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Após 3 anos "morando na boleia", caminhoneiro do ES consegue voltar para casa

Após 3 anos "morando na boleia", caminhoneiro do ES consegue voltar para casa

Em dezembro de 2020, o caminhão de Luis Carlos Mosca quebrou em uma viagem e desde então ele permaneceu ao lado do veículo. Neste tempo, recebeu ajuda de terceiros, e, enfim, pode retornar; veja esta história

Publicado em 26 de fevereiro de 2024 às 14:28

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Luis Carlos retornou para Linhares e está na casa do irmão
Luis Carlos retornou para Linhares e está na casa do irmão. (Jota Junior)

Essa é uma história de caminhoneiro. Luis Carlos Mosca, de 57 anos, é nascido e criado em Linhares, no Norte do Espírito Santo, onde tem familiares e pessoas queridas. Em uma das viagens a trabalho, em dezembro de 2020, ele foi para longe de casa, em Maceió, capital de Alagoas. Lá o caminhão dele quebrou e ele não tinha dinheiro para consertar. Foram três anos e três meses morando dentro do veículo.

Foram mais de 10 anos longe de Linhares. E finalmente, ele conseguiu retornar para a cidade de origem, depois de ter o caso levado até a internet e muitas pessoas conhecerem a história e as lutas do homem.

Ele conta que não morava no caminhão, mas sobrevivia. “Não era moradia, porque eu não tinha um endereço. Eu sobrevivia. Estava ao lado de um restaurante, que me acolheu, me dava banheiro e água. Eu fiquei no caminhão porque não tinha para onde ir, ele estava quebrado e não tinha como voltar para cá sem ele”, disse.

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Eu não tinha outro bem na minha vida, a não ser a minha própria vida. Tive três princípios de infarto, na terceira eu nem pedi socorro. Um vizinho me levou para a UPA. Estou aqui hoje

Luis Carlos Mosca
Caminhoneiro
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Veículo de Luis Carlos quebrado no Nordeste
Veículo de Luis Carlos quebrado no Nordeste. (Arquivo Pessoal)

Para passar por esse momento, ele recebeu a solidariedade de vizinhos, benefícios do governo e também trabalhou como eletricista. A publicação feita por um colega de profissão viralizou e chegou a muita gente.

O caminhoneiro era o Arnóbio Moura Cerqueira. Ele contou que viu a carreta, fez fotos e filmou. Pensou em ajudar, ao perceber que o colega estava tímido, depressivo. “Eu comecei a conversar com ele. Tirei fotos e filmei a carreta sem ele saber. Deixei salvo no telefone. Chamei ele para conversar e disse que queria ajudar. Ele estava todo tímido, depressivo, conversando baixo. Não dava para entender o que estava acontecendo.

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Deus tocou o meu coração, poderia ser eu nesse lugar, eu também sou motorista. A situação estava precária, insalubre. Coloquei na internet, mandei para uma página, que começou a divulgar. Ele começou a receber Pix. Para quem não tinha nada, qualquer coisa ajudava

Arnóbio Moura Cerqueira
Caminhoneiro
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Arnóbio ao lado de Luis Carlos no dia em que carreta foi levada para SP
Arnóbio ao lado de Luis Carlos no dia em que carreta foi levada para SP. (Arquivo Pessoal)

Depois disso, chegaram emissoras de TV e blogueiros para mostrar a situação de Luís Carlos. Ele fez questão de agradecer. Com a ajuda, também vendeu a parte do veículo que transporta a carga e aproveitou para pagar algumas dívidas. Ao fim, ele ainda ganhou uma reforma. O veículo foi levado para Campinas, em São Paulo, para todos os consertos necessários. “Recebi doações de vários equipamentos para o caminhão. Eu sou muito grato”.

Recepção com muita alegria

Com isso, foi possível voltar para Linhares. Ao chegar em casa, ele foi recebido pela alegria do irmão e da cunhada. “É maravilhoso. Ele é um pedaço de mim”, disse o irmão, o metalúrgico José Carlos de Oliveira Mosca.

A cunhada Lucimar Souza relatou que Luis é mais que um cunhado, um irmão. “Estou feliz. Ele não é um cunhado, é um irmão. A gente o recebeu com um almoço. Por mim, ele não iria embora mais”.

Os planos de Luis Carlos agora são resolver pendências legais que envolvem o caminhão. Ele deve ficar por cerca de três meses em Linhares e depois pretende voltar para a estrada. E quer também rever e se reaproximar de dois filhos, de 13 e 17 anos, que não vê desde 2018. “Uma vez me perguntaram: ‘seus filhos ou o caminhão?’. Eu disse ‘meus filhos’”, falou o caminhoneiro.

*Com informações de Isaac Ribeiro, da TV Gazeta Norte

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