Um homem de 46 anos morreu na manhã de sábado (27) após comer um peixe baiacu, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A família de Magno Sérgio Gomes disse que a causa da morte foi envenenamento. Com a morte por um motivo incomum, algumas questões sobre se o peixe pode ser comestível ou não, e como fazer isso, surgiram. O g1 ES conversou com um biólogo especialista em peixes para poder entender quais riscos a espécie pode trazer.
De acordo com o biólogo João Luiz Gasparini, os baiacus são peixes venenosos comuns na costa brasileira. Eles são comestíveis, mas existem alguns fatores importantes que precisam ser analisados antes de levá-lo à mesa.
As toxinas são o maior fator de risco na hora de se comer o baiacu. Além disso, algumas espécies são mais perigosas que outras.
Além de analisar qual espécie de baiacu pode ser ingerida, uma limpeza rigorosa precisa ser feita no animal antes dele ser servido.
Gasparini explicou que existem muitas espécies diferentes de baiacus em todos os mares do mundo.
"As espécies que ocorrem no Brasil ocorrem no Atlântico Ocidental. Algumas delas ocorrem desde o Caribe até o Brasil, outras só ocorrem no Brasil e suas ilhas oceânicas. Cada espécie têm a sua história evolutiva e possui sua distribuição geográfica", comentou o biólogo.
Uma delas, habita no Espírito Santo e é conhecida por ser mais perigosa. O biólogo acredita que, possivelmente, a espécie conhecida como baiacuzinho pode ser a que Magno ingeriu e foi intoxicado.
E o biólogo acrescentou ainda que a espécie e conhecida pelo mundo todo.
Magno Sérgio ganhou um baiacu de um amigo no dia 22 de dezembro. No dia seguinte, na casa de Magno, os dois limparam o peixe, retiraram apenas o fígado, ferventaram o órgão e comeram, com limão e sal.
"A gente não sabe a procedência do peixe, se foi pescado ou ganhado. Eles limparam o baiacu e comeram. Magno nunca tinha limpado baiacu antes", disse Myrian Gomes, irmã de Magno.
A irmã disse que Magno e o amigo começaram a passar mal cerca de 45 minutos após comer o peixe.
Myrian disse ainda que, devido ao quadro preocupante, Magno foi entubado e transferido para um hospital em Vitória, onde faleceu após mais de um mês de internação.
"Os médicos disseram para a nossa família que ele morreu por envenenamento, que logo subiu para a cabeça. Três dias depois de ser internado, ele teve diversas convulsões, que afetou muito o cérebro dele, deixando o mínimo possível de recuperação", explicou Myrian.
Diferente do irmão, o amigo dele que também comeu o peixe teve alta uma semana após o episódio.
De acordo com o Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen), a intoxicação após ingestão da carne de baiacu ocorre raramente e são poucos os registros no Estado.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que está investigando o caso com o município. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Aracruz reforçou que a principal suspeita é que a morte tenha sido causada por uma intoxicação.
*Com informações das repórteres Viviann Barcelos e Viviane Lopes, do g1ES
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