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Alunos e professores relatam como foi o 1º dia de retorno às escolas no ES

Alunos e professores relatam como foi o 1º dia de retorno às escolas no ES

Após sete meses suspensas, as atividades presenciais foram retomadas nas unidades da rede estadual na manhã desta terça-feira (13), com rígido protocolo sanitário que proibia, por exemplo, interação entre alunos

Publicado em 13 de outubro de 2020 às 22:01

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Alunos do Colégio Estadual durante a saída no primeiro dia de aula após meses sem aula por causa da pandemia de coronavirus
Alunos do Colégio Estadual durante a saída no primeiro dia de aula após sete meses de atividades suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus . (Carlos Alberto Silva)

Salas de aula quase vazias, pouca interação e muitos protocolos sanitários a serem seguidos. O primeiro dia de retorno às aulas presenciais do Ensino Médio, na rede pública estadual, nesta terça-feira (13), foi marcado pela preocupação com a contaminação pelo novo coronavírus, mas também pela ansiedade e alegria do reencontro com os colegas.

A retomada das atividades presenciais nas escolas da rede estadual ocorre sete meses após a suspensão, ocorrida em março, por decreto do governador Renato Casagrande, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. As unidades da rede privada foram autorizadas a voltarem com as aulas no último dia 5. Os municípios também receberam a mesma autorização, mas cada cidade está decidindo o que fazer.

Na manhã desta terça-feira (13), entre os poucos alunos que compareceram às escolas, os que esperavam ter um pouco mais de interação foram surpreendidos com o controle sanitário que eliminava qualquer atividade de grupo, como futebol e festa. “No recreio, quando alguns colegas se aproximavam um pouco mais, para conversar, as pedagogas se aproximavam e orientavam a manter o distanciamento”, relatou Isadora Moreira Gomes, 15 anos, aluna do 1º ano do Ensino Médio da EEEM João Loyola, na Serra.

Na unidade em que Isadora estuda, era preciso medir a temperatura, usar álcool nas mãos, máscara e até foi utilizado um tapete para a limpeza dos pés. Na sala dela, dos 20 alunos aguardados, apenas 8 apareceram. “Em outras turmas foram ainda menos. Teve sala em que não foi ninguém”, conta.

O que não a surpreendeu, uma vez que em grupos de aplicativo de mensagens eles já tinham comunicado que a maioria não retornaria. “Me senti segura na escola, mas o ambiente estava estranho. A maioria dos meus amigos não retornou. Fui para saber como seria o retorno, mas vou optar por permanecer em casa”, relatou.

Na mesma escola, outra que retornou às atividades foi a Késia Mariana da Silva, 17 anos, que também cursa o 1º ano do Ensino Médio. Cansada do ensino remoto, ela pretende seguir com as aulas presenciais até o encerramento do ano letivo. “Na minha sala, que tem 40 alunos, foram 8. Mas não vou desistir. Estou cansada do ensino remoto. Aprendo melhor com as aulas presenciais e me senti segura na escola com as medidas de segurança adotadas”, contou.

Já Vitória Rigo, que estuda na mesma escola e está no 2º ano do Ensino Médio, está agendada para retornar na próxima semana. Mas já optou por ficar no ensino remoto. “Tenho asma e minha família está preocupada. Vou permanecer no remoto. Tenho estudado e respondido a todos os deveres on-line”, explicou.

Não foi diferente com Estefany Brito da Silva, de 16 anos, aluna da EEEM Clovis Borges Miguel, na Serra, que apesar de estar agendada para retornar às aulas presenciais nesta terça-feira (13), ainda não decidiu se volta e hoje não compareceu à unidade. “Estou conversando com minha família. Não fui hoje porque estava preocupada. Prefiro aulas presenciais, dá para aprender mais, mas ainda não decidi o que fazer”, relatou.

Stefany Lima Santos, 16 anos, aluna da EEEFM João Loyola, na Serra
Stefany Lima Santos, 16 anos, aluna da EEEFM João Loyola, na Serra. (Arquivo pessoal)

Outra que também decidiu não retornar às aulas presenciais é Stefany Lima Santos, 16 anos, também aluna da  EEEM Clovis Borges Miguel, na Serra.  Apesar de não gostar do ensino remoto, ela acha mais seguro no momento. "Tenho familiares em grupo de risco", relata.  Mas destaca que a distância dos colegas e professores,  a falta de interação e o aprendizado é sempre o estímulo a aulas presenciais. "A aprendizagem não é a mesma", conta.

PREOCUPAÇÃO ENTRE OS PROFESSORES

Os professores se mostraram preocupados e a maioria avalia que o melhor teria sido postergar o retorno presencial até o próximo ano, para evitar riscos de contaminação pelo novo coronavírus.

Segundo Antônio Barbosa, professor de Sociologia, menos de 10% dos alunos compareceram às aulas na EEEM Alzira Ramos, em Rio Marinho, Cariacica. Como a opção de poderem se manter no ensino à distância, muitos alunos preferiram não retornar à escola.

Teve sala, segundo ele, com 4 alunos. “É um clima diferente. Os alunos vêm com uma expectativa, mas se deparam com muitas restrições do protocolo sanitário e se frustram. Não podem mover as cadeiras, precisam estar distantes, não podem trocar material, tudo o que envolve interação está proibido. É difícil para eles. Ainda temos um clima de insegurança em relação à doença”, explica.

Neste primeiro dia, o professor de Sociologia conta que boa parte das preocupações dos alunos girava em torno da possibilidade de reprovação.

Pedro Moreno Barbosa Sant’anna, professor de inglês da EEEM Fernando Duarte Rabelo, classificou como tímido o retorno dos alunos na manhã desta terça-feira (13). “Na minha sala tinha entre 5 a 10 alunos, quando o previsto no rodízio seriam 15”, conta.

O dia, conta ele, foi marcado por uma mistura de sentimentos. A saudade dos alunos e professores, o receio com a doença, a preocupação com o futuro, o alívio de ver os colegas bem. “Sem poder interagir, todo mundo com máscara e distante, mas pelo menos foi possível matar a saudade”, conta, observando ainda que alguns alunos ficaram decepcionados ao perceberem que não poderia ter festa, futebol. “Ficaram desapontados”, relata.

Nesta quarta-feira (14), o professor de Geografia Manoel Flávio Ribeiro Duarte retoma suas atividades presenciais no Ensino Médio da EEEFM São João Batista, em Cariacica. Um retorno marcado por preocupações por avaliar que ainda não é o momento diante das inseguranças oferecidas pela Covid-19.

Observa que mesmo com os protocolos de segurança, muitos jovens vivem em casa com pessoas idosas e com comorbidades. “Em uma enquete, as famílias relataram que a retomada das aulas presenciais, agora, é prematura e temerária. Poderíamos aguardar condições sanitárias mais seguras”, pondera.

Donato Timotheo Alves de Faria Júnior, que atua na mesma unidade em Cariacica, lecionando para o Ensino Fundamental II, se prepara para retomar aulas presenciais em 15 dias. Já decidiu que sua filha, que cursa o 3º ano do Ensino Médio, vai se manter no ensino remoto.

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Ele destaca ser contra o retorno presencial, neste momento. “O setor educacional deveria ser o último a retornar às atividades. O prazo até o final do ano não resolve o problema da educação. Estamos vivenciando um ano perdido. Um ano que o mundo inteiro perdeu. Poderíamos permanecer pelo menos este ano da maneira como estamos, on-line, e no próximo ano voltarmos de forma escalonada, com o presencial. Ainda é muito arriscado”, pondera.

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