Estado, definimos pela transição entre as atividades pedagógicas não presenciais e o retorno presencial durante os meses de agosto e setembro e o retorno gradual e escalonado a partir do mês de outubro, que é a fase em que nos encontramos agora”, explicou a pró-reitora.

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