Desde a descoberta da variante Ômicron, já se soube que ela seria mais transmissível do que as outras cepas do coronavírus. Essa característica se refletiu rapidamente no aumento do número de casos. Só no mês de janeiro sete recordes de casos foram quebrados no Espírito Santo, o mais recente foi na sexta-feira (28), quando foram registradas 19.399 novas contaminações em 24 horas.
Cientistas, agora, descobriram um subtipo da nova variante, ainda mais contagioso do que a cepa original, e que por isso acendeu o sinal de alerta na comunidade científica e nas autoridades de saúde.
Trata-se da linhagem BA.2 da Ômicron, que já foi identificada em 57 países e em alguns deles, como na Dinamarca, já é dominante. Ela inclusive já foi confirmada no Brasil, que registrou dois casos no Rio de Janeiro e outros dois em São Paulo.
A BA.2 só começou a ser investigada recentemente, desde que se tornou mais comum do que a BA.1 (variante original) na Dinamarca e provocou um aumento de casos no país. O temor geral é que ela prolongue o declínio de casos nos locais que já atingiram o pico, mantendo os números de casos em alta por mais tempo.
“O que sabemos até agora, principalmente com base no estudo dinamarquês, é que ela rapidamente se tornou predominante na Dinamarca e que ela é mais transmissível", afirma a epidemiologista Ethel Maciel.
A pesquisa, que analisou infecções pelo coronavírus em mais de 8.500 lares dinamarqueses entre dezembro e janeiro, foi divulgada na semana passada. De acordo com o resultado, pessoas contaminadas com o subtipo tem mais chances de transmitir a variante.
“Ela apresenta algumas mutações extras, além das mutações que já são encontradas na Ômicron, que fazem com que ela tenha mais afinidade com a célula Alfa, tornando ela 1,5 vezes mais contagiosa que a cepa original” afirma o imunologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Daniel Gomes.
Os pesquisadores acreditam que a circulação do subtipo ainda é baixa. “Ela ainda representa ainda um percentual muito pequeno no número de casos no mundo, entre 2% e 4%”, explica Ethel. No entanto, por ser mais transmissível, ela pode fazer com que a quarta onda da pandemia, causada pelo Ômicron, se estenda por mais tempo.
Apesar de mais contagiosa, ainda não se sabe se o subtipo seja mais agressivo.
“Ainda não se sabe se essa capacidade de infecção pode também estar associada a uma capacidade de causar uma doença mais grave, o que chamamos de virulência. Por enquanto não há indícios de que seja mais letal”, afirma Daniel.
Ethel explica que a pesquisa conduzida por especialistas do Statens Serum Institut (SSI), da Universidade de Copenhague, da Estatísticas da Dinamarca e da Universidade Técnica da Dinamarca, foi divulgada em pré-print, ou seja, ainda não foi revisada.
Ainda se sabe pouco sobre o BA.2. Mas a descoberta de um novo subtipo alerta também para o surgimento de novas variantes. “O BA.2 ainda é o Ômicron. Mas toda vez que há uma mutação isso pode contribuir para que haja novas variantes”, diz Ethel.
“O vírus está circulando, e amentando sua capacidade de transmissão. Equanto maior essa circulação, maior o surgimento de novas mutações e variantes”, explica Daniel.
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