O Espírito Santo completou, nesta quinta-feira (01), 15 dias de quarentena, período marcado por medidas restritivas que têm por objetivo reduzir a circulação de pessoas no Estado. Mas apesar de todos os apelos de autoridades e especialistas, o número de contaminados pela Covid-19 segue alto e a taxa de isolamento social abaixo do esperado.
A expectativa do Governo do Estado era atingir pelo menos 50% de isolamento, o que corresponde a metade da população em casa (ou cinco em cada 10 pessoas). No entanto, essa marca só foi atingida em dois dias: nos últimos dois domingos, dias 21 e 28 de março. O índice está ainda mais longe do que o considerado ideal pelos especialistas, que seria 70% de isolamento (ou sete em cada 10 pessoas em casa).
Dados do painel de isolamento social da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostram que quando a quarentena começou, a taxa de isolamento era de 44%. Nos dias que se seguiram, o número de pessoas em casa cresceu de forma lenta e atingiu 52,91% no dia 21 de março, com pouco mais da metade da população.
Após o primeiro domingo da quarentena, no entanto, a taxa de isolamento voltou a despencar e variou ao longo da semana entre 44% e 47%, até voltar a ultrapassar os 50%. No último domingo, dia 28 de março, o Estado atingiu seu índice mais alto, 54,10%, mas a taxa voltou a cair ao longo desta semana. Nesta terça (30), apenas 46,87% dos capixabas estavam em casa.
A taxa de isolamento é medida através do deslocamento dos aparelhos de telefone celular, por isso, na visão de especialistas, é um indicador sujeito a muitas alterações. Para a epidemiologista e pesquisadora da Ufes, Ethel Maciel, o dado mais importante a se considerar é a taxa de contaminados. E esse índice, infelizmente, segue alto.
Na última terça-feira (30), o Espírito Santo voltou a bater recorde no número de pessoas diagnosticadas com Covid-19: em apenas 24 horas foram 3.532 novos casos da doença.
"O que a gente precisa observar é que não havendo mudança nos critérios de testagem, como não tivemos nessas últimas semanas, e a gente mantendo o número de novos casos por dia, isso significa que nós estamos mantendo uma transmissão ainda muito alta. Esse indicador de transmissão, de testes positivos diários, é um indicador mais preciso nesse momento. Através dele tem como pensar que em torno de 15 a 20% das pessoas contaminadas vão precisar de uma internação e um percentual desses vai evoluir para óbito, variando de faixa etária", explica Ethel.
A pressão por leitos de UTI deve seguir alta nas próximas semanas. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, a ocupação hospitalar está longe de chegar aos 80% considerados suportáveis. Ainda na próxima semana, existe a expectativa do Estado registrar a maior média móvel de óbitos de toda a pandemia.
"Nós vivemos uma situação extremamente crítica. A cada semana que passa, o Espírito Santo não estabiliza o comportamento da doença. O número de casos e de pessoas internadas continua crescendo", afirmou o secretário em coletiva de imprensa nesta semana.
A epidemiologista Ethel Maciel também não vê um cenário muito animador pela frente. "Temos pessoas ficando internadas por mais tempo. Ainda estamos com um número de casos novos muito alto, o que ainda vai se refletir em internação e óbito", avalia.
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