Viajar com um animal de estimação pode ser uma tarefa difícil, mas o capixaba David Póvoa Canuto, de 28 anos, passou por um trauma que não deseja para ninguém. Na véspera do Natal de 2019, o analista de relações internacionais deixava São Paulo, onde mora atualmente, para vir para a cidade natal, Vitória, passar o feriado com a família. Na "bagagem", David trouxe o melhor amigo, o cãozinho Tom, que tinha quase dois anos. O caso ganhou visibilidade depois que David publicou a história nas redes sociais na última segunda-feira (03), após receber uma proposta de compensação por parte da companhia aérea que o deixou revoltado. Foi o primeiro contato que a empresa fez, desde que ele acionou a Justiça, em janeiro.
Tom, batizado como Antônio Carlos em homenagem ao cantor Tom Jobim, precisou viajar longe do tutor, no porão do avião, por conta do porte. O que ninguém esperava é que aconteceria uma tragédia: o voo de David atrasou de São Paulo para Vitória, os passageiros ficaram aguardando na aeronave e o cachorrinho, dentro do porão. Ao chegar na Capital capixaba, o analista recebeu a notícia de que Tom havia morrido durante o voo.
Ao receber a informação de que seu melhor amigo tinha morrido, David literalmente foi ao chão, desesperado, sem entender o que tinha acontecido. O rapaz reclama que não teve apoio algum da Gol Linhas Aéreas e que uma pessoa da equipe sugeriu que ele congelasse o corpo do animal em um freezer, para depois enterrar.
David revela que levou Antônio Carlos para fazer uma necrópsia e o laudo apontou que o Tom morreu em decorrência do calor por ter ficado muito tempo no porão, provavelmente sem ar condicionado e refrigeração alguma.
O rapaz diz que a companhia aérea tratou o ocorrido com descaso e não deu o devido suporte ao caso. Ele entrou com a ação da Justiça em janeiro e agora, sete meses depois de acionar o poder judiciário, a empresa entrou em contato para apresentar uma proposta que o deixou indignado. "Foi um absurdo, eles me ignoraram por oito meses, sabendo de tudo que aconteceu. E ainda tiveram coragem de me enviar um e-mail falando que tinham uma proposta, oferecendo duas passagens de avião para compensar a morte do meu melhor amigo", explicou David.
O analista esclarece que tentou entrar em contato com uma equipe da Gol de todas as formas: pelas redes sociais, por enquetes, e diz que nunca recebeu nenhuma resposta. "Entrei com um processo e a Gol nunca se manifestou. Só se manifestaram oferecendo essas duas passagens", detalhou o rapaz.
Segundo David, Tom não foi adotado e nem comprado. O cãozinho, da raça Staffordshire Bull Terrier, era filhote do cachorro de um amigo de David, que o confiou a vida do animal. "Ele não foi comprado, foi confiado de um amigo. Eu não quero passagem, quero que paguem os custos do enterro dele, os gastos da necropsia, alguma indenização. Eu penso nisso todos os dias. É um descaso, eu fico revoltado", completou.
No dia em que tudo aconteceu, logo após receber a notícia da morte do Tom, David conta que recebeu apenas dois copos d'água. Não teve nem mesmo uma retratação.
Além de lidar com todo o luto pela perda do companheiro, David ainda precisa lidar com questões legais para seguir com o processo e disse que uma das situações mais difíceis foi responder para o advogado qual era o valor monetário do cão. "Ele vale uma vida, era meu melhor amigo, vale tudo. Eu tive que perguntar para a pessoa que me deu. Mas ele não vale só R$ 6 mil. Era meu melhor amigo", repetiu. O analista entrou com uma ação judicial, mediada pela startup capixaba LiberFly.
A reportagem de A Gazeta fez todos os questionamentos à companhia aérea, que respondeu inicialmente, que iria buscar nos arquivos qual teria sido a tratativa dada ao cliente na ocasião da morte do Tom. Posteriormente, após identificar a ocorrência, a Gol respondeu apenas que não iria comentar porque o caso está sendo resolvido em um processo judicial.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta