Muito conhecido e querido por todos, o professor de educação física Joaquim Alberto de Oliveira, de 60 anos, morreu neste sábado (27) vítima das complicações da Covid-19. Ele foi internado no dia 16 deste mês em um hospital de Vila Velha, tendo ficado intubado por quatro dias, mas não resistiu.
Em sua homenagem, uma grande carreata que reuniu amigos, alunos e familiares foi realizada neste domingo (28), indo desde a escola onde ele trabalhou por mais de 30 anos, a São Camilo de Lellis, até o cemitério Parque da Paz, na Ponta da Fruta, em Vila Velha. O cortejo contou com mais de 100 carros. Veja o vídeo:
Pai de dois filhos, avô de dois netos e casado com Maria Salleti de Oliveira, de 61 anos, Joaquim também foi um verdadeiro "paizão" para os alunos, diz o filho Lucas Rocha Oliveira, de 29 anos.
"Papai sempre foi um cara muito família, com uma paixão muito grande pelo trabalho também, basicamente era o que resumia ele. Dentro do trabalho, ele se encontrou muito rápido sendo professor. Muitos alunos dizem também que se inspiraram nele e tudo mais, foi um paizão para a galera toda aí fora", afirmou.
Para Lucas, o pai deixa apenas coisas boas: "Guardo a preocupação com o próximo, de perguntar se precisava de alguma coisa, de estender a mão, tanto ao pessoal daqui quanto o de Itaperuna (RJ), terra natal dele. Ele sempre foi presente para a mãe, os irmãos, os amigos. Agora ele deixa o sentimento na gente de tentar passar para frente um pouco do que ele era, de passar todo o amor que ele tinha, em especial para os netos, que eram o xodó dele. E que a gente possa continuar sendo feliz, que é a forma como ele sempre gostou de nos ver e para isso nunca mediu esforços. Ser criado por ele foi um privilégio, só posso agradecer".
Nascido em Itaperuna, no Rio de Janeiro, em 29 de agosto de 1960, Joaquim veio para Vila Velha no dia 16 de fevereiro de 1986. Aqui fez muitos amigos, dentre eles Almir Moreira Neto, de 45 anos, diretor da escola São Camilo.
"Joaquim foi professor da escola por mais de 30 anos. Este momento é de dor, dificuldade. Eu tenho 45 anos e o conheço há 31 anos. Ele foi meu professor no Nacional, quando eu então estava chegando no ensino médio. Dali em diante fizemos uma amizade. Ele foi trabalhar na escola São Camilo e eu fui fazer o curso de Biologia. Sabendo disso, ele conversou com os diretores à época e foi ele que, em 1998, me chamou para integrar o corpo de professores", disse Moreira Neto.
De acordo com o diretor, Joaquim gostava de passar aos alunos a importância não só da educação, mas da formação humana, enquanto cidadãos. "E eu fui aluno, colega de trabalho e tínhamos uma parceria. Hoje participei da cerimônia de despedida dele, um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Fizemos homenagem para alguém que merecia e que contribuiu demais. O professor Joaquim mudou a vida de muitas pessoas e eu me incluo nesta legião", afirmou emocionado.
Outro grande amigo do professor de educação física foi Ronaldo Mangueira Vicente, também colega de profissão. "Eu sou amigo de Joaquim há mais de 33 anos, o tempo que trabalhamos juntos. Ele foi um exemplo de professor de educação física, considerado o melhor por seus alunos e para mim. Ele não ensinava o esporte, fazia dele uma lição de vida ou uma lição para a vida. Esse era o diferencial", iniciou.
Para Ronaldo, Joaquim foi um incentivador, além de um exemplo por ser uma pessoa correta e que não se abalava, sempre lutando para fazer a escola crescer levando o esporte como ferramenta de educação.
"Deu aulas para gerações, mantendo a disciplina, e sempre sendo um homem de ações corretas. Foi professor de futsal e assim gostava de ser chamado, porque para ele professor é diferente de treinador, não formando o aluno para ser só um bom jogador e sim para ser um grande atleta para a vida", acrescentou Vicente.
Ao ser informado sobre a morte de Joaquim, Ronaldo contou que entrou em choque. "E tive uma ideia, o que eu poderia fazer para diferenciar esta despedida? Já que sabia dos protocolos da Covid e tantos alunos iriam querer se despedir do 'grande mestre'. Lembrei do passeio ciclístico que fizemos há uns 15 anos atrás, juntando aproximadamente mil participantes. Fui às redes sociais e convoquei os ex-alunos, professores e pais. O resultado foi emocionante, com mais de 100 carros no cortejo", relatou.
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