Após o vazamento de emulsão de óleo e perda de vapor no poço de petróleo no Campo Inhambu, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, registrados na última quarta-feira (16), profissionais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizaram uma vistoria no local na segunda-feira (21). Conforme a entidade, foi constatado que houve falhas mecânicas e técnicas no local.
O Crea-ES informou estar apurando o que motivou o acidente e afirma que enviou engenheiros ambientais, de petróleo e gás, de segurança do trabalho, mecânicos, eletricistas, agrônomos e também geólogos para fazer os levantamentos das informações necessárias e também contribuir com o restabelecimento da área afetada. Ainda conforme a entidade, a empresa responsável pela perfuração – cujo nome não foi informado – não possui registro no Conselho, o que deve resultar em autuação e multa – os valores não foram informados.
“Já há evidências de que houve falhas mecânicas e técnicas. Também identificamos que a empresa que foi responsável pela perfuração do poço não está registrada no Crea-ES, o que acarretará autuação e multa. Solicitamos oficialmente à empresa responsável pela operação no local, todos os documentos fiscais e técnicos, inclusive o plano de emergência e o plano de recuperação diária relacionados ao evento”, disse o presidente do Crea-ES, o engenheiro Jorge Silva.
Continua sendo feito levantamento da área afetada, com a utilização de drones, mas o Conselho aponta que a extensão da área atingida é maior do que se teve conhecimento anteriormente e que a quantidade de vazamento da emulsão de óleo passou dos 28 mil litros, atingindo o entorno do campo, a fauna e a flora local, o que foi apontado como uma quantidade "significativa" por Bismark Zuliani Pavezi, engenheiro-agrônomo do Crea-ES.
Para Jorge Silva, haverá necessidade de se programar um Plano de Recuperação de Área Degradada uma vez que parte importante daquela região foi atingida. No entanto, reconhece que as medidas de urgência foram tomadas e estão sendo executadas pelas empresas responsáveis e disse que há um corpo técnico especializado que atuam no local devidamente regularizados no Crea-ES. Ocorreu uma reunião na segunda-feira (21) com responsáveis técnicos das empresas prestadoras de serviços envolvidas na exploração para discutir soluções mais emergentes.
Apesar das medidas de mitigação, como a limpeza do local e a retirada do material contaminado, estarem em andamento seguindo as normas técnicas e as orientações dos órgãos ambientais e do Crea-ES, ainda há a preocupação de que a situação se agrave, por conta da condição meteorológica. São Mateus foi o município que mais choveu de domingo para segunda, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
“Com a chuva, a limpeza do local fica prejudicada. Os materiais que foram contaminados estão sendo retirados com uma limpeza parcial, no entanto, a movimentação desses resíduos vai depender muito da temperatura, das chuvas e dos ventos”, explicou o presidente do Conselho.
O Crea-ES afirmou que a equipe multidisciplinar permanecerá na região e vai acompanhar os trabalhos durante toda a semana. Um relatório parcial deve ser enviado na próxima sexta-feira (25/10) à Agência Nacional de Petróleo (ANP), ao Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e ao Ministério Público Espírito Santo (MPES). O relatório completo será finalizado em até quinze dias.
A reportagem procurou a Seacrest, responsável pela operação do Campo Inhambu, para obter um posicionamento sobre o que foi informado pelo Crea-ES, mas não houve retorno até a publicação deste texto. A Gazeta também deixa em aberto este espaço para um posicionamento da empresa responsável pela perfuração – cujo nome não foi divulgado, e que deve ser multada pelo Conselho
A primeira versão deste texto informava, erroneamente, que a Seacrest não está regularizada junto ao Crea-ES. O Conselho informou que a empresa responsável pela perfuração no poço de petróleo em Campo Inhambu, São Mateus, não possui registro e será multada, e, sem mencionar o nome, destacou somente que não se trata da Seacrest. O texto foi corrigido.
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