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Bairros mais pobres sofrem mais com ondas de calor; entenda o motivo

Bairros mais pobres sofrem mais com ondas de calor; entenda o motivo

A falta de planejamento urbano obriga a população mais vulnerável a viver em locais com poucas árvores e em construções que utilizam materiais que absorvem mais calor

Publicado em 18 de março de 2024 às 12:03

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Bairros da Penha, Bonfim e São Benedito
Bairros da Penha, Bonfim e São Benedito estão em areas apontadas como ilhas de calor no ES. (Fernando Madeira)
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Períodos de calor intenso, que costumam lotar as praias — e que, durante o verão, por exemplo, deixam as temperaturas no Espírito Santo na casa dos 31 ºC —, expõem um outro lado da moeda, este mais negativo para a sociedade: as comunidades mais pobres sofrem mais nos dias quentes, enquanto bairros mais nobres contam com temperaturas mais amenas. 

Isso acontece devido a um fenômeno chamado de “ilhas de calor urbano”, onde localidades com pouca arborização sofrem com o aumento da temperatura e da sensação térmica, já que o calor direto no asfalto e concreto é absorvido. No caso do Espírito Santo, esse aumento pode variar entre 0,5 ºC e 8 ºC, a depender da geografia e relevo da localidade.

“Esse fenômeno acontece em regiões com alto adensamento urbano e prejudica principalmente aqueles que vivem em locais com pouca arborização. Aqui no Estado, estamos observando essas ilhas de calor na região metropolitana da Grande Vitória e em municípios como Colatina, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim”, aponta Wesley Correa, pesquisador do Instituto de Estudos do Clima (IEC) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O fenômeno prejudica a qualidade de vida nas cidades, já que fomenta a poluição do ar e corrobora com enfermidades associadas às altas temperaturas, como insolação, desconforto térmico e desidratação.

Em bairros mais pobres, a falta de planejamento urbano obriga a população a viver em locais com poucas árvores e com construções que utilizam materiais que absorvem mais calor, como telhas de amianto ou de alumínio, além da falta de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado.

“Para se ter um comparativo, podemos citar a Grande Carapina, na Serra, como exemplo de uma forte ilha de calor, que, se comparada com a região do Parque Moscoso, em Vitória, tem temperaturas maiores”, explica Wesley, citando ainda a região da Grande Maruípe e os bairros que abrangem o Território do Bem, como Bairro da Penha, Bonfim e São Benedito, como locais que também concentram altas temperaturas.

Para sanar o problema, o pesquisador aponta que estudos ao redor do mundo indicam o uso de paredes e telhados verdes para aumento da umidade do ar e da sensação de refresco do ambiente.

Aspas de citação

Para as pessoas que não possuem condições de arcar com a instalação desse modal, uma opção é pintar telhados e paredes de branco, o que pode melhorar a sensação térmica em 40% a 70%

Wesley Correia
Pesquisador da Ufes
Aspas de citação

Além disso, o especialista explica que o investimento em áreas verdes, projetos de recuperação da vegetação e o uso de materiais que evitam a absorção do calor também são boas ferramentas para o alívio nos períodos mais quentes.

Como diminuir as ilhas de calor?

  • 01

    Plantio de árvores

    A criação e preservação de áreas verdes é uma das técnicas mais utilizadas por especialistas para a diminuição do calor nas cidades. Além de gerar sombra, as plantas melhoram a qualidade do ar e geram ainda mais benefícios na natureza.

  • 02

    Uso de materiais reflexivos

    Na Grande Vitória, diversas obras de diferentes modais saem do papel a cada dia. Em meio às ilhas de calor, a adoção de materiais reflexivos em prédios e casas, por exemplo, colaboram com a diminuição da temperatura em ambientes internos.

  • 03

    Pavimento permeável

    Como opção ante ao asfalto, o pavimento permeável de concreto permite a absorção de água e evita a sensação de 'abafamento' em períodos de chuva seguidos de forte calor.

Estratégias que visam à redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, planejamento urbano para um melhor fluxo natural dos ventos e a utilização de cores mais claras nas construções também são ferramentas importantes para a diminuição das ilhas de calor.

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