Os familiares de detentos do sistema prisional do Estado fizeram uma manifestação nesta sexta-feira (1º) na sede do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). Após o crescimento do número de mortes nos presídios capixabas já são 10 casos confirmados, com dois óbitos as famílias dos internos estão preocupadas com as medidas para evitar o contágio dentro das prisões.
Segundo esposas de presos ouvidas pela reportagem, com a suspensão das visitas, os presos estão tendo o direito de falar com a família por telefone, em uma ligação de dois minutos, que é feita a cada 15 dias. Elas afirmam que ao abordar o assunto sobre o controle da pandemia no sistema prisional, os agentes encerram o telefonema.
"Meu esposo tem 56 anos, está em Viana e dividia cela com um dos presos que morreu. Ele não foi isolado, nem foi feito teste nele. Meu marido cometeu um erro e está pagando pelo o que fez, mas quero que ele saia de lá vivo. Não estão deixando a gente ter informações sobre a situação lá dentro", reclama uma mulher, que prefere não se identificar.
Um grupo de familiares de detentos protocolou uma súplica destinada ao presidente do Tribunal, Ronaldo Gonçalves de Souza, para que a Justiça acompanhe a situação dos internos e que, se não houver condições de manter um ambiente seguro dentro da prisão, que permita, durante a pandemia, que os detentos em grupo de risco possam cumprir pena com prisão domiciliar.
"Queremos que se tenha o mesmo cuidado com eles como se tem com qualquer outro cidadão. Os agentes tiveram o direito de ser testados, por que não testam também nossos familiares? Não queremos ter a tristeza de retirar os corpos dos nossos filhos e esposos da penitenciária. Queremos mais cuidado e mais transparência. Tem família que há 20 dias não consegue contato porque são os agentes que ligam. Se a pessoa não puder atender na hora, o detento perde a vez", afirma outra esposa de detento.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) suspendeu as visitas aos presídios. Por meio de nota, o órgão informou que autorizou a ligação assistida entre internos e familiares para manutenção do vínculo familiar.
As ligações telefônicas, que não faziam parte da rotina, estão autorizadas de forma breve e supervisionada para que o interno possa interagir com seus familiares. O contato é proativo, ou seja, a ligação é feita para o familiar, para que esse novo procedimento não interrompa ou atrapalhe demais atividades e rotinas das unidades prisionais. Além das ligações assistidas, há a opção de contato através pelos familiares com as equipes de serviço social da unidade, diz a nota.
A lista com e-mails e telefones de todas as unidades está disponível em sejus.es.gov.br.
A Sejus informou ainda que se reuniu com representantes da Comissão de Mães de Detentos do Espírito Santo para repassar as medidas adotadas e receber demandas.
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