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Antes de morrer, engenheiro perguntou sobre freio de tirolesa no Morro do Moreno

Antes de morrer, engenheiro perguntou sobre freio de tirolesa no Morro do Moreno

Acidente teria acontecido nos primeiros 100 metros do trajeto. Vídeo foi postado no Instagram do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis

Publicado em 3 de maio de 2021 às 11:56

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Crea faz vistoria em tirolesa no Morro do Moreno, onde um homem morreu após acidente
Tirolesa no Morro do Moreno, onde engenheiro morreu após acidente no sábado (01). (Divulgação/Crea)

Um vídeo publicado na rede social mostra que antes de descer, João Paulo Sampaio dos Reis, de 47 anos, perguntou a um funcionário da tirolesa como funcionava o sistema de freio do equipamento. Após a descida, um acidente tirou a vida do engenheiro na tarde do último sábado (1º), no Morro do Moreno, em Vila Velha.

Pelas imagens, é possível perceber que a filha de João Paulo e uma amiga descem a tirolesa. Enquanto as adolescentes fazem o percurso de cerca de 500 metros, o engenheiro trava o seguinte diálogo com o profissional que comanda o equipamento:

João Paulo: A descida mesmo então é de lá pra lá, né?

  • Funcionário: Exatamente. Tá tranquilo.

JP: Mas aqui não deixa descer direto não?

  • - Não. Impossível.

JP: É?

  • - Porque aqui quem freia sou eu. Sem a corda aqui, chegar lá, você pode quebrar um pé.

JP: É, lá não tem sistema de segurança.

  • - No outro tem, já aqui quem freia é 'a gente'. Vai tranquilo... aí lá já é automático na segunda parte. Lá você vai livre, ninguém segura, não.

CAUSA DO ACIDENTE AINDA É INVESTIGADA

De acordo com o gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Giuliano Battisti, o acidente que matou o engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis aconteceu nos primeiros 100 metros da tirolesa.

Ao todo, a atividade tem cerca de 500 metros de percurso e três bases: a de partida, a intermediária e a de chegada. "Segundo testemunhas, a vítima teria colidido com a estrutura da segunda plataforma. Se isso aconteceu, precisamos entender o sistema e como ele permitiu que isso acontecesse", comentou.

Apesar disso, ainda não é possível afirmar quais foram as causas do acidente. Uma equipe do Crea esteve no local do acidente neste domingo (2), e também na manhã desta segunda-feira (3). Um das hipóteses é a de que pode ter havido um problema em um primeiro freio, que controla a velocidade de descida da tirolesa. O Crea busca entender se essa frenagem era controlada por um equipamento ou por uma pessoa.

"Este sistema é composto de duas etapas. A primeira etapa que tem uma base entre 100 m que vai até a segunda. Existe uma velocidade que tem que ser controlada para que não ocorra uma velocidade excessiva até a segunda base. Nos causa um pouco de estranheza os relatos que houve um impacto, uma colisão. Segundo informações, o João Paulo colidiu com essa segunda base. Se essa colisão de fato ocorreu, a gente quer verificar se realmente existia uma frenagem, se essa redução de velocidade era feita, de fato, por um equipamento ou por uma pessoa", afirmou Battisti em entrevista à TV Gazeta nesta segunda (3).

POLÍCIA CIVIL INVESTIGA O CASO

Por nota, a Polícia Civil apenas informou que o caso seguirá sob investigação "para uma melhor apuração dos fatos" e que aguarda o resultado da perícia realizada na tirolesa. "Outras informações não serão repassadas para preservar a apuração do incidente", concluiu.  Polícia Civil não informou qual será o prazo para a perícia do acidente ser concluída.

Crea faz vistoria em tirolesa no Morro do Moreno, onde um homem morreu após acidente
Equipe do Crea fez vistoria em tirolesa no Morro do Moreno, onde engenheiro morreu após acidente. (Divulgação/Crea)

O ACIDENTE: O QUE SE SABE ATÉ AGORA

Engenheiro mecânico, João Paulo Sampaio dos Reis, de 47 anos, levou a filha e uma amiga dela para aproveitar a vista do Morro do Moreno, em Vila Velha, na tarde de sábado. As duas desceram antes na tirolesa. Na vez dele, um acidente fez com que ele morresse ainda no local.

"Essa vítima estava de barriga para cima, arroxeada, com as pupilas dilatadas e com um trauma no lado esquerdo da face. Após os trabalhos periciais, o cadáver foi levado até o topo do Morro do Moreno e entregue à Polícia Civil", detalhou a tenente Andressa, do Corpo de Bombeiros. O resgate durou cerca de quatro horas.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Após a publicação da reportagem, a empresa responsável pela tirolesa enviou uma nota de esclarecimento nesta segunda-feira (3). Veja abaixo na íntegra.

Prestamos total solidariedade à família, estamos todos de luto.

Estamos aguardando o resultado da perícia para sabermos tecnicamente o que de fato aconteceu, pois todos os procedimentos de prevenção são tomados durante a operação de ancoragem e descida até o destino final com segurança, tanto que em quase 2 anos nenhum incidente aconteceu. Todos os equipamentos de proteção individual para atividade são regulamentados por normas internacionais, devidamente certificados com CE – Certificação Europeia, e UIAA, que é uma certificação que outorga ao equipamento de montanhismo, escalada, alpinismo, rapel, e tirolesa, o cumprimento de normas de segurança internacional,

Nossos instrutores passam por um treinamento de operação dado pelo engenheiro responsável pela implantação da tirolesa, conhecedor das normas da ABNT, e a tirolesa nos dias de funcionamento é avaliada por um grupo de gestão em segurança com vídeo dos conectores, lacres, que conectam no tracionamento de sustentação e ancoragem ao sistema da tirolesa, desde o backup da ancoragem de engate, até o sistema de acionamento de freios.

O senhor João Paulo foi até a tirolesa com uma filha e uma amiga da filha, de forma que a filha de aproximadamente 14 anos desceu primeiro, participando da atividade com total segurança e tranquilidade, demonstrando o bom funcionamento da tirolesa, logo em seguida desceu a amiga, também de aproximadamente 14 anos, que também atestou a segurança e tranquilidade da atividade e do sistema, mas fatalmente ocorreu o infortúnio com o Senhor João Paulo, e muito embora as menores atestaram a segurança do sistema, pois desceram logo antes do Sr. João Paulo com segurança e tranquilidade, infelizmente algum fortuito ocorreu durante a descida do Senhor João Paulo.

Os sócios e organizadores da tirolesa estão muito abalados, sofrendo muito com o ocorrido, e prestam os presentes esclarecimentos, inclusive já estão sendo realizados todos os procedimentos para o contato com a família do Senhor João Paulo, prestando as condolências, bem como apresentando a apólice de seguro que cobre acidentes pessoais e óbitos, seguro este obrigatório como condicionante para o funcionamento da atividade esportiva.

Foi realizado todo o procedimento de RCP – massagem torácica cárdio respiratória, e APH – Atendimento Pré Hospitalar, uma vez que nossos instrutores são treinados para tais procedimentos, eis que foi retirado o equipamento da tirolesa, cadeirinha de descida e equipamento de EPI do Sr. João Paulo, para facilitar o procedimento pré-hospitalar RCP, APH e outros procedimentos técnicos visando desobstruir as vias respiratórias.

Em nenhum momento houve alteração da cena da ocorrência, mas sim, foram feitos os procedimentos protocolares visando resgatar e preservar os sinais vitais até a chegada do socorro acionado.

Em momento nenhum foi negado a entrega do material que compõe o equipamento de descida da tirolesa, que envolve todo equipamento de proteção individual, pois a todo o momento a preocupação sempre foi com o resgate e preservação dos sinais vitais do Sr. João Paulo, até a chegada do socorro acionado. Foi acionado o grupamento aéreo, o SAMU, Bombeiros, para o resgate. Todas as condolências são prestadas à família do Sr. João Paulo.

EMPRESA: "ESTAMOS EM LUTO"

Na madrugada deste domingo (2), por meio das redes sociais, a empresa responsável pela operação da tirolesa do Morro do Moreno lamentou o corrido e afirmou que ainda não tinha conseguido o contato da família. No texto, também afirmou que aguardava a perícia para saber a causa do acidente.

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