O assassinato de uma criança de cinco anos, que brincava nas areias da Praia do Morro, em Guarapari, causou prejuízo para o turismo da cidade. A informação está na sentença que condenou o executor a 28 anos de prisão. O crime aconteceu na tarde do dia 23 de novembro de 2019, um sábado de sol com a praia lotada, fato que, segundo o descrito na sentença, causou ”grande revolta e insegurança na sociedade."
“Registro que o cometimento do crime praticado pelo acusado, na cidade turística mais conhecida do Estado do Espírito Santo, causa um grande prejuízo para o turismo da cidade de Guarapari e gera uma imagem negativa para a cidade de Guarapari, em função do crime ter sido praticado na orla da praia mais frequentada pelos turistas, na Praia do Morro, transmitindo a imagem de que a cidade é violenta e não possui segurança para as pessoas”, relatou o juiz da 1ª Vara Criminal de Guarapari, Erildo Martins Neto, em sua sentença.
No documento ele pontua ainda que havia grande circulação de pessoas na praia no momento do crime, e assinala que as consequências foram graves.
“Causando grande revolta e insegurança na sociedade de Guarapari, em função do crime ter sido praticado na orla da Praia do Morro, de fácil acesso e localização, local que estava com intensa circulação de pessoas”. E acrescenta: “Estando a sociedade temerosa, dizendo que nem a Justiça e a autoridade policial estão sendo respeitadas”, ressalta na sentença.
O promotor de justiça Marcelo Paiva Pedra destaca que a família da criança era de Minas Gerais e que a condenação do executor pode ajudá-la a superar a perda: “Aliviando um pouco a dor de uma família de Minas Gerais que foi impactada eternamente pela conduta irresponsável e vingativa do criminoso. Espero que tenha tempo para refletir sobre o mal causado”.
Ele pondera ainda sobre o envolvimento de jovens na criminalidade e os impactos sociais. “Esse lamentável episódio retrata o envolvimento de jovens na criminalidade e as consequências irreversíveis à sociedade. Infelizmente não é um caso isolado.”
Ataque a criminosos rivais, acrescenta, que acabam resultando em vítimas inocentes. “Muitas pessoas inocentes pagam com a vida em razão da disputa pelo poder entre grupos rivais, especialmente quando ligados ao tráfico de drogas. Ataques em via pública sem qualquer preocupação com a vida alheia são constantes.”
Era tarde de sábado na Praia do Morro, em Guarapari. Com o sol forte, o espaço estava lotado. O pequeno Matheus Xavier de Oliveira Marques, de 5 anos, estava com familiares e brincava na areia.
Por volta das 16h30, segundo a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Romildo Barbosa da Hora Júnior, à época com 18 anos, estacionou sua motocicleta na praia e foi em direção a um grupo que vendia drogas, e onde estava um adversário.
“Desceu da motocicleta, dirigiu-se ao calçadão, onde se encontrava grande fluxo de transeuntes, e efetuou diversos disparos de arma de fogo em direção ao grupo”, relata a denúncia do MPES.
Um dos disparos atingiu Matheus Marques na cabeça. Ele foi socorrido, ficou internado alguns dias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Conforme a denúncia do MPES, Romildo caminhava na Praia do Morro com a namorada e o padrasto dela quando recebeu a informação de que dois de seus desafetos estariam na praia realizando tráfico de drogas.
Na sequência, segundo a denúncia, Romildo foi em casa, deixou a namorada, e voltou à praia, onde encontrou os seus adversários em frente à “Feira da Onda”. Foi neste momento que ele estacionou a sua motocicleta e, do calçadão, efetuou os disparos.
Após atirar, Romildo fugiu, mas foi reconhecido por testemunhas. Ele foi preso no mesmo dia. As investigações apontaram que ele tentou matar Wanderson Fernandes Garcia, conhecido como Andrinho.
A rivalidade teria sido causada, de acordo com o MPES, em função do interesse de Wanderson na companheira de Romildo. Um ano antes do crime, em 2018, por esta motivação, Wanderson tentou matar Romildo, que após se restabelecer se mudou para Linhares. Em 2019, Romildo voltou a morar em Guarapari, onde continuou a receber ameaças de Wanderson.
Segundo o MPES, os crimes praticados por Romildo - homicídio da criança e a tentativa contra Wanderson -, resultaram “em perigo comum, uma vez que ocorreu em local público, de grande movimentação de pessoas, tendo o denunciado efetuado diversos disparos de arma de fogo”.
A reportagem ainda tenta localizar a defesa de Romildo para que ela possa se manifestar sobre a decisão. No site do Tribunal de Justiça é informado que ele está sendo representado pela Defensoria Pública, que já apresentou um recurso contra a condenação.
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