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Após ataque, escola de Aracruz reabre as portas a partir da próxima semana

Após ataque, escola de Aracruz reabre as portas a partir da próxima semana

Escola Estadual Primo Bitti está sendo preparada para acolher profissionais e alunos que quiserem ir ao local; haverá atendimento em saúde e policiamento. Por enquanto, não há previsão de retorno das aulas

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 17:35

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EEFM Primo Bitti
Adolescente armado invadiu escola estadual e atirou em mais de dez pessoas; três professoras morreram. (Fernando Madeira)

Após ter as atividades suspensas devido a um ataque brutal na última sexta-feira (25), que resultou na morte de três professoras, a Escola Estadual Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, vai reabrir as portas a partir da próxima semana. A unidade de ensino está sendo preparada para receber alunos e profissionais que quiserem retornar ao ambiente escolar depois da tragédia provocada por um adolescente de 16 anos, que invadiu a escola e atirou em mais de dez pessoas. 

A escola está passando por intervenções físicas, para acolhimento da comunidade escolar, e terá também uma equipe multidisciplinar da área de saúde para promover atendimento aos que assim desejarem. No entorno da Primo Bitti, assim como em outras escolas do município, haverá reforço no policiamento para aumentar a sensação de segurança de alunos, professores e servidores da Educação. A presença dos militares será diária até o fim do ano letivo.  

Essas são algumas das ações definidas em reunião da Sala de Situação, que organiza as medidas desenvolvidas nas áreas de Educação, Saúde, Segurança Pública e Assistência Social. O objetivo do grupo é auxiliar nas tomadas de decisões para dar o apoio prioritário às vítimas, aos familiares e à comunidade escolar afetados pelos atentados.

Após ataque, escola de Aracruz reabre as portas a partir da próxima semana

No total, o plano prevê quatro públicos-alvo, o primeiro deles as escolas diretamente atingidas como a Primo Bitti, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC) e a escola municipal Coqueiral, vizinha da Primo Bitti. Os outros públicos são as escolas não atingidas de todas as redes, familiares e profissionais que prestaram atendimento às vítimas do atentado.

Foram definidas que as ações serão desenvolvidas em quatro fases, tendo como referência o calendário escolar. A semana 1 vai até o dia 4 de dezembro, considerada a fase crítica, em que a escola fica sem funcionar. Nesse momento, estão sendo feitas pequenas intervenções na estrutura, como mudança da sala dos professores — local do atentado — pintura e cobertura da marca dos tiros. 

Na fase 2, que começa na próxima segunda-feira (5) e segue até 25 de dezembro, a Primo Bitti reabre e, segundo o secretário Vitor de Angelo, para quem deseja voltar caso queiram abraçar ou rever colegas. Nesse período, não estão previstas aulas. Para que os cerca de 800 alunos possam cumprir os últimos dias letivos, exigência da legislação federal para que avancem de série, serão oferecidas atividades não presenciais, nos mesmos moldes do que foi aplicado durante o período mais crítico da pandemia. 

A terceira fase vai de 26 de dezembro a 31 de janeiro, quando será definido o que vai ser feito no período de férias e o planejamento para 2023. Nessa etapa, haverá ações pensadas tanto para a escola de Aracruz quanto para o restante da rede estadual, segundo o secretário Vitor de Angelo. 

Já a fase 4 é iniciada na décima semana, começo do novo ano letivo.  A Escola Primo Bitti, conforme a singularidade do caso, deverá receber uma atenção diferenciada em 2023. 

Para quem precisar de ajuda no caso do atentado às escolas de Aracruz, foi criado um e-mail para que as demandas sejam encaminhadas: [email protected].

Participaram da apresentação dos planos os secretários de Estado da Educação, Vitor de Angelo; da Segurança Pública e Defesa Social, Márcio Celante Weolffel; da Saúde, José Tadeu Marino; de Assistência e Desenvolvimento Social, Cyntia Figueira Grillo; além das secretárias municipais de Educação, Jenilza Spinassé Morellato; de Desenvolvimento Social e Trabalho, Iohana Kroehling; e de Saúde de Aracruz, Rosiane Scarpatt Toffoli.

Confira as fases de implementação

  • FASE 1 – Semana 1: 25/11 a 04/12
  • FASE 2 – Semanas 2, 3 e 4: 05/12 a 25/12
  • FASE 3 – Semanas 5 a 9 : 26/12 a 31/01/2023 
  • FASE 4 – Semana 10 e subsequentes: a partir de 01/02/2023

Plano de ação - Fase 1

EDUCAÇÃO

  • Reorganizar o calendário escolar das unidades com atividades escolares suspensas;
  • Realizar visitas às escolas para reunião diagnóstica inicial;
  • Reunir com representantes da comunidade escolar para definição das ações relativas à Fase II;
  • Estruturar o plano de acolhimento e atendimento para retorno às atividades escolares;
  • Ressignificar estrutura física escolar

SEGURANÇA PÚBLICA

  • Priorizar policiamento nas imediações das escolas;
  • Conclusão do Procedimento que apura o ato infracional perpetrado pelo adolescente;
  • Estabelecer protocolo PRIORIDADE ALTA para atendimento às unidades escolares.

SAÚDE

  • Assistir as famílias enlutadas de forma presencial ou por teleatendimento, conforme demanda;
  • Constituir Grupo de Trabalho (GT) Técnico Intersetorial para organização das intervenções: Sesa (ICEPI, AT-RAPS, APS e Núcleo de Violência), Sede (Apoie), Setades, CRP, Semas, Semus
  • Realizar levantamento do número de pessoas diretamente atingidas;
  • Definir o Serviço de Saúde de Referência: Unidade Básica de Saúde de Coqueiral de Aracruz, Unidade Básica de Saúde na região central do município, CAPS e um componente da rede de urgência para atendimento a eventuais crises fora do horário de atendimento administrativo
  • Criar agenda para organizar ações/intervenções no curto, médio e longo prazos.

ASSISTÊNCIA

  • Reunir com os GTs da Setades, Sedu, Sesa e Sejus para alinhamento das ações; 
  • Reunir com Secretaria Municipal de Assistência Social para definição de ações relativas à Fase II;
  • Estruturar as equipes de referência da Setades para apoio ao município.

Plano de ação - Fase 2

EDUCAÇÃO

  • Retomada das atividades nas escolas;
  • Promover ações de acolhimento e socialização da comunidade escolar; 
  • Definir ações relativas à Fase III.

SEGURANÇA PÚBLICA

  • Priorizar policiamento nas imediações das escolas até o final do período letivo;
  • Investigação pela Polícia Civil para verificar a participação de outras pessoas no planejamento do ato;
  • Manter o protocolo PRIORIDADE ALTA para atendimento às unidades escolares

SAÚDE

  • Acolher, formar e orientar os profissionais que atuam nas unidades de referência para atendimento ao público-alvo;
  • Acolher coletivamente os docentes, discentes e demais trabalhadores em seu retorno;
  • Iniciar o acolhimento das pessoas diretamente afetadas, conforme levantamento realizado na Fase 1;
  • Capacitar os técnicos voluntários com a oferta de formação e definição dos locais de atendimento;
  • Desenvolver ações com foco nos trabalhadores da educação em parceria com a Vigilância em Saúde do Trabalhador

ASSISTÊNCIA

  • Visitar os equipamentos municipais da Assistência Social de Aracruz;
  • Acolher os profissionais e diagnosticar as demandas frente ao cenário vivenciado;
  • Realizar “rodas de conversa” com equipes parceiras;
  • Definir ações relativas à Fase III.

Plano de ação - Fase 3

EDUCAÇÃO

  • Definir ações relativas à Fase IV;
  • • Utilizar o espaço da escola eventualmente para atividades culturais, esportivas e lúdicas durante o período de férias escolares.

SEGURANÇA PÚBLICA

  • Realizar o planejamento de ações para o ano letivo de 2023;
  • Manter o protocolo PRIORIDADE ALTA para atendimento às unidades escolares.

SAÚDE

  • Dar prosseguimento ao cuidado em saúde mental às pessoas diretamente afetadas numa perspectiva intersetorial, individualmente e/ou em grupo;
  • Propiciar o apoio matricial em saúde mental, com discussão quanto ao manejo dos casos;
  • Desenvolver ações com foco nos trabalhadores da educação em parceria com a Vigilância em Saúde do Trabalhador.

ASSISTÊNCIA

  • Organizar atividades de convivência e fortalecimento de vínculos a serem ofertados ao público-alvo;
  • Definir ações relativas à Fase IV

Plano de ação - Fase 4

EDUCAÇÃO

  • Implementar ações definidas na Fase III.

SEGURANÇA PÚBLICA

  • Executar o planejamento e o atendimento setorizado, por meio de visitas tranquilizadoras, com policiais que fizeram curso de policiamento escolar; 
  • Realizar palestras com a gestão escolar no início do ano letivo de 2023; 
  • Manter o protocolo PRIORIDADE ALTA para atendimento às unidades escolares.

SAÚDE

  • Dar prosseguimento ao cuidado em saúde mental às pessoas diretamente afetadas numa perspectiva intersetorial, individualmente e/ou em grupo; 
  • Propiciar o apoio matricial em saúde mental com discussão quanto ao manejo dos casos; 
  • Desenvolver ações com foco nos trabalhadores da educação em parceria com a Vigilância em Saúde do Trabalhador; 
  • Realizar ações de Formação Continuada aos trabalhadores da saúde em todos os níveis de atenção.

ASSISTÊNCIA

  • Capacitar continuadamente as equipes do SUAS de Aracruz por meio do CapacitaSUAS (Curso Proteção social no SUAS a indivíduos e famílias em situação de violência e outras violações de direitos); 
  • Catalogar, avaliar e registrar das lições aprendidas no período.

Os ataques

Na manhã de sexta-feira (25), ataques foram feitos no bairro Coqueiral de Aracruz, no Norte do Estado. O atirador, um adolescente de 16 anos, fez vítimas na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti e no Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC).

Câmeras internas do circuito de segurança do colégio particular mostram o criminoso entrando na escola com uma roupa camuflada, uma máscara no rosto e uma arma em punho. Toda a ação dura cerca de um minuto. Em seguida, ele foge em um carro dourado.

Filho de um policial militar, o adolescente é ex-aluno na Escola Primo Bitti e afirmou que agiu motivado por bullying. Investigações apontam ligação dele com o nazismo. Após o ataque, voltou para casa e almoçou normalmente. Ele foi preso na própria sexta-feira (25).

Até o momento, os tiros dados pelo adolescente deixaram quatro mortos e 12 feridos, entre estudantes e professores. Além das cinco pessoas que seguem internadas, duas tiveram alta nessa segunda-feira (28). As demais vítimas foram atendidas e liberadas no próprio dia do ataque.

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