* Essa matéria foi originalmente publicada em 15/07/2021. O texto foi atualizado e publicado novamente em 17/01/2021.
Mesmo depois de um ano do marco inicial da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, no dia 17 de janeiro de 2021, uma questão ainda parece gerar dúvidas: existe interação entre o imunizante e as bebidas alcoólicas? Circulam diversas vertentes sobre o assunto, havendo quem indique esperar três dias para beber e outros sugerindo uma semana ou até mais tempo de intervalo.
Segundo o portal G1, a dúvida "Pode beber depois da vacina?" foi a pergunta mais feita pelos brasileiros no Google desde o início da campanha de imunização.
Para esclarecer sobre o tema, A Gazeta consultou especialistas da área no Espírito Santo. Para o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, o consumo de álcool após a vacina é seguro, desde que não seja ingerido em descontrole.
"A ineficácia do imunizante, quando misturado às bebidas alcoólicas, é uma lenda urbana. Não existe nenhum impeditivo de uma pessoa tomar vacina da Covid e usar álcool. Claro que, em excesso, não é bom para nada, mas não existe essa história de cortar efeito ou de dar efeito colateral", afirmou.
Segundo o especialista, em vários locais do Brasil esse tipo de orientação é dada, de que não é possível ingerir álcool após a vacinação. "Isso chega para nós até em termos folclóricos, com maluquices divulgadas em relação à vacina. Não existe nenhum trabalho de interação de álcool com vacina até o momento", pontuou.
Também para Ethel Maciel, enfermeira, pós-doutora em Epidemiologia, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS), as bulas das diferentes vacinas em distribuição não mencionam contraindicação das substâncias juntamente ao consumo de álcool.
Da mesma forma, para a infectologista Rúbia Miossi, o excesso de álcool, em níveis de dependência química, é que é o vilão. "Não conheço nenhuma evidência entre consumo de bebida e eficácia de vacina. O que sabemos é que as pessoas que são alcoólatras - dependentes mesmo, com cirrose — têm uma resposta vacinal pior do que quem não tem esse quadro. Mas isso é para quem bebe muito mesmo, não é para quem bebe uma tacinha de vinho. Não há evidência nenhuma de diminuição de efeito da vacina, desconheço essa relação", concluiu.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que tem a proposta de ser uma enciclopédia sobre vacinação, informou com base em estudos científicos que o consumo moderado de bebidas alcoólicas não interfere na resposta gerada pela vacina.
A entidade explicou, no entanto, que a ingestão excessiva ou o uso crônico de álcool pode ter um efeito "imunodepressor", ou seja, pode reduzir a capacidade de defesa do organismo, deixando a pessoa mais vulnerável a contrair infecções.
Então, independentemente da situação, não se deve consumir álcool em quantidade exagerada. Comportamentos responsáveis e positivos, bem como qualquer atitude de prevenção, sempre são bons para a saúde, incluindo aqui a vacinação, afirmou a SBIm.
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