O Corpo de Bombeiros, por meio do Departamento de Investigação, Pesquisa e Prevenção de Incêndios (DepIPPI), concluiu o laudo sobre a explosão que ocasionou um desabamento de um prédio no bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha, no dia 21 de abril deste ano, matando três pessoas e ferindo uma.
Segundo a corporação, uma botija de gás na casa de Eduardo Cardoso - uma das vítimas - tinha um vazamento na conexão, o que gerou a explosão. Ainda conforme o Corpo de Bombeiros, na casa de Eduardo havia equipamentos que estavam mal conectados aos circuitos elétricos da residência, além de outros materiais inflamáveis que podem ter gerado a ignição.
Segundo o capitão Loreto, do Corpo de Bombeiros, foram encontradas duas botijas de gás no local do desabamento, sendo uma vazia (que foi a que causou a explosão) e uma ainda cheia, que não teve relação com o acidente. Ele pontuou que o vazamento de gás começou no primeiro pavimento.
"As fontes encontradas foram isqueiro, tomada, interruptor, equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos e um maçarico portátil. Um desses objetos causou a explosão, mas não foi possível definir qual", disse.
O capitão Loreto ressaltou ainda que a estrutura do prédio apresentava problemas, o que potencializou os efeitos da explosão. Ele apontou, ainda, que a baixa ventilação no edifício fez com que o gás vazado ficasse retido.
"Uma possível perda de força estrutural causada por infiltração, baixa ventilação, porque era um ambiente pouco ventilado, baixo volume do ambiente. O escoamento (do gás) era difícil, com poucas aberturas, vai acumulando. A gente não encontrou regularização de projeto falando quanto peso a estrutura aguentava", completou.
Loreto afirmou também que, como o apartamento era muito pequeno, somado à baixa ventilação, os efeitos da explosão foram mais devastadores. Ele disse que, caso a explosão tivesse acontecido em um ambiente maior, a energia causada poderia ter se dissipado e não teria destruído a estrutura do prédio.
"Se fosse uma explosão em um ambiente mais amplo, haveria uma dissipação de energia. Quando há a explosão em um ambiente menor, a energia atinge as estruturas", reforçou.
O capitão Loreto também negou, veementemente, a possibilidade de ter acontecido uma detonação no prédio. Ele afirmou que, se este fosse o caso, haveria vestígios, como formação de uma cratera no ponto central da explosão e resquícios de explosivos.
Um prédio de três andares desabou na Rua Antônio Roberto Feitosa, bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha, na manhã do dia 21 de abril. O imóvel ficou completamente destruído. Moradores ouviram um estrondo antes do imóvel desabar.
Bombeiros trabalharam no resgate das vítimas até a madrugada do dia 22. De acordo com informações obtidas pela reportagem junto a vizinhos e pessoas próximas, as quatro pessoas que estavam no prédio são um senhor de 68 anos, identificado como Eduardo, a filha dele, Camila, e ainda Sabrina, neta do idoso, de 15 anos. No segundo andar, morava uma doceira identificada como Larissa, também filha do senhor de 68 anos, que foi a primeira a ser resgatada. Camila, Sabrina e o idoso morreram após o desabamento.
Imagens do Google Street View de 2019 mostram como era o edifício que desmoronou. As causas do desabamento ainda serão investigadas.
A primeira a ser retirada dos escombros foi a doceira Larissa, por volta das 12h15. Ela morava no segundo andar do imóvel e foi resgatada com vida e consciente.
Por volta das 14 horas, Camila Morassuti Cardoso — irmã de Larissa, foi encontrada e retirada dos destroços, mas teve a morte confirmada no local. Por volta das 15h45, os bombeiros confirmaram que localizaram a adolescente Sabrina. Ela chegou a conversar com os militares, mas não resistiu e faleceu.
Já na madrugada da sexta-feira (22), o idoso foi encontrado morto. As buscas foram encerradas e os bombeiros descartaram a possibilidade de uma quinta vítima estar no imóvel no momento do desabamento, o que foi cogitado no início das buscas.
O exato momento da explosão foi registrado por uma câmera. Na imagem, consta o horário de 7h14. Segundo relatos de vizinhos, um forte estrondo foi ouvido pouco antes do imóvel de três andares cair. Rosana, que é vizinha do edifício que explodiu e desabou, relata ter escutado um barulho parecido com explosão.
"Era umas 7h30, eu estava dormindo, aí escutei um barulho pensando que fosse na casa de cima da minha filha. Aí meu esposo e meu filho saímos correndo, aí eu gritei: 'É a casa da Larissa. Embaixo mora o pai dela, a irmã e a sobrinha. Em cima mora ela e a casa acima dela estava vazia. Senti uma catinga de gás, os vidros da minha casa estão todos quebrados. Ouvi um barulho muito forte, parecia uma bomba, nunca vi isso na minha vida", contou.
Outro vizinho do prédio contou que o portão da casa dele foi arremessado com a explosão.
"Meu quarto fica nos fundos da minha casa e, por volta das 7h, a gente escutou o estrondo, achei até que era a minha casa porque o último andar aqui está em reforma, quando a gente veio correndo aqui para fora o meu portão estava no chão e vi a casa da Larissa que tinha desabado", relatou Antony.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta