Depois da manifestação do Sindicato dos Rodoviários, que impediu a saída e circulação dos ônibus do Sistema Transcol e das linhas municipais de Vitória na manhã desta terça-feira (13), os coletivos voltaram a circular. A categoria protesta para que motoristas e cobradores recebem a vacina contra a Covid-19, alegando mortes pela doença entre os profissionais. Considerando que os primeiros coletivos começam a circular por volta das 5h, foram cerca de quatro horas de paralisação, no dia em que foi definida a volta integral do transporte público para a população.
Todas as garagens foram fechadas por membros do sindicato ainda na madrugada. Com isso, nenhum ônibus do Transcol circulou até as 9h, quando os coletivos voltaram a fazer as viagens, segundo o presidente do Sindirodoviários, Marcos Alexandre. A reportagem confirmou o retorno do serviço com a saída dos primeiros veículos da garagem da Viação Satélite, em Cariacica.
Em entrevista à TV Gazeta, o diretor do Sindirodoviários, Miguel Leite, confirmou a manifestação e disse que a categoria protesta pela inclusão dos motoristas e cobradores no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19.
“É um protesto, uma manifestação, porque tem muito rodoviário contaminado e muitos já perderam a vida por causa do coronavírus. O governo do Estado não dá nenhuma satisfação para os rodoviários em questão de vacinação”, disse.
Nos terminais, foi é possível notar o reflexo da manifestação no início da manhã. No Terminal de Vila Velha, nenhum coletivo circulou nas primeiras horas desta terça-feira (13). No Terminal de Itacibá a situação foi a mesma. Com isso, muitos passageiros que precisavam do serviço para chegar até o trabalho tiveram atrasos. Para a reportagem da TV Gazeta, alguns disseram que não sabiam da manifestação e que acabaram sendo prejudicados no deslocamento para o trabalho.
Questionado sobre o fato da população ser pega de surpresa e sem um aviso prévio da paralisação, o diretor do Sindirodoviários afirma que isso inviabilizaria a manifestação. E reiterou que o protesto tem hora para acabar.
"Se a gente avisar sobre o protesto, o governo do Estado vai conseguir liminar para gente não fazer o protesto, vai enrolar os trabalhadores e deixar o trabalhador morrendo no volante de Covid. Esse protesto tem hora de começar e de terminar. A hora de terminar vai ser às 9h, e os ônibus vão circular com um panfleto na frente. Não é greve, é um protesto", disse.
Nos terminais, o que se vê pela manhã são pessoas prejudicadas com o protesto, se atrasando para chegar ao trabalho. A diarista Iracema Souza mora em Cariacica Sede e trabalha em Itapuã, Vila Velha. Ela conta que pegou uma carona com o marido até o Terminal de Itacibá, lá ficou sabendo da manifestação e diz que não concorda com o protesto.
"Vim sem saber (do protesto). Peguei uma carona com meu marido de Cariacica Sede até aqui no terminal (de Itacibá). Cheguei aqui era 6h, agora é esperar né. Não concordo com o protesto desse tipo, a gente tem que trabalhar. Como que fica todo mundo na rua assim? A gente trabalha longe, até que chega no serviço. Não tem condição”, reclamou.
A doméstica Cristiane Gomes também diz que foi pega de surpresa e não sabia do protesto. Ela afirma concordar que a categoria merece ser vacinada, mas não que conteste a prioridade desta forma. “Estou aqui desde 6h. Não sei o que vou fazer, estou ligando para a patroa. Não concordo, eles deviam ter avisado. É muita falta de respeito. Concordo que eles devam ser vacinados sim, mas não deixando a gente na mão dessa forma”, destacou na ocasião.
Quando os coletivos voltaram a circular, a reportagem de A Gazeta flagrou ônibus lotado de passageiros. Veja.
O secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, falou com a TV Gazeta sobre o protesto dos rodoviários, dizendo que o ato é estabanado e irresponsável por acontecer sem aviso e pegando a população de surpresa. "É uma irresponsabilidade do sindicato, não pode fazer esse tipo de atitude no momento de volta do Transcol. Estamos aí há quase duas semanas sem transporte público, então, era a retomada do Transcol para atender toda a população. E agora, de forma estabanada e irresponsável mais uma vez o sindicato vem parando o Transcol, uma ferramenta que só prejudica a população", disse.
Damasceno destacou os prejuízos causados à população e, principalmente, aos trabalhadores da saúde que fazem a troca de turno nos hospitais pela manhã e acabaram ficando sem o transporte público. Ele diz ainda que a responsabilidade de definir grupos prioritários é do governo federal.
“E agora prejudicando mais ainda, os profissionais da saúde dos hospitais, que fazem a troca de turno exatamente às 7h. Paralisar o transporte é um ato completamente irresponsável. Uma ação que não depende do governo do Estado. Estamos conversando com o sindicato como sempre conversamos para todas as ações no momento de pandemia. Quem define prioridade não é o governo do Estado, é o Ministério da Saúde, é o presidente da república. É o Plano Nacional de Imunização que define as prioridades, que definiu as forças de segurança, que definiu os professores”, disse.
Por fim, afirmou que o governo do Estado entrou em conversas com o sindicato para o retorno do transporte público e também acionou a Justiça para que o serviço seja reestabelecido. "Primeiro, estamos conversando com o sindicato, de que tenham consciência de que não é esse tipo de atitude que vai resolver o problema de prioridade na vacina. Segundo, uma ação judicial para a gente tentar na Justiça barrar esse tipo de coisa", completou.
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