Alunos de uma escola pública em Morada de Santa Fé, no município de Cariacica, estão sem aulas de matemática desde o final de fevereiro. Considerando que o ano letivo na rede estadual começou no dia 2 daquele mês, isso significa que a disciplina só foi devidamente aplicada durante três semanas.
O problema – que já dura quase quatro meses – acontece na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Hunney Everest Piovesan. A ausência de professor ainda é agravada pelo fato de os estudantes prejudicados serem do 3º ano do colegial, ou seja, estarem em ano de vestibular.
É o caso da Luiza Rocha, de 17 anos. "Estamos sem aula de matemática desde o recesso do Carnaval. Não sei dizer tudo que já perdemos, mas sei que teríamos visto trigonometria, estatística e análise combinatória. Já procuramos a direção do colégio diversas vezes, mas não adiantou", diz.
Diante da possibilidade de ingressar em uma universidade em breve, a estudante pensa em fazer Moda ou Jornalismo, mas sente que o caminho até lá está ficando cada vez mais difícil. "Até quem faz cursinho está ficando atrasado, porque não entende a matéria. Prejudica todo mundo", reclama.
Como forma de protesto, alunos da escola deixaram de responder perguntas de uma avaliação que aconteceu nessa quinta-feira (4) e o caso ganhou proporção nas redes sociais. Para tentar resolver o problema, Luiza chegou a ir até a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), junto da mãe.
Assistente administrativa, Claudia Rodrigues lembra que a filha começou o ano animada. "É um ano que eles estão cheios de expectativa, pensando no futuro e em conquistar sonhos... muitos alunos até mudam a história da família por meio da faculdade, mas, agora, tudo está diferente", desabafa.
Sem professor de matemática há mais de três meses, ela diz que a adolescente vem perdendo o ânimo. "É muito desgastante. Como acerta na prova se não teve uma aula no último trimestre? O nosso sentimento, como pais, é de indignação, e o pior é que não tem previsão de normalizar", reclama.
Sem condições de pagar por uma escola particular para a Luiza e depois de tentar resolver o caso internamente ao setor de educação, a família decidiu procurar A Gazeta. "É complicado. O que mais podemos fazer? Já pensamos até em colocar faixas no colégio. Uma hora isso vai precisar mudar."
"Primeiro, precisa contratar o professor e, depois, vai precisar repor aula, mas também sabemos que não vai ser possível suprir o que já foi perdido, porque foram três meses sem aula. Talvez terão que colocar classes aos sábados e sacrificar os alunos, mas vai ser para o bem deles", sugere.
Por meio da Superintendência Regional de Cariacica, a Secretaria Estadual de Educação (Sedu) informa que "já autorizou contrato emergencial para suprir as vagas dos professores" visto que "várias chamadas de profissionais aprovados em processo seletivo foram feitas", mas a vaga seguiu sem ser preenchida.
"As novas contratações para as aulas de matemática foram necessárias porque a antiga professora foi convocada pela Justiça para participar de júri popular. A unidade de ensino ressalta que, durante esse período, os alunos continuaram tendo atividades pedagógicas e revisão de conteúdos."
Na nota enviada, a Sedu afirma que "o profissional do turno matutino já assumiu" – o que diverge do que relata as entrevistadas. Sendo assim, a pasta foi novamente questionada por A Gazeta. Assim que um novo esclarecimento for prestado, este texto será atualizado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta