Completar um século de vida com animação de menina é algo raro e motivo de gratidão, em especial, para a família da aposentada Leontina Marques. Dona do título de Miss Melhor Idade de Marechal Floriano, na região Serrana do Espírito Santo, e costureira de mão cheia, a vovó ativa e querida mostrou também ter muita vontade de viver.
Vivendo com a filha e o genro em um sítio da família para passar a quarentena, dona Leontina acabou sendo contaminada pelo novo coronavírus. "Meu pai continuava saindo para trabalhar, o que talvez possa ter colaborado para que ela fosse contaminada, mas não tem como saber exatamente. Mesmo tomando todos os cuidados, estamos todos sujeitos à essa doença", contou Ana Cláudia Nascimento, de 44 anos, neta da miss simpatia.
Dona Leontina não apresentou muitos sintomas, mas o forte cansaço e a respiração fraca chamaram a atenção da família. Ao ser levada para ao hospital, uma tomografia mostrou a gravidade da situação. No dia 13 de junho, a idosa teve que ser transferida para outra cidade e internada às pressas, no Hospital Jayme dos Santos, na Serra.
"Ela é muito esperta. Na ambulância, logo percebeu que estava sendo levada para um lugar longe e perguntou o que estava acontecendo", disse Ana Cláudia.
Já na UTI do hospital, sem poder receber visitas, logo fez amizade com uma enfermeira, a quem pediu dois favores: uma touca para proteger a cabeça do frio, como frequentemente usava em Marechal Floriano, e o um terço para fazer suas orações. Do terço, porém, ela não largou mais e todos os dias era ouvida sussurrando sua reza no hospital.
"É uma senhora de muita fé, exemplo de pessoa que já passou por várias tristezas na vida e, mesmo assim, vê o lado bom de viver. Como essa doença já levou tanta gente nova, ficamos preocupados, mas pedimos a Deus que ela superasse, e a vovó nunca desanimou, sempre nos pedia para que fôssemos buscá-la logo no hospital", lembrou a neta.
Os pedidos fervorosos da família aos céus foram atendidos. Sem problemas de saúde pré-existentes, Dona Leontina não precisou ser intubada e, passados 11 dias, recebeu alta para continuar a quarentena em casa.
"Transbordamos de felicidade em assistir a este milagre da vida. Fizemos cartazes para vovó e recebemos tchauzinhos e sorrisos dela, na porta do hospital, quando recebeu alta", contou Ana Cláudia, que se orgulha muito da avó centenária e cheia de vontade de viver ainda mais.
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