Incentivadora da cultura, generosa, compromissada com as questões sociais, gentil e intuitiva. Essas foram algumas das características destacadas por amigos de Maria Alice Paoliello Lindenberg ao lamentar a morte da jornalista, aos 87 anos, na madrugada desta quinta-feira (15). Ela esteve à frente da comunicação institucional da Rede Gazeta por 30 anos.
O maestro titular da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo, Helder Trefzger, destacou que a dona Maria Alice, como era conhecida, sempre foi uma grande apoiadora da cultura e, muito especificamente, da Orquestra Sinfônica. O regente lembrou que ela costumava acompanhar as atividades dos músicos.
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“Maria Alice acompanhava nossas atividades no dia a dia, queria saber dos resultados e acompanhava de perto cada conquista com carinho e incentivando. Foram mais de 20 anos de convivência, e só me lembro da generosidade, gentileza e atenção que nos dava. Uma tristeza grande nos acomete com a perda de uma pessoa grande para a cultura e as artes”, disse o maestro em depoimento ao Bom Dia ES.
Helder Trefzger lembrou ainda que dona Maria Alice ajudou demais em um período difícil de consolidação da Orquestra, para consolidar o público. “Ela colocou a estrutura da Gazeta para a orquestra, acompanhava e queria ver o resultado. A minha história foi ao lado de Maria Alice, uma pessoa especial e fundamental para a orquestra sinfônica. Estendo minhas condolências ao Café, à Letícia e aos netos."
O amigo e jornalista Chico Neto trabalhou com Maria Alice na Rede Gazeta e a descreve como uma pessoa de extrema importância para a cultura do Estado.
“Tínhamos uma grande amizade. A gente criou o Caderno 3. Na função dela, Maria Alice ajudou muito a desenvolver a fonte cultural de Vitória. Ela tinha um compromisso com as questões sociais e culturais do Espírito Santo e isso até marcava muito o trabalho dela. Além disso, a jornalista era uma pessoa muito intuitiva, sabia quando as coisas não dariam certo. Sempre podíamos contar com a opinião dela. Perdemos uma grande amiga."
O designer e curador Ronaldo Barbosa era amigo de Maria Alice há 56 anos. Eles se conheceram quando o profissional fazia sua primeira exposição, aos 16 anos, na Aliança Francesa de Vitória. Barbosa comentou que ela era uma pessoa muito curiosa em relação às artes.
“Ela tinha um afeto grande com a arte contemporânea, uma cabeça aberta para novas gerações, novas propostas. Sempre que queria saber o que tinha de novo, quem eram os artistas que estavam despontando. Maria Alice foi uma consultora importante desde a criação do Museu Vale, em 1998, do qual eu era curador. A reputação do espaço foi conquistada com a ajuda dela ”, relembrou com carinho.
Barbosa também lembrou que dona Maria Alice foi uma pessoa pioneira na comunicação institucional do Estado. “Ela estava sempre presente nos eventos culturais, fácil de lidar, uma mulher à frente do seu tempo. Vai fazer muita falta”, comentou.
Outra amiga de Maria Alice era Odely Fontana, de 93 anos. Ela relembra que havia época em que as duas saíam para jantar todos sábados no Taurus, mas Maria Alice também frequentava a loja de Odely, o Porão de Palha.
“Éramos muito amigas e uma amizade de anos, cultivada ainda da época do Cariê Lindenberg (1935-2021). O que fica de importante dessa passagem dela é ter sido uma pessoa sempre educadíssima, admirada. Vai deixar muita saudade. Foi a primeira notícia que eu soube hoje e já rezei por ela.”
Maria Alice era frequentadora e amiga do cabeleireiro Abimar Mendes, de 63 anos, do Studio Mendes. A equipe do salão relata que Maria Alice era, sobretudo, uma pessoa discreta.
“Além da questão da beleza, ela era muito vaidosa, não gostava de ficar com cabelo branco, e queria estar bem e elegante, especialmente quando estava mais ativa. Vinha periodicamente ao salão e queria se mostrar bem. Conversávamos muito sobre viagens, nossa paixão, que acabou por estreitar os nossos laços de amizade. Era muito querida pelas clientes, que perguntavam sempre sobre ela. Nossa amizade tem mais de 25 anos e começou quando eu voltei da França", relembra Mendes.
Uma das mais antigas amigas de Maria Alice, Penha Lima Corrêa, de 86 anos, apresentou uma outra vertente de Maria Alice: a “Mará”, apelido que recebeu ainda na juventude. As duas estudaram juntas no Colégio Estadual, quando faziam o científico — antiga nomenclatura para o que hoje é ensino médio de formação geral.
"Éramos amigas desde solteiras, estudamos juntas, formamos um grupo. Chamávamos a ela de Mará. Maria Alice sempre foi uma pessoa assim muito querida e muito, muito acessível, inteligente, e boa. Nós tínhamos uma diferença de idade, não éramos da mesma classe, mas da mesma escola, na qual fizemos juntas o curso clássico. Não consigo enumerar apenas um momento bonito da nossa amizade [foram vários]".
Com o tempo, acabaram se afastando, até por questões de saúde e da própria vida. Para Penha, “Mará” era uma pessoa maravilhosa, simples, com um grande coração.
"O que fica de legado é a fidelidade, em todos os sentidos. Essa é uma coisa que emana do coração, da consciência. Isso vai me marcar sempre, estará sempre presente na minha vida, ainda que diante da tristeza da partida."
O velório será realizado nesta quinta-feira, das 14 às 17 horas, no cemitério Parque da Paz, na Ponta da Fruta, em Vila Velha. Em seguida, o corpo será cremado em cerimônia restrita à família.
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