Desde a retomada das atividades presenciais do setor de Educação, a partir de 14 de setembro nas faculdades, um total de 183 estudantes e 465 profissionais tiveram Covid-19 no Espírito Santo. Os dados referem-se às unidades da rede estadual e da particular, da educação básica ao nível superior.
Os números, apresentados em coletiva nesta sexta-feira (13) pelo secretário estadual da Educação, Vitor de Angelo, são da plataforma Escola Segura. Trata-se de uma ferramenta on-line criada pelo governo do Estado para receber todos os dados sobre casos suspeitos, descartados e confirmados nas instituições de ensino, além da avaliação de suspensão de aulas presenciais e demais informações que possam ser relevantes para o gestor no contexto pandêmico.
A retomada das atividades presenciais foi autorizada pelo governo de maneira gradual, condicionada à adoção de protocolos de biossegurança, como readequação dos espaços para manter o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas. Depois das faculdades, as escolas particulares foram liberadas para reabrir no dia 5 de outubro e, no dia 13, as unidades da rede estadual.
Vale observar que as escolas municipais, apesar de autorizadas, não retornaram às aulas. A maioria dos municípios já decidiu retomar as atividades presenciais somente em 2021.
Sobre a rede estadual, Vitor de Angelo disse que, quando observado o universo de 36 mil alunos (15% do total da rede) que frequentam as atividades presenciais, os 26 que tiveram a doença representam apenas 0,07%.
Outra observação do secretário refere-se ao corpo de profissionais da rede pública de ensino. Atualmente, dos 14 mil trabalhadores, 13 mil estão atuando presencialmente; o restante faz parte do grupo de risco para a Covid-19. Desses que voltaram para a escola, 300 servidores foram infectados pelo coronavírus, o equivalente a 2,3%.
"Não desprezando o significado de ter sido positivado em uma pandemia, mas do ponto de vista estatístico, são percentuais muito baixos, tanto de alunos quanto de profissionais, neste primeiro mês. Isso mostra também que nada indica que a escola é vetor de propagação da Covid-19. Pelo contrário, nos leva a uma reflexão para o futuro, sobre os protocolos de abertura e fechamento das atividades, incluindo a educacional", ponderou Vitor de Angelo.
Este é um levantamento preliminar, mas, para o secretário, com dados mais densos, será possível pensar em políticas públicas de abertura e fechamento. Um exemplo dado por ele é se, no caso de uma segunda onda da doença, as escolas serão fechadas novamente, e reabertas por último. Ou, então, se as demais atividades serão suspensas e só as instituições de ensino mantidas em funcionamento.
Outro ponto que chamou a atenção nos dados é que, inicialmente, os alunos não estariam transmitindo para professores, na visão do secretário da Educação.
"Pelo que temos, o número de alunos tende a zero. Assim, não parece se sustentar que alunos na escola, e seus comportamentos, transmitiam para os professores que estariam positivados em grande números. Não temos grandes percentuais, e não temos indicadores de alunos transmitindo para alunos e professores", apontou.
Sobre o comparativo entre as redes, Vitor de Angelo falou que, ao analisar as instituições privadas, é possível perceber que o número de estudantes positivados constitui 55% do número total de professores infectados, ao passo que, nas escolas estaduais, o índice é de 8,6%, ou seja, quatro vezes menor. Mas o secretário ressaltou que essa diferença não significa que as escolas particulares não estejam bem preparadas.
"Na minha compreensão, os dados mostram que, não apenas há preparação eficiente das escolas públicas estaduais neste período em cumprir os protocolos, mas também que talvez fatores externos ao ambiente escolar podem estar impactando nas instituições privadas. Não como escola, mas como grupo social que frequenta aquele local", analisou Vitor de Angelo.
Em relação ao inquérito e ao censo escolar, dois levantamentos que o governo faz sobre a Covid-19 nas instituições de ensino, ainda não há dados.
As equipes do inquérito escolar estiveram em 13 cidades, e o censo está sendo realizado em todos os municípios capixabas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Contudo, após um mês de aulas presenciais autorizadas, os estudos não estão concluídos.
"Tivemos atraso da coleta, atraso no processamento dessas coletas, em especial nos municípios de Serra e Cariacica que representam 15% desse total. Por isso, não temos as informações dos resultados para a prevalência da doença na comunidade escolar ainda", explicou Luzi Carlos Reblin, secretário da Saúde em exercício, durante a coletiva.
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