No dia 18 de janeiro de 2021, a técnica em enfermagem Iolanda Brito da Silva dos Santos, 56 anos, recebia a primeira dose da Coronavac, tornando-se a primeira pessoa no Espírito Santo a ser imunizada contra a Covid-19. Um ano depois, ela aguarda o momento de vacinar o segundo neto contra a doença.
O pequeno Pedro completa 10 anos em maio, e mal consegue conter a ansiedade para ser vacinado. O irmão, de 14 anos, já recebeu a primeira dose. Iolanda tem outros três netos - com 6 anos, um ano e oito meses e um bebê de dois meses.
“A vacina foi uma conquista, me senti muito mais confiante para continuar trabalhando, e quando todo mundo começou a ser imunizado, foi um alívio ver a mudança em meu setor de trabalho. Antes da vacina, vi muito mais mortos do que sobreviventes”, relata a profissional.
Um pouco antes de tomar a terceira dose, da Astrazenca, Iolanda foi contaminada pela Covid. “Senti sintomas leves, só três dias de falta de paladar e um pouco de coriza. A vacina não te livra de pegar a doença, mas os sintomas são leves”, conta.
Há quase nove anos ela trabalha nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual Doutor Jayme dos Santos Neves, na Serra – o principal centro de referência da pandemia de Covid-19 no Estado.
Lá vivenciou dias muito difíceis no início da pandemia, quando pouco se sabia sobre a doença, e o medo de contaminação era grande entre os funcionários e os pacientes, que temiam também a morte.
Ela ainda mantém viva a memória do primeiro paciente que atendeu com a doença causada pelo coronavírus: “Era jovem, com 29 anos, e estava com muito medo de morrer. Eu tentava acalmá-lo. Naquela época a gente andava muito paramentada para proteção e todos trabalhavam com muita apreensão. O jovem conseguiu sobreviver, e o levei em uma cadeira de rodas para outro setor, para recuperação. Saiu com vida e fiquei muito emocionada naquela hora”, conta.
A voz a técnica de enfermagem também fica embargada quando se lembra de uma vizinha que teve a doença. “Cuidei dela. Foram duas semanas de febre de 40 graus, perdeu todo o cabelo. No hospital, nem acreditávamos que conseguiria sobreviver, mas ela venceu”, lembra Iolanda.
O medo também era constante em casa, ao voltar do hospital, de contaminar os familiares. “Já tirava a roupa do lado de fora e seguia direto para o banheiro”, relata.
Mãe de quatro filhos, em sua casa, todos já se vacinaram. Agora só faltam os netos com menos de 10 anos.
Defensora da vacina, Iolanda conta a história de uma paciente que chegou ao hospital conversando e animada, com esperança de ficar curada. Mas não foi o que aconteceu.
“O marido ficou arrasado quando recebeu a notícia do óbito. A mulher, com mais de 60 anos, não tinha se vacinado. O marido, com 76 anos, só tinha tomado a primeira dose. E contou que agora iria completar a imunização. Os filhos estavam inconsoláveis”, conta.
Com as novas variantes e com a influenza, seu setor voltou a registrar aumento do número de pacientes. “Mas nada lembra o início da pandemia”, observa Iolanda.
Para ela, de tudo o que viveu, ficou a lição de estar mais presente na vida das pessoas que ama. “Enfrentamos dias de muita luta, ficamos distantes das pessoas que amamos. Minha neta nasceu e não pude visitar, ficar perto. A lição que ficou é procurar ficar perto da família, dos amigos”, observa.
No Espírito Santo, até esta segunda-feira (17), um total de 2.850.071 pessoas tinham recebido as duas doses da vacina contra a Covid-19. Pouco mais de 919 mil pessoas tinham recebido as três doses da imunização. Os dados são do Vacina e Confia, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Até a tarde desta segunda-feira (17), 13.379 pessoas morreram de Covid no Estado desde o início da pandemia. No mesmo período, 673.284 tiveram a doença confirmada e 621.086 conseguiram se curar, informam dados da Sesa.
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