Um alerta se fez necessário com a repercussão do caso de uma criança de três anos que foi internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após picada de um escorpião em Linhares, município ao Norte do Estado: é que, neste período do ano, em que as temperaturas devem voltar a subir, estes aracnídeos podem ser mais facilmente encontrados, de acordo com o biólogo Marco Bravo, professor e mestre em Gestão Ambiental.
Em entrevista à âncora Fernanda Queiroz, para o quadro "CBN Meio Ambiente e Sustentabilidade", Bravo afirmou que alguns cuidados devem ser tomados, em especial entre os meses de agosto e setembro, para prevenir o contato com escorpiões. "Deve-se ter muito cuidado agora com tênis, que fica do lado de fora de casa, já que ninguém está entrando com sapato por causa do coronavírus. É bom de manhã, se for sair, dar uma batidinha no tênis, dar uma olhada. Eles gostam de ficar em lugar escuro, já que têm hábitos noturnos, com fobia à luz, e à noite é mais fácil para eles conseguirem alimento", afirmou.
Além disso, o biólogo também recomenda, caso seja encontrado um escorpião e não sejam encontradas alternativas, fazer o isolamento da cauda do animal, já que é o local onde fica armazenado o veneno. "Se estiver com uma pinça, por exemplo, deve buscar isolar a cauda, segurar por ali, já que o animal vai tentar lançar a cauda na pele, introduzindo o ferrão com as duas glândulas de veneno. A gente não sabe qual será a reação em cada pessoa, cada organismo pode reagir diferente, principalmente as crianças podem sofrer por causa do veneno", explicou.
Para evitar o pior, Marco Bravo sugere a prevenção. "Temos que prevenir para não sermos surpreendidos. Minhas sugestões são colocar água sanitária nos ralos, já que tem ação corrosiva; verificar buracos e entradas na ventilação; eles podem também entrar pela tubulação. Colocar telas nas janelas; bloquear frestas das portas, com aquele rodinho que passa por baixo, por exemplo. Verificar torneiras com vazamento, já que gostam desses espaços. O escorpião se adaptou bem ao meio urbano, pela falta de predador, a não ser o gambá, hoje encontrado em todo lugar. Não adianta inseticida, porque não é um inseto, mas a dedetização das casas funciona também. Eles gostam de amontoados de telhas, lixo, etc. No ralo do banheiro, você pode sair do banho e ele picar você. É preciso cuidado, principalmente à noite", frisou.
De acordo com o especialista, o escorpião é um animal do filo artrópode, que é o maior filo de todos, sendo que cerca de 95% das espécies estão nele categorizadas. Além disso, pertence à classe arachnida, sendo primo das aranhas, dos ácaros e dos carrapatos. A espécie mais encontrada no Brasil é o escorpião amarelo, cujo nome científico é Tityus serrulatus. "Temos cerca de 1600 espécies em todo o mundo, sendo que destas cerca de 160 espécies, ou 10%, vivem no Brasil. Gostam de clima subtropical ou tropical, de temperaturas quentes", disse.
O escorpião amarelo é também o mais perigoso encontrado no Brasil e tem um veneno que pode levar à morte, principalmente de crianças. "E o que chama a atenção é que os filhotes são mais perigosos. Eles inoculam veneno pela cauda, pelo ferrão no finalzinho, se a cauda entrar em contato com a pele, introduz a cauda e injeta o veneno. Os filhotes não têm o mesmo controle, até por falta de maturidade, então inoculam o veneno todo. Os adultos já são mais experientes e liberam só o necessário para obter o alimento", explicou.
De acordo com a explicação do professor, o escorpião consome baratas e outros insetos, sendo um carnívoro. "O adulto injeta a quantidade de veneno necessária para imobilizar e matar a presa. O bebê injeta todo o veneno que tem ali nas duas glândulas, por falta de experiência e isso pode ser fatal. A gestação, na maioria das espécies, dura 3 meses, com 20 filhotes para cada, e dois partos por ano. Ou seja, cada fêmea tem potencial para 40 filhotes, e um filhote, para se tornar adulto, leva um ano. O perigo é justamente nesta fase infantil", concluiu.
Uma criança de apenas três anos foi picada por um escorpião em Linhares, no Norte do Estado, e está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado grave. Esther Castro de Jesus estava na casa da avó quando começou a passar mal, na quarta-feira passada (19), e foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento na cidade, mas no mesmo dia foi transferida para o Hospital Infantil em Vitória. A reportagem de A Gazeta procurou a mãe da menina no começo da tarde desta quarta-feira (26), Isamoa de Souza Castro, que informou que a filha segue entubada na UTI do Hospital Infantil, sem previsão de alta.
Uma tia da criança contou que Esther estava brincando no quintal da casa da avó, no dia 19, no bairro Guaxe, em Linhares. Na hora do almoço, quando ela entrou para comer, teve vômito. A avó correu com a criança para a UPA e, no caminho, Esther teve convulsões, segundo a tia.
De acordo com a diretora da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Linhares, Jacklene Ramos, a criança teria reclamado de uma dor no dedo da mão. A avó desconfiou que pudesse ser uma picada de escorpião e foi até a UPA, onde recebeu o soro antiescorpiônico, que neutraliza o veneno do animal na corrente sanguínea.
"A avó desconfiou que realmente pudesse ser um escorpião, até por ter na região, e levou a criança para a Unidade de Pronto Atendimento. Ela recebeu o primeiro atendimento na UPA pediátrica no município, recebeu o soro antiescorpiônico, mas infelizmente o estado de saúde dela continuou grave e ela foi transferida para o Hospital Infantil, em Vitória", disse.
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