Lideranças da Piedade, em Vitória, se reuniram com representantes do Governo do Espírito Santo, nessa segunda-feira (22), em uma reunião virtual para falar sobre as reivindicações da comunidade depois que a Justiça deu, na última quinta-feira (17), dez dias para que o executivo estadual e a prefeitura de Vitória apresentem um plano de ação para o bairro.
A Defensoria Pública entrou com a ação após a morte de Fabrício Almeida, de 18 anos, no dia 11 de junho, durante um ataque de criminosos no bairro. O Estado e o município então deverão apresentar medidas a curto, médio e longo prazo para o bairro dentro do programa Estado Presente.
Para o representante do Instituto Raízes da Piedade a reunião foi uma resposta ao crime com uma possibilidade da comunidade levar as demandas para os governantes, se sentir acolhida e respeitada.
Essa é a primeira vez que a gente percebe uma intencionalidade para que as nossas reivindicações deem certo, disse.
Os representantes da Piedade apresentaram demandas sociais e de melhorias da infraestrutura para atendimento à comunidade. Após a apresentação do plano de ação do governo do Estado e prefeitura, que deve ser finalizado até a próxima semana, a comunidade pretende montar um comitê local para acompanhar a implementação das ações.
A secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo, explicou que no início da gestão foi montado um grupo para pensar em políticas públicas para o bairro da Piedade, porém, em virtude de várias excepcionalidades, não foram adiante.
O secretário de Estado de Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, lembrou que apenas a atuação policial não é suficiente para afastar a criminalidade na comunidade. Para Ramalho, esse momento é crucial para mudar a história da Piedade e que lazer, iluminação pública, projetos sociais, entre outras medidas, podem colaborar para pacificar a região.
Assim que o plano de ações do governo do estado ficar pronto será feita uma nova conversa com os moradores para estabelecer prazos.
A prefeitura foi procurada sobre as ações que serão desenvolvidas no bairro. A Procuradoria Geral do Município (PGM) informou que recebeu a intimação e está em fase de análise ainda dentro do prazo para resposta. A Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória (Semcid) informou que também realizou uma reunião interna na tarde desta terça-feira para definir as ações.
A Defensoria Pública acompanha a situação dos moradores da Piedade desde o ano de 2018, quando a comunidade ficou marcada pela morte dos irmãos Ruan, de 19 anos, e Damião, de 22. Eles foram assassinados com vários tiros e, de acordo com a polícia, não tinham antecedentes criminais.
No último dia 11 de junho, os moradores presenciaram mais um ataque que resultou na morte do estudante Fabrício Almeida, de 18 anos. Uma adolescente de 16 anos, prima de Fabrício, e um amigo, também de 18, ficaram feridos no ataque.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), os três eram inocentes e não possuíam nenhuma relação com a disputa pelo tráfico de drogas que motivou o ataque.
Na última quarta-feira (17), os moradores prestaram uma homenagem às vítimas da violência na região.
De 2018 até agora, segundo informações do Núcleo de Defesa Agrária e Moradia da Defensoria Pública, já são quase uma dezena de ataques violentos à Piedade e aos morros do entorno, resultando na morte de pelo menos oito pessoas, outras quatro feridas, três casas incendiadas e 40 famílias expulsas das próprias casas.
Com informações do G1 ES
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