A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus para o Espírito Santo reduziu de 1,14 para 0,74. Mas como ela se refere a semana até o dia 21 de dezembro, o índice não chega a captar os efeitos das aglomerações e da maior interação durante as festas de Natal e da virada do ano.
Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), explica que há uma janela de 14 a 21 dias para se ter repercussão de determinados eventos nos indicadores epidemiológicos.
O que significa que os reflexos das aglomerações do final de 2020 só devem começar a aparecer nas estatísticas a partir da segunda semana de janeiro deste ano. “E mesmo na semana após o Natal e o ano-novo ainda não iremos perceber os possíveis desdobramentos da interação. É preciso uma janela de 14 a 21 dias para a manifestação de um possível contágio”, explicou.
Um exemplo desta situação, segundo Lira, foi o que ocorreu no feriado de setembro. Na semana do dia 7 de setembro, o Rt foi de 0,69, uma das mais baixas desde o início da pandemia, decretada em 11 de março. Mas a partir daí, ela foi apresentando crescimento e os efeitos da interação do feriado começaram a ser sentidos nas semanas seguintes.
A mesma redução do Estado também foi observada na taxa da Grande Vitória, que caiu de 1,11 para 0,55.
O quadro também se repetiu na Rt do interior do Espírito Santo, que vinha se mantendo em alta nas últimas semanas, e que reduziu de 1,16 para 0,85.
Também simbolizado por Rt, o "ritmo de contágio" é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus. Para que a doença pare de avançar de forma rápida, o Estado tenta manter os indicadores abaixo de 1.
A taxa de transmissão acima de 1 significa que 100 indivíduos infectados podem passar a doença para outras 100 pessoas. com taxa abaixo de 1 (0,74), cada 100 indivíduos infectados podiam infectar cerca de 74 pessoas. Em abril de 2020, por exemplo, a taxa chegou a 3,44. Ou seja, 100 infectados eram capazes de transmitir o vírus para mais de trezentas pessoas.
A preocupação com o crescimento da Rt decorre das interações e aglomerações que ocorreram no final do ano, com destaque para algumas cidades, como em Guarapari, onde a Polícia Militar chegou a atuar para acabar com festas clandestinas. “A gente sabe que houve muita interação em alguns locais, flexibilizaram o uso da máscara, aglomeraram, sobretudo no final do ano”, destaca Lira.
Mas a proximidade de fevereiro e de outro grande feriado, o Carnaval, é outro fator preocupante, principalmente por ele estar mais próximo de um possível retorno das aulas presenciais. “Precisamos continuar vigilantes com os cuidados na mitigação da transmissão da Covid-19, sem promover aglomerações, até a vacina chegar”, assinala.
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