Dezenas de famílias ocupam prédios do programa Minha Casa, Minha Vida, que ficam no bairro Antônio Ferreira Borges, em Cariacica. A ocupação acontece desde o último mês de dezembro – quando a paralisação das obras completou dois anos. De acordo com um dos integrantes, quem está lá sofreu com as recentes chuvas no Espírito Santo.
"Estamos dando o verdadeiro sentido para este lugar: moradia. Tem crianças, deficientes, idosos... tem todo tipo de gente. Eu sou morador por necessidade. Não ocupamos aqui para provocar ninguém. Muita gente teve a casa destruída pela chuva", afirmou Silvano Lima Rocha, de 47 anos.
Imagens feitas pelo fotógrafo Ricardo Medeiros, de A Gazeta, mostram parte das pessoas nas áreas comuns, entre os edifícios de quatro andares. Durante a presença dele, muitos entoaram gritos: "Queremos moradia!". Em algumas é possível ver a presença de policiais militares armados no local.
"A insensibilidade do nosso prefeito é que nos trouxe até aqui. Cuidar da cidade é cuidar do povo, não enfeitar praça. Levar o filho para a praça sem saber onde ele vai dormir não é justiça social. Estamos pedindo o mínimo. Ocupamos aqui pela necessidade de moradia e saúde", continuou Silvano.
A movimentação mais intensa nesta quarta-feira (4) foi devido a um serviço realizado pela EDP. "A empresa realizou o desligamento da energia provisória, que estava sendo utilizada durante as obras de construção, a pedido da Caixa Econômica Federal, por se tratar de ocupação irregular", explicou a concessionária, em nota.
Questionada a respeito da presença de policiais armados, a Polícia Militar informou que esteve no local para acompanhar a equipe da concessionária EDP. "A ordem de serviço foi concluída sem alterações ou resistência por parte dos moradores", esclareceu a corporação, em nota.
A construção dos prédios que integram o Residencial Limão foi contratada em 2018, no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida. No entanto, a empresa AB Empreendimentos – responsável pelas obras – paralisou as atividades no local antes da conclusão, ainda em dezembro de 2020.
"Quando a ocupação irregular ocorreu, em dezembro de 2022, estava em trâmite a substituição da empresa. Foi necessário adotar providências junto ao Judiciário para a reintegração de posse, após a qual será possível dar continuidade à obra e definir a data de entrega", afirmou a Caixa Econômica Federal.
De acordo com a nota, o banco está acompanhando o processo judicial e a construtora AB Empreendimentos está impedida de operar em novos projetos com a respectiva instituição financeira. A Caixa não informou o cronograma inicial do projeto, com a data prevista de entrega.
A reportagem de A Gazeta tenta contato com a AB Empreendimentos – que também paralisou obras do programa nos municípios de Aracruz e Linhares, no Norte do Estado. Este espaço está disponível para manifestação da parte, e o texto será atualizado assim que possível.
Em nota, a Prefeitura de Cariacica esclareceu que o condomínio é da Caixa Econômica Federal e que "aguarda o andamento do processo para avaliar as medidas cabíveis". Sobre os atingidos pela chuva, o município afirmou que eles podem procurar a Secretaria de Assistência Social para serem abrigados.
"A Semas atuou durante o período de chuvas com mais de 50 servidores nas ruas, oferecendo ajuda às pessoas afetadas, e realizou doação de cestas básicas, colchões e água. Além de atendimento social e cadastramento de famílias. A pasta contou com abrigos para quem precisou deixar a própria casa", destacou.
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