Apesar de nenhum candidato do Espírito Santo ter alcançado a nota mil da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, muitos estudantes, entre os 74,3 mil inscritos no Estado, chegaram perto da pontuação máxima, caso das jovens Mariana Fraga e Nicole Santiago, ambas da rede pública de ensino capixaba.
Alunas da Serra e de Vitória, Mariana e Nicole fizeram 960 e 940 pontos na redação, respectivamente. Em conversa com a reportagem de A Gazeta, as jovens compartilharam dicas para quem vai fazer o exame em 2025 e deram detalhes sobre a rotina de estudos.
Mariana é estudante da Escola Sizenando Pechincha, no bairro Barcelona, na Serra. A jovem, de 18 anos, conta que o Enem do ano passado não foi o primeiro feito por ela durante a sua trajetória estudantil. Ela diz já tem planos traçados com a nota de 2024.
“Realizei a prova durante o primeiro e o segundo ano do ensino médio como treineira e oficialmente no terceiro ano. No primeiro ano, minha redação teve a nota 840; no segundo ano, fiz 920 e, em 2024, tirei 960.”
Mariana atribui a trajetória crescente nas notas ao ritmo de estudos semanal. Ela conta que fazia duas redações por semana.
“Minha dica para quem pretende fazer a prova é que façam de uma a duas redações por semana e que façam provas antigas do Enem. Fora da escola, eu estudava de cinco a seis horas por dia e, aos fins de semana, realizava simulados”, conta a jovem, que, agora, tem suas expectativas voltadas para uma vaga no curso de Nutrição na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Fazendo a prova pela segunda vez, Nicole, também de 18 anos, conta que, na primeira oportunidade, chegou aos 820 pontos na redação de 2023. Com os 940 de 2024, a meta da estudante é cravar o acesso ao curso de Jornalismo, também na Ufes ou então na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Antes de fazer a prova, eu estava bem confiante, inclusive com a redação. Quando vi o resultado, foi um grande alívio, porque havia me esforçado o ano todo e já vinha conquistando notas parecidas”, lembra. Para a estudante da Escola Renato Pacheco, de Jardim Camburi, na Capital, a organização é a principal aliada para a rotina de estudos.
“Minha dica para quem quer fazer o Enem é que se organizem para uma rotina com estudos e, se possível, com cursinhos ao longo do ano. Na escola mesmo, esteja atento às matérias, ao contato com os professores e às suas dúvidas”, pontua.
O resultado das provas aplicadas em novembro de 2024 foi divulgado na manhã de segunda-feira (13) pelo Ministério da Educação (MEC) e, ao redor do país, apenas 12 estudantes conseguiram a nota máxima na redação do último ano, que teve como tema ‘desafios para a valorização da herança africana no Brasil’.
Os números mostram uma queda de 80% em relação à prova de 2023, quando 60 alunos conquistaram o 1.000. Este é o menor número de redações com pontuação máxima dos últimos dez anos.
Segundo o Ministério da Educação, as notas máximas foram computadas em Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo que os dois últimos estados registraram duas notas mil, respectivamente. Entre os alunos, apenas um é estudante da rede pública de ensino.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, a professora Cleonara Maria Schwartz, do departamento de Linguagem, Cultura e Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explicou que a ausência de notas máximas no Estado pode refletir a dificuldade dos estudantes em compreender as propostas de redação e em expressar suas ideias de forma coesa. Em 2023, o Espírito Santo chegou a marca de duas notas mil com alunas de Muqui e de Linhares.
“A organização de um texto dissertativo argumentativo requer, por exemplo, a capacidade de um estudante enumerar argumentos lógicos com coesão, com coerência, com progressão dentro da temática solicitada. Então, isso daí revela que o nosso estudante, no Brasil e aqui no Espírito Santo, ele, de uma certa forma, não conseguiu atingir o cento necessário para uma resposta condizente com a temática da redação”, pondera a professora.
Segundo Cleomara, o fato de o estudante ter um bom desempenho em avaliações externas não vai refletir, necessariamente, em um bom desempenho em provas dissertativas e argumentativas.
O ideal, segundo a professora, é que alunos busquem por uma rotina de estudos que garantam um conhecimento de variadas disciplinas, criando um caderno mental e cultural para manuseio das informações e defesa dos pontos de vista nos exames.
Segundo o Ministério da Educação, com a divulgação dos resultados do Enem, os participantes podem pleitear uma vaga gratuita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que abre suas inscrições na próxima sexta-feira (17).
Além disso, é possível, tentar uma bolsa de estudo pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), ou acessar o ensino superior com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Estudantes de escola pública têm direito a concorrer às vagas ofertadas pela Lei de Cotas: pelo menos metade (50%) das vagas de cada curso das instituições públicas deve ser destinada a candidatos que estudaram na rede pública todo o ensino médio.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta