Depois de quase três semanas, o Espírito Santo voltou a registrar mais de 20 mortes causadas pelo novo coronavírus, no intervalo de 24 horas. A atualização do Painel Covid-19 desta terça-feira (13) contabilizou 21 óbitos nível que não era atingido desde o dia 25 de setembro, quando foram registradas 26 mortes.
O número chama ainda mais atenção porque neste mês de outubro, por exemplo, o maior número de óbitos em 24 horas ocorreu no dia 5, com 14 mortes. Nos demais dias variavam chegando a ter data com quatro mortes como o registrado no domingo, dia 11 de outubro. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Apesar de deixar claro que não dá para tirar conclusões em cima do número de um dia, o infectologista Paulo Peçanha acredita que o dado tenha relação com a possibilidade de represamento dos laudos devido ao feriado da segunda-feira (12), mas garantiu que, ainda assim, o número de mortes divulgado nesta terça-feira (13) deve servir de alerta aos capixabas.
Membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), Etereldes Gonçalves explicou que o aumento registrado nessa terça-feira (13) é natural. "Tem muito a ver com a data do lançamento do óbito, que aconteceu hoje; mas, não necessariamente, todas as mortes ocorreram hoje. É o que já acontece aos finais de semana", esclareceu.
Entretanto, o também professor do Departamento de Matemática da Universidade do Espírito Santo (Ufes) ressaltou que desde o dia 21 de setembro o Estado passou a manter um platô em relação à média móvel de mortes (9 por dia) e de casos (450 por dia), em detrimento de uma queda mais acentuada. "É uma notícia ruim", resumiu.
O infectologista Paulo Peçanha ressaltou que "qualquer relaxamento pode significar a volta de um aumento de casos e mortes". "As pesquisas do próprio setor público têm chamado atenção para a manutenção ou até o aumento da taxa de transmissão", completou.
Por isso, ele criticou comportamentos inadequados, que têm sido frequentemente observados no Espírito Santo. "Temos visto um descuido muito grande. As pessoas estão na praia, em festas, restaurantes e bares, sem proteção. Mesmo com a flexibilização, é preciso manter o uso das máscaras, o distanciamento e os cuidados de higiene", finalizou.
Após a publicação desta reportagem, em que a Sesa havia sido demandada mais cedo, o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, conversou com A Gazeta e confirmou que os 21 óbitos são consequência de represamentos. "Nos finais de semana já é um comportamento conhecido e no feriado também há um prejuízo de registros. Temos óbitos do feriadão, confirmações referentes à semana passada e também cinco óbitos de agosto e setembro, de um hospital que não estava notificando corretamente", detalhou.
Apesar desse número de mortes acima dos registrados ao longo dos últimos dias, o secretário garantiu que a média móvel de mortes do Estado continua dentro de um comportamento de estabilidade. "A faixa móvel permanece na faixa de oito mortes por dia. Precisamos de vários dias assim para ter aumento significativo na média móvel", concluiu.
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