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Bebida alcoólica reduz eficácia de vacinas da Covid: verdade ou mito?

Bebida alcoólica reduz eficácia de vacinas da Covid: verdade ou mito?

Em busca de respostas, A Gazeta consultou especialistas da área no Espírito Santo e o posicionamento de cada um deles vai ao encontro do que aponta a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Publicado em 15 de julho de 2021 às 15:39

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álcool e a pandemia
Bebida alcoólica diminui eficácia de vacinas da Covid-19?. (Pexels)

Mesmo depois de quase seis meses desde o marco inicial da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, no dia 17 de janeiro com a enfermeira Mônica Calazans, em São Paulo, uma questão ainda parece gerar dúvidas: existe interação entre o imunizante e o álcool? Circulam diversas vertentes sobre o assunto, havendo quem indique esperar três dias para beber e outros sugerindo uma semana ou até mais tempo de intervalo. Para esclarecer sobre o tema, A Gazeta consultou especialistas da área no Espírito Santo.

Para o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, o consumo de álcool após a vacina é seguro, desde que não seja ingerido em descontrole. "A ineficácia do imunizante, quando misturado às bebidas alcoólicas, é uma lenda urbana. Não existe nenhum impeditivo de uma pessoa tomar vacina da Covid e usar álcool. Claro que, em excesso, não é bom para nada, mas não existe essa história de cortar efeito ou de dar efeito colateral", afirmou.

Segundo o especialista, em vários locais do Brasil esse tipo de orientação é dada, de que não é possível ingerir álcool após a vacinação. "Isso chega para nós até em termos folclóricos, com maluquices divulgadas em relação à vacina. Não existe nenhum trabalho de interação de álcool com vacina até o momento", pontuou.

Também para Ethel Maciel, enfermeira, pós-doutora em Epidemiologia, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS), as bulas das diferentes vacinas em distribuição não mencionam contraindicação das substâncias juntamente ao consumo de álcool.

Aspas de citação

Não há nada na bula das vacinas que contraindique o uso de álcool. O álcool diminui a nossa resposta imunológica – o uso em excesso, claro. Quando tomamos vacina, estimulamos o sistema imunológico. Acaba que alguns profissionais de saúde não recomendam o álcool não porque tenha algum efeito direto sobre a vacina, apenas devido à baixa a resposta imunológica. Mas não há contraindicação, o efeito protetor da vacina não será anulado

Ethel Maciel
Enfermeira, pós-doutora em Epidemiologia e professora da Ufes
Aspas de citação

Da mesma forma, para a infectologista Rúbia Miossi, o excesso de álcool, em níveis de dependência química, é que é o vilão. "Não conheço nenhuma evidência entre consumo de bebida e eficácia de vacina. O que sabemos é que as pessoas que são alcoólatras - dependentes mesmo, com cirrose — têm uma resposta vacinal pior do que quem não tem esse quadro. Mas isso é para quem bebe muito mesmo, não é para quem bebe uma tacinha de vinho. Não há evidência nenhuma de diminuição de efeito da vacina, desconheço essa relação", concluiu.

Com o avanço da vacinação, pessoas de faixa etária mais avançada ficaram mais protegidas da Covid
Especialistas afirmam que o consumo moderado de álcool não altera eficácia da vacina contra a Covid-19. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) recomendou que o questionamento sobre interações entre álcool e vacinação fosse direcionado à Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

ANULAÇÃO DOS EFEITOS DA VACINA PELO ÁLCOOL: MITO

E para sanar as dúvidas de uma vez, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que tem a proposta de ser uma enciclopédia sobre vacinação, com base em estudos científicos informou que o consumo moderado de bebidas alcoólicas não interfere na resposta gerada pela vacina.

A entidade explicou, no entanto, que a ingestão excessiva ou o uso crônico de álcool pode ter um efeito "imunodepressor", ou seja, pode reduzir a capacidade de defesa do organismo, deixando a pessoa mais vulnerável a contrair infecções. Então, independentemente da situação, não se deve consumir álcool em quantidade exagerada. Comportamentos responsáveis e positivos, bem como qualquer atitude de prevenção, sempre são bons para a saúde, incluindo aqui a vacinação, afirmou a SBIm.

ES PREVÊ PRIMEIRA DOSE PARA TODA A POPULAÇÃO EM SETEMBRO

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira (12), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, adiantou que a previsão da imunização no Estado é de que até o mês de setembro a primeira dose toda a população com mais de 18 anos terá sido feita. "Podemos trabalhar com um cenário de consolidado de controle da pandemia. No entanto, precisamos avançar até novembro, talvez dezembro, com o esquema de segunda dose. Podemos avançar no último trimestre, para a vacinação de adolescentes e crianças caso tenhamos vacinas aprovadas", disse.

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