Uma aeronave sobrevoando em círculos, em baixa altitude e por algumas horas, o Aeroporto de Vitória e bairros da Capital e da Serra. Para quem é leigo em aviação, a descrição pode levar a pensamentos sobre momentos de tensão envolvendo a aeronave, como um problema no trem de pouso, necessidade por queima de combustível ou impossibilidade para um pouso convencional.
Na manhã desta sexta-feita (18), por um longo período, um jato foi avistado por algumas pessoas sobrevoando bairros das duas cidades da Grande Vitória, chamando atenção e até levando algumas delas a suspeitarem que algo mais grave pudesse estar ocorrendo. Em sites especializados monitoramento de voos em tempo real, como o Flight Radar 24, a aeronave apareceu "rabiscando" o céu em um percurso completamente diferente das aproximações ou decolagens do aeroporto na Capital.
A reportagem de A Gazeta foi atrás de respostas para esclarecer o motivo do sobrevoo da aeronave e descobriu que o que ocorreu na manhã desta sexta-feira foi um procedimento padrão realizado pelo Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), vinculado à Aeronáutica. A aeronave em questão utilizada pelo grupo é um Legacy 500 – denominado, na Força Aérea Brasileira (FAB) como IU-50. O modelo é usado para voos de inspeção e atesta se os dados fornecidos pelos equipamentos de auxílios à navegação instalados dentro e fora dos aeroportos são confiáveis.
Esses aparelhos enviam informações às aeronaves, indicando o caminho que deve ser seguido. Eles balizam os pilotos para pousos e decolagens não apenas em condições normais, mas, especialmente, quando a meteorologia está desfavorável – como ocorre nesta sexta-feira na Capital.
Atualmente, segundo informações da FAB, o GEIV conta com cinco "aeronaves laboratórios", que integram o projeto I-X, iniciado em 2015, para substituição dos veteranos IC-95, operados em antigos turbo-hélice Embraer Bandeirante. Os aviões que fazem as "calibragens" das pistas pelos aeroportos do Brasil são capazes de voar em velocidade máxima de 800 km/h e ainda possuem autonomia superior a 5,5 mil quilômetros.
O jato comercial convertido para trabalhos de inspeção é adaptado com 14 antenas externas e ainda uma câmera de alta definição, sendo capaz de detectar interferências mínimas na comunicação entre torre de controle e pilotos, além de rádios que entrem na frequência.
Desde que foi reinaugurado em março de 2018, todos os pousos e decolagens realizados no Aeroporto de Vitória são praticados apenas em um sentido da pista de 2.058 metros de comprimento. As aeronaves que chegam a Vitória realizam a aproximação vindos da direção da Praia de Camburi para o continente, enquanto as partidas são realizadas na mesma orientação, em direção ao Mestre Álvaro.
Os voos instrumentais realizados na presente data são também parte do processo de homologação para que a pista seja liberada para operar no sentido contrário, o que não ocorre atualmente, e que acontecia na pista do antigo terminal. Esta, menor em extensão (1.750 m), ainda está em operação, porém é utilizada para voos particulares, exercícios militares e outras ações.
A Zurich Airport, empresa detentora da concessão do Aeroporto de Vitória, explicou, em nota, que o "evento" ocorrido foi um voo de certificação de rotina de um dos auxílios de navegação aérea, sendo realizado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). A certificação é solicitada pela administração, que prevê sempre a manutenção e a melhoria das operações do aeroporto.
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