De acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o último mapa de monitoramento das secas aponta que o Espírito Santo registrou seca fraca em 58,49% de seu território em julho. Isso representa mais que o dobro do que foi registrado no mês anterior, em junho, quando 25,64% da área do Estado apresentava o fenômeno. Houve avanço da seca fraca desde o Norte do Estado até a parte central do território capixaba, onde o registro de chuvas ficou ligeiramente abaixo do normal no mês de julho e os indicadores de seca de curto prazo apresentaram piora.
Segundo o coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, Hugo Ramos, a situação está sob controle. "Para essa época do ano a seca é comum, não tem sido maior do que em outros anos. No Estado há a época chuvosa e quente, entre outubro e março, e a época fria e seca, entre abril e setembro, em que é comum pouca oferta da água, diminuição do leito dos rios, menos umidade presente no solo. Mas temos efeitos brandos", iniciou.
Ramos explicou que no ano passado não houve a chuva esperada para o período chuvoso e o período seco permaneceu seco, por isso, fazendo uma comparação, o processo de seca em 2019 foi mais intenso que agora.
"Houve problema no Noroeste do Estado no ano passado. Quando chegou no período chuvoso, houve aumento das chuvas, com chuvas intensas na Grande Vitória e região Serrana, com chuvas no Norte também, com solo mais encharcado e, finalmente, recuperação do padrão de chuva. Mas no ano passado o processo de seca foi maior do que nesse ano. Se a gente for levar em consideração o que está acontecendo este ano, é uma situação corriqueira e natural. Mas vale ressaltar as boas práticas de economia de água, para não chegar ao final do período seco com uma situação mais complicada", disse o meteorologista.
Para os próximos meses, como a seca conta com alguns fatores, Hugo Ramos diz que a evolução é um pouco lenta. "Pelo viés meteorológico, analisamos o número de dias em que não há chuva suficiente. Pelo fator hidrológico, observamos se os rios começam a secar. Em termos agrícolas, começa a haver perda das lavouras pela falta de água e, por último, em análise socioeconômica, as pessoas têm problemas de abastecimento de água, com necessidade de carros pipa. Aqui ainda não há este tipo de agravamento. O que temos visto aqui é mais o fator climático, sendo que os leitos começam a reduzir naturalmente, mas sem grandes impactos. Nada com o que se preocupar", afirmou.
Além do Espírito Santo, outros seis estados brasileiros registraram aumento das áreas com seca em relação a junho, devido às chuvas do último mês, são eles: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Em outros quatro estados, a seca reduziu. É o caso de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No Distrito Federal, Ceará, Goiás e Sergipe a parcela do território com o fenômeno se manteve estável. Em termos de severidade, a seca não registrou mudanças significativas entre junho e julho nas 16 unidades da federação monitoradas pelo órgão.
De acordo com o mapa do Monitor de Seca do mês de julho, Mato Grosso do Sul registra seca nos graus moderado (51,28%), grave (47,44%) e extremo (1,28%), sendo o único estado a ter o fenômeno em todo o território em julho. O percentual da área com severidade grave de seca no estado é o maior entre as unidades da Federação presentes no Monitor.
Também segundo o ANA, julho é um mês historicamente seco na maior parte das regiões Sudeste e Nordeste, no Distrito Federal, em Goiás e no Tocantins. Em muitos desses locais, as chuvas são inferiores a 20 milímetros, como no Piauí, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, grande parte do Ceará e de Minas Gerais, centro-sul do Maranhão, oeste da Paraíba e de Pernambuco, centro-oeste da Bahia e norte de Mato Grosso do Sul.
O Monitor de Secas realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo.
Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor abrange quatro das cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste mais Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. Os três estados da região Sul Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina já receberam treinamento e iniciaram a etapa de testes para entrar no Monitor, o que pode acontecer nos próximos meses.
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. No Espírito Santo, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh); o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper); a Defesa Civil do Espírito Santo; e a Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) são os órgãos que atuam no projeto. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 15 estados e no Distrito Federal a cada mês.
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