Estado, prefeituras e instituições particulares estão traçando estratégias de segurança para a volta das aulas presenciais - que estão suspensas desde março no Espírito Santo devido à pandemia do novo coronavírus. Embora ainda não exista uma data definida, o retorno das atividades divide opiniões entre os pais.
Em questionário elaborado por A Gazeta, respondido por 8.725 pessoas, 84,5% dos responsáveis pelas crianças e adolescentes disseram que não pretendem mandar os filhos para a escola neste ano quando as aulas presenciais voltarem, enquanto que 15,5% afirmam que a rotina de estudos será retomada na família, como era antes do surgimento da Covid-19.
A enquete foi disponibilizada no site de A Gazeta e respondida espontaneamente por pais de estudantes do Espírito Santo entre segunda-feira (13) e quarta-feira (15). Nele, as famílias assinalaram o quanto se sentem seguras para a retomada das aulas neste ano e opinaram sobre o formato mais adequado de ensino para a continuidade do ano letivo.
Além de responder se pretendem levar os filhos para a escola, os pais elencaram os motivos da decisão, sendo possível escolher mais de uma justificativa. No grupo dos que concordam com a volta das aulas presenciais, 52,8% acham que as escolas estão preparadas para tomar as medidas de segurança necessárias e acreditam que os alunos seguirão as recomendações para evitar contágio; 43,9% disseram que não acreditam no modelo de educação remota; 30,1% não querem que o aluno fique atrasado nos estudos; 15,03% disseram que precisam trabalhar e não têm com quem deixar filhos e 14,4% avaliam que não há tanto risco de contaminação pelo coronavírus.
Entre os que responderam que não vão mandar os filhos para a escola, 73,6% acreditam que instituições e alunos não conseguirão cumprir com as medidas de segurança para evitar contágio; 65,2% preferem não correr o risco de expor os filhos ao vírus, mesmo avaliando que o ensino a distância não seja tão eficiente quanto o ensino presencial; 57,3% acham que é perigoso que o aluno seja contaminado e 40,5% temem que o aluno contamine professores ou familiares do grupo de risco.
A preocupação com a contaminação de pessoas do grupo de risco pode ter relação com o fato de que muitos alunos têm relações próximas com idosos, diabéticos, asmáticos e hipertensos. Quase 84% dos que participaram do levantamento afirmaram que os filhos têm contato com familiares portadores de comorbidades propensos a complicações se infectados pelo novo coronavírus. Enquanto que 16,4%, afirmam que os filhos não têm contato com pessoas do grupo de risco.
Dados do Instituto Brasileiro de Geogra?a e Estatística (IBGE), divulgados em reportagem de maio, mostram que no Espírito Santo há 638 mil pessoas com 60 anos ou mais, sendo que 532 mil (83,2%) moram acompanhados. Em 105 mil destes casos, o morador é um estudante.
Além das perguntas e respostas de múltipla escolha, o questionário abria espaço para que pais e responsáveis acrescentassem informações. Muitos deles relataram, inclusive, que os próprios filhos possuem comorbidades, como asma, e reforçaram a preocupação com os integrantes da família que são mais vulneráveis.
"Nunca irei expor meus filhos. Tenho problemas crônicos, meu pai, de 71 anos, e minha avó, de 92, possuem problemas de saúde. Já tem 4 meses que eles estão em casa, sem sair para nada, e agora vão expor eles do jeito que nosso Brasil está? Não dá! Escola é um centro da contaminação. Por mais cuidados que possam ter, eu não arriscaria. Essa é minha opinião e não mudo", afirmou um dos entrevistados.
O questionário também perguntou como os pais e responsáveis acreditam que deveriam ser as aulas para os alunos neste segundo semestre. Neste quesito, 90,1% responderam que o ensino deveria ser adaptado à nova situação, podendo ocorrer de forma remota, com aulas ao vivo, videoaulas gravadas e planos de estudo em casa. Já 9,9% afirmaram que as aulas devem ser totalmente presenciais, como funcionava antes da pandemia.
A possibilidade de cancelamento do ano letivo de 2020 é ponto que mais divide opinião. Enquanto 51,3 % dos pais e responsáveis acreditam que essa medida deveria ser adotada, 48,7% não concordam com a anulação.
A maioria dos pais que respondeu o questionário tem filhos na rede pública (64,2%), já 35,8% pagam escola particular. Do total de entrevistados, 60,4% têm filhos matriculados no ensino fundamental, 37,2% na alfabetização e 22,9% no ensino médio.
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