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Cadela morre após comer petisco; polícia investiga mais 2 casos no ES

Cadela morre após comer petisco; polícia investiga mais 2 casos no ES

Com apenas dois anos de idade, a Lulu da Pomerânia Maia não resistiu a um problema nos rins; outras intoxicações semelhantes são investigadas no Estado

Publicado em 4 de outubro de 2022 às 18:13

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Maia, uma spitz alemão de apenas dois anos, morreu após ingerir um petisco da Petz Snack
De acordo com o dono, Maia morreu após ingerir um petisco da Petz Snack, marca da empresa Bassar. (Leitor | A Gazeta)
Maria Fernanda Conti
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 Com apenas dois anos, a cadelinha spitz alemão Maia não resistiu após ingerir o petisco "Petz Snack", uma das marcas com risco de contaminação, segundo afirmou o tutor dela, Peter Grossmann. A situação da cachorrinha é o terceiro caso de intoxicação de cães por petiscos da empresa Bassar investigado no Espírito Santo.

Conforme o empresário contou à reportagem da TV Gazeta, a cachorrinha da raça Lulu da Pomerânia (Spitz Alemão) ficou internada por cinco dias até morrer devido à gravidade do quadro, no dia 10 de setembro. Esse é o primeiro óbito confirmado após a suspeita de intoxicação registrada no Estado.

"Ela comeu um petisco à noite e no outro dia começou a vomitar, o dia todo passando mal. A doutora Viviane (veterinária) me perguntou se ela tinha comido um dos petiscos e tirou uma foto dos três (da marca Petz Snack). Um deles ela tinha comido.  Aí ela disse que poderia ter sido o petisco", relembrou. 

Além do enjoo, um dos principais sintomas que ela apresentou foi a prostração. "Fizemos o exame de ureia e de sangue nela. A creatinina deu muito alta, cerca de 5,5, e o normal é de 0 a 1. Entramos em estado de alerta. No dia seguinte, deu mais de 7. Começamos a fazer diálise na quinta-feira, ela fez todo o processo, mas só aguentou até o sábado de manhã", afirmou o tutor.

De acordo com Peter, Maia chegou em um momento difícil para a família, devido à morte do avô durante a pandemia da Covid-19. "É uma perda não só para mim, mas para a minha família toda. Minha avó, minha mãe, minha tia, todo mundo que acompanhou o processo dela. Dois anos com a gente, é bem complicado", narrou

O médico veterinário que cuidou do animal, Anderson Vieira, explicou que as funções renais de Maia ficaram comprometidas. "Ela chegou com um quadro de uremia, que é quando as toxinas que deveriam ser eliminadas pelos rins se acumulam na corrente sanguínea. Infelizmente, ela não evoluiu bem e acabou morrendo", detalhou.

Questionada, a Polícia Civil informou que a ocorrência foi registrada no 6º Distrito Policial e tramitada à Delegacia Especializada de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), que será responsável pelas investigações.

ENTENDA O CASO

A Polícia Civil investiga, no Espírito Santo, três casos de intoxicação em animais por consumo de petiscos caninos da empresa Bassar. Em todo o país, pelo menos 40 cães passaram mal e morreram após o consumo de produtos dessa marca. Há relatos de mortes de cães em cerca de nove estados, além do Distrito Federal.

À reportagem de A Gazeta, a professora Rogeria Viana Brommomschenkel, de 41 anos, contou que percebeu os primeiros sintomas da intoxicação no Flash, um west retriever de quatro anos, no dia 15 de junho. Ela afirma que o animal teve diarréia, vômito e tremor em todo o corpo ao comer um petisco da Dental Care.

Flash, de 4 anos, e Jack, de 1, passaram mal após consumir petiscos da marca Bassar, afirmam tutoras.
Flash, de 4 anos, e Jack, de 1, passaram mal após consumir petiscos da marca Bassar. (Arquivo pessoal)

Outra tutora que percebeu algo estranho no pet da família foi a empresária Vivian Ferrari, de 59 anos. Para comemorar o aniversário do pastor suíço Jack, de apenas um ano, ela comprou um petisco da marca Every Day e deu para ele no dia 29 de agosto. Dois dias depois, ele começou a passar mal, apresentando diarreia, vômitos e alta prostração (apatia).

O cachorro ficou internado por dois dias e, hoje em casa, no município de Vila Velha, segue um tratamento medicamentoso. Flash também passa bem e se recupera na casa da família.

PROIBIÇÃO DE VENDA

O Ministério da Agricultura (Mapa) determinou no início de setembro o recolhimento nacional de todos os lotes de produtos da empresa "diante dos riscos iminentes à saúde de animais". A fábrica envolvida na produção dos lotes, que fica na cidade de Guarulhos (SP), também foi interditada.

De acordo com o Mapa, os produtos identificados com suspeita de contaminação são o Every Day sabor fígado (lote 3554) e o Dental Care (lote 3467). A Bassar divulgou que, "por precaução", iniciou a retirada do lote 3775 da marca Bone Everyday assim que soube das denúncias. O petisco Petz Snack Cuidado Oral, também fabricado pela Bassar, integra a lista de investigados.

A principal suspeita é que os insumos tenham sido contaminado por monoetilenoglicol. Essa substância, também conhecida como etilenoglicol, é da mesma família da apontada como responsável pela morte de dez pessoas que consumiram a cerveja Belorizontina, produzida pela Backer, em 2019.

A empresa Bassar Pet Food foi procurada para comentar sobre o assunto e reforçou que o etilenoglicol "não faz parte de nenhuma etapa da sua cadeia de produção".

O que diz a Bassar Pet Food

"A Bassar Pet Food esclarece que adquiriu em fevereiro de 2022 propilenoglicol da Tecno Clean Industrial, empresa pertencente ao grupo econômico Fricon, sediado em Contagem (MG). Exames realizados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) apontam que o produto estava contaminado com etilenoglicol, substância nociva à saúde. A Tecno Clean não era fornecedora da matéria-prima, mas no início de 2022, quando houve falta do insumo no mercado, a Bassar comprou o produto daquela empresa.

A Bassar Pet Food reforça que o etilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa da sua cadeia de produção. O etilenoglicol é um composto químico e tóxico que pode ser letal se ingerido por cães e humanos.

A empresa reitera que, desde o surgimento da primeira queixa de intoxicação de um pet, tem realizado todos os esforços e colaborado com as autoridades para a elucidação do caso. Além disso, tomou as seguintes medidas:

- Fechou voluntariamente a fábrica e contratou uma empresa independente para realizar uma profunda auditoria em seu processo de produção e maquinários e de todas as matérias-primas que compõem seus produtos finais

- Realizou o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de fevereiro de 2022, conforme orientação do órgão regulador, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

- Notificou os distribuidores para a retirada imediata dos itens das lojas. Os produtos estão armazenados em local seguro até o fim das investigações.

 Em caso de dúvidas sobre o recall ou sobre nossos produtos, os consumidores podem entrar em contato com nosso SAC pelo e-mail [email protected]"

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