Maria da Penha Santos Paracatú, de 46 anos, que teve o corpo localizado no último sábado (21) em uma mata, em Alfredo Chaves, havia mandado um áudio para a família, que considerou muito suspeito. Esse foi o último contato da mulher com os familiares antes de ter sido morta pelo ex-companheiro, que confessou o crime.
Em entrevista à repórter Bruna Hemerly, da TV Gazeta Sul, a filha da vítima, Mônica dos Santos, contou que, dias antes da mãe desaparecer, achou o áudio enviado por ela muito estranho. “A gente recebeu um áudio muito suspeito que ela teria ido para o Rio de Janeiro, conhecido um rapaz, mas a gente desconfiou porque nesses áudios tinha muito o nome do ex-namorado dela”, disse.
Para Mônica, falar no nome do ex foi uma pista. “Que era ele que teria levado ela para algum lugar, porque ela jamais sairia sem dar satisfação, para gente era uma mãe muito carinhosa, muito amorosa com a família. Ela nunca abandonaria os filhos”, explicou.
Questionada sobre como era o relacionado da mãe com o homem, a filha disse que não havia violência física, mas sim psicológica.
Segundo o delegado Sebastião Caetano, a mãe já havia dito à filha que estava tendo problemas com o ex-companheiro. “Que ele a estava ameaçando, até por conta de uma dívida. E se acontecesse alguma coisa com ela, o responsável seria ele”, pronunciou.
Diante disso, e após o desaparecimento da vítima, a polícia começou a fazer investigações e chamou o individuo para ir à delegacia e contar o que houve.
Ademais, o homem afirmava que não tinha contato com Maria da penha há mais de uma semana e não sabia o que teria acontecido. “E aí nós percebemos que ele estava mentindo o tempo todo, uma vez que havia várias ligações dele para ela e dela para ele”, disse o delegado.
Com o tempo, a suspeita em relação ao homem foi aumentando. Ele foi chamado para depor novamente, porém, continuou mentindo. Até que, com o avanço das investigações, a polícia descobriu que o suspeito era um morador antigo do interior de Alfredo Chaves. “Pelas informações técnicas, no dia primeiro, ele teria ido para a região. O telefone da Maria também estava na região”, comentou Caetano.
A polícia, então, continuou insistindo que o homem estava mentindo. “Até que ele viu que estava encurralado, não tinha mais como mentir, e acabou por confessar que teria dado uma facada nela e jogado o corpo numa mata próximo a uma casa abandonada. Ele conhecia bem a região”, informou.
O delegado Sebastião Caetano define o ex-companheiro de Maria da Penha como frio e calculista. E demonstrava muita indiferença ao relatar os fatos, como no momento de mostrar onde o corpo estava. De acordo com Caetano, ele só apontou o dedo.
“Pedimos a direção do presídio para que liberasse o detento para que ele fosse indicar o local, porque sem a presença dele para indicar esse local dificilmente seria encontrado. O local era tão fechado, uma mata fechada e úmida, 50 dias depois o corpo ainda estava bem preservado”, contou o delegado.
O homem era pedreiro e não tinha passagem pela polícia.
Para a polícia, o homem alegou que a vítima vivia pedindo dinheiro a ele. “E como ele sabia que ela agora tinha arrumado um outro parceiro, ele estava receoso se o parceiro faria alguma coisa contra ele”, emitiu o delegado.
Para Sebastião Caetano, essa explicação é o meio de defesa dele. “Na verdade ele matou friamente por ódio dela ter o abandonado”, destacou.
Os dois ficaram juntos por dois anos e meio e estavam separados há cerca de seis meses. “Mas de vez em quando ele a procurava. O motivo desse feminicídio foi em razão de ele ter descoberto agora, recentemente, que ela estava com outra pessoa”, apontou o delegado.
Maria da Penha dos Santos Paracatú estava desaparecida desde o dia 1º de dezembro de 2022. Ela foi vista pela última vez em uma rua próxima ao local onde morava, no bairro Novo Horizonte, em Iconha.
Segundo as investigações, ela teria saído para quitar uma dívida de R$ 400 reais que tinha com o ex-companheiro.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima foi morta com golpes de arma branca e jogada em uma mata fechada da zona rural de Alfredo Chaves. O autor era ex-companheiro da vítima. Segundo as investigações, o suspeito era possessivo e perseguia a vítima mesmo após o término do relacionamento.
Segundo o titular da delegacia de Iconha, delegado Sebastião Caetano, após uma extensa investigação, o autor do feminicídio foi preso no dia 26 de dezembro do ano passado, em cumprimento a um mandado de prisão temporária, no bairro Novo Horizonte, em Iconha.
Durante diligências realizadas no sábado (21), no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Marataízes, o ex-companheiro da vítima confessou o crime e levou a equipe até o local onde o corpo foi deixado.
O corpo Maria da Penha dos Santos Paracatú foi localizado em adiantado estado de decomposição na zona rural de Alfredo Chaves, divisa com Vargem Alta. Ele foi encaminhado ao Serviço Médico Legal (SML) de Cachoeiro de Itapemirim para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares.
O suspeito, segundo a polícia, responderá por homicídio qualificado cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio) e ocultação de cadáver. Ele segue preso no CDP de Marataízes.
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