Análises do sistema de esgoto capixaba podem revelar informações inéditas sobre a pandemia do novo coronavírus no Espírito Santo. Realizado em parceria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com o Governo Estadual, o estudo tem como objetivo verificar em quais redes o vírus está presente e aprofundar o conhecimento sobre a disseminação.
Conforme anunciado na entrevista da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) desta segunda-feira (13), o levantamento é semelhante a outros já realizados no país e no mundo. No entanto, o trabalho ainda está na fase de coleta e análise de dados. Por isso, ainda não há uma data para que as primeiras avaliações sejam divulgadas.
Em maio deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) divulgou os resultados iniciais das análises de presença do novo coronavírus no esgoto de Niterói, no Rio de Janeiro. Dos 12 pontos de coleta, havia a presença do respectivo material genético em cinco; e outras duas fases estão em andamento.
Responsável pela pesquisa, a especialista defendeu que esse tipo de monitoramento da circulação do novo coronavírus fornece informações para as equipes de vigilância em saúde. Ou seja, permite otimizar o uso dos recursos públicos e fortalecer medidas de combate à pandemia.
Com a detecção da presença do novo coronavírus nos sistemas de esgoto, surge a dúvida se é possível contraí-lo por meio das fezes. Na época, Marize Miagostovich esclareceu que ainda não há evidências científicas de que a Covid-19 possa ser transmitida desta forma, como acontece com a Hepatite A, por exemplo.
Na tentativa de obter mais informações a respeito, alguns estudos, de acordo com a BBC, apontaram que o novo coronavírus pode permanecer no esgoto até cinco semanas após a recuperação dos infectados. O lado positivo é que alguns sistemas de tratamento seriam capazes de eliminar a presença dele.
Nesse sentido, uma eventual confirmação da possibilidade de transmissão por via oral-fecal seria preocupante para o Brasil e o Espírito Santo. Em um levantamento divulgado no segundo semestre do ano passado, quase metade da população do Estado ainda não tinha acesso ao saneamento básico.
Segundo uma reportagem da BBC, pelo menos 15 países já realizaram estudos para verificar o novo coronavírus nos esgotos locais e um dos pontos que chamaram atenção é a presença dele nas redes semanas antes dos primeiros casos oficiais. Na Espanha, por exemplo, a diferença entre os fatos foi de 41 dias.
Em território brasileiro, um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) observou cenário semelhante no Estado, onde a existência do novo coronavírus foi detectada em amostras congeladas de esgoto a partir do final de novembro. Os dois primeiros registros oficiais aconteceram apenas em março.
Procurada por A Gazeta, a Ufes informou que professores do departamento de engenharia ambiental estão colaborando com duas pesquisas, cujos objetivos é colaborar para a compreensão de como o novo coronavírus circula no Estado, a partir da presença dele na rede de esgoto Estadual.
Financiado com recursos da própria universidade, o primeiro estudo usará amostras de esgoto doméstico e ainda está na fase de aquisição dos materiais de análises. Já o segundo, que está em fase inicial, utilizará amostras de esgoto hospitalar e conta com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
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