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Após estabilização, taxa de contágio volta a subir no interior do ES

Após estabilização, taxa de contágio volta a subir no interior do ES

Os últimos dados do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos, que correspondem à realidade da pandemia no dia 19 de fevereiro, indicam que, fora da Grande Vitória, um volume maior de pessoas  passam a ser contaminadas pelo novo coronavírus

Publicado em 12 de março de 2021 às 17:43- Atualizado Data inválida

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Festa clandestina no carnaval: denúncia de aglomeração em Guriri, balneário de São Mateus
Festa clandestina no carnaval: denúncia de aglomeração em Guriri, balneário de São Mateus. (Internauta/A GAZETA)

Após um período de cinco semanas estando abaixo de 1, apresentando já uma tendência de estabilização, a taxa de contágio do novo coronavírus voltou a crescer no interior do Espírito Santo, alcançando agora 1,04. Dentre os motivos do crescimento estão as aglomerações promovidas principalmente por jovens no Carnaval.

Após período de estabilização, taxa de contágio volta a subir no interior do ES

O ideal é que a taxa de transmissão, chamada de Rt - "ritmo de contágio" - , e que traduz o potencial de propagação de um vírus, se mantenha abaixo de 1. Acima de 1, significa que 100 indivíduos infectados podem passar a doença para mais de 100 pessoas. Em abril de 2020, por exemplo, a taxa chegou a 3,44. Ou seja, 100 infectados eram capazes de transmitir o vírus para mais de 340 pessoas.

Taxa de contágio ou transmissão da covid-19
Taxa de contágio ou transmissão da Covid-19 . (IJSN)

O levantamento, que corresponde a realidade do pandemia no dia 19 de fevereiro, - data que respeita o período de 15 dias necessários para o Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) analisar os dados -  aponta que das nove microrregiões do interior do Estado, seis delas estão com taxas superiores a 1. São elas: Central Sul (1,1), Litoral Sul (1,02), Caparaó (1,5), Noroeste (1,15), Centro Oeste (1,11) e Central Serrana (1,76). Outras três se aproximam do mesmo marco: Nordeste (0,74), Rio Doce (0,8) e Sudoeste Serrana (0,9).

A taxa de contágio do Estado está em 0,81, ainda se mantendo abaixo de 1 em função do peso da Rt da Grande Vitória - que já chegou a 0,93,  as abaixou e  está em 0,49 -, e que concentra quase a metade da população que vive em solo capixaba.

Taxa de contágio ou transmissão da covid-19
Taxa de contágio ou transmissão da Covid-19. (IJSN)

Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), avalia que embora a taxa se refira a semana de 19 de fevereiro, em seu cálculo são considerados outros indicadores que permitem atualizá-la. É o caso da Média Móvel de Óbitos (MMO) dos últimos 14 dias, que no início de fevereiro estava em 16, com tendência de queda, e que nesta sexta-feira (12), segundo dados do Painel Covid-19 do ES, está em 18, com tendência de crescimento.

Outro indicador que também é considerado na avaliação da taxa de contágio é a ocupação de leitos hospitalares que vem aumentando. Há duas semanas estava em 70% e após o meio-dia desta sexta-feira (12) já tinha alcançado 84,53%.

“Nas próximas semanas a Rt vai começar a registrar o que já estamos percebendo, um aumento da velocidade de contágio”, assinalou Lira.

MOTIVOS DO CRESCIMENTO DA TAXA

Um dos fatores responsáveis pelo crescimento do contágio são as aglomerações registradas durante o Carnaval, em várias cidades do Espírito Santo.

Como a maioria dos que delas participaram eram jovens, a chamada janela epidemiológica acaba sendo maior. Trata-se do período de tempo, que varia de 14 a 21 dias, para que se tenha repercussão de determinados eventos nos indicadores epidemiológicos, ou seja, a pessoa apresentar os sintomas da doença.

“Contando a partir da quarta-feira de cinzas, completou 21 dias em 10 de março. É uma possível explicação considerando o que ocorreu em várias cidades. Atitudes inconsequentes e que estamos agora sentindo os reflexos do impacto e com um preço bem alto a ser pago”, pondera Lira.

Outro fator importante é que estamos no período das síndromes respiratórias mais graves e que também, explica Pablo Lira, podem ajudar a pressionar os serviços de saúde. A Covid- é uma destas síndromes respiratórias.

E há ainda a pressão vinda dos estados vizinhos, que enfrentam dificuldades e cujos moradores podem buscar o sistema de saúde do Espírito Santo.

Investimento em vacina não deve ser encarado como gasto público
Brasil só tem 4% da população vacinada. (Freepik)

“Mais de 20 estados brasileiros estão em colapso ou a beira dele. Estados vizinhos estão enfrentando problemas, e podem buscar o nosso sistema de saúde, o que pode exercer uma certa pressão no sistema público. A rede privada já está sendo demandada por pacientes de outros estado”, acrescenta Lira.

Em entrevista nesta sexta-feira (12), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, informou que a vinda de pacientes de outros estados para o Espírito Santo foi suspensa.

Outro problema, aponta Lira, vem do ritmo da vacinação, bem diferente de outros países. “Brasil tem 4% da população vacinada enquanto outros países avançam mais rápido. Por falta de planejamento e gestão do governo federal, vamos pagar um preço alto. Começamos atrasados e não temos ritmo para vacinação em massa”, destaca.

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