Um dos momentos mais aguardados por todo trabalhador é quando chega o fim do mês e o salário está na conta para ser sacado e usado como bem entender. Assim fez o montador de andaimes Fabiano Medrado, de 28 anos. No último dia 31 de julho (sexta-feira), ele sacou a quantia de cerca de R$ 750,00 para pagar o aluguel da casa e também uma parcela do documento do carro.
Após sair da farmácia, onde realizou o saque em um terminal eletrônio, ele foi para casa, trocou de roupa e foi até o supermercado do bairro onde mora, em Novo Horizonte, na Serra. Tudo ia bem, Fabiano pegou o que queria comprar e, ao chegar no caixa para pagar, cadê o dinheiro?
"Eu coloquei uma pequena quantia no porta-luvas do carro e como não achei o dinheiro, pensei que havia deixado em casa antes de vir para o supermercado. Não me preocupei muito. Na hora de pagar, tive de usar esse dinheiro que estava no carro e nem desconfiava que havia perdido", contou.
Ao voltar para casa com as compras, Fabiano e a esposa procuraram pelo dinheiro onde geralmente costumam guardar, mas nada de encontrá-lo. Só então o montador de andaimes se deu conta de que havia perdido o dinheiro que seria usado para pagar o aluguel e uma parcela do documento do carro que ele utiliza aos fins de semana para o transporte de passageiros por aplicativo.
A confirmação de que havia mesmo perdido veio quando a esposa olhou o bolso da bermuda que ele havia usado e encontrou um furo. Nessa hora bateu o desânimo em Fabiano, mas o que ele não poderia imaginar é que no Canguru Supermercados uma pessoa, ou melhor, um "anjo da guarda", como ele próprio definiu a operadora de caixa Milena Dahora, havia encontrado e guardado a quantia.
Acostumada a lidar diariamente com dinheiro no exercício da profissão, ela viu o bolo de notas no chão e prontamente o entregou à gerência do estabelecimento, ainda na sexta-feira. Começava ali uma verdadeira saga para encontrar o dono, que contou também com o empenho da fiscal de loja Josiane da Silva.
Estava trabalhando, passei pelo corredor e vi um bolo de notas no chão. Na mesma hora eu peguei e fui entregar na recepção, como todos os funcionários aqui são orientados a fazer. Fiquei na esperança do dono voltar, mas foi passando um, dois dias e nada dele aparecer. Já estava aflita por ele", disse Milena.
No intuito de encontrar o desconhecido, a fiscal puxou as imagens do dia e horários anteriores ao momento em que a operadora de caixa encontrou o dinheiro e conseguiu identificar o momento em que Fabiano, ainda não identificado, deixou o bolo de notas cair.
"Não me dei por vencida, fiquei procurando os detalhes. Percebi pelas filmagens que o rapaz entrou no supermercado e cumprimentou o nosso funcionário que fica na porta aplicando álcool na mão dos clientes, como se o conhecesse mesmo. Foi daí que consegui chegar até ele. Por coincidência eles realmente se conheciam, aí agilizamos o contato", destacou a mulher.
Com o contato de Fabiano em mãos, a gerência do supermercado entrou em contato com ele e o chamou para ir até lá. O montador de andaime, entretanto, achou se tratar de uma brincadeira.
"Eu já dava como perdido. Ia ter que dar meus pulos para conseguir reaver, mas me ligaram do supermercado e me disseram que haviam encontrado meu dinheiro e que queriam falar comigo. Pensei que era uma brincadeira do meu amigo, mas era tudo verdade. Na terça-feira então, quatro dias depois de perder o dinheiro, voltei até lá. Eles me perguntaram quanto que eu havia perdido, o que havia comprado e o horário. Como tudo bateu com o que haviam visto no vídeo, viram que de fato era meu. Foi uma emoção danada", detalhou Fabiano, que disse que o valor perdido corresponde a quase metade do que recebe.
A honestidade da operadora de caixa Milena e dos funcionários do supermercado emocionaram Fabiano, que fez questão de agradecer ao ponto de oferecer uma quantia em dinheiro à funcionária que encontrou o dinheiro.
"Meu olho encheu de lágrima quando a vi e ela me contou como tudo aconteceu. A gente vive em um mundo com dias tão difíceis que fica difícil acreditar que existam pessoas honestas ainda. Mas é o que eu digo: quem faz o bem o recebe de volta. Já encontrei pertences de outras pessoas e os devolvi, desta vez aconteceu comigo. Ofereci uns R$ 200 reais para ela, de coração, mas ela recusou e me agradeceu. Disse que fez apenas o que é certo. Então comprei uma caneca com chocolates e dei para ela. Era o mínimo que poderia fazer", disse Fabiano.
Com o dinheiro recuperado, Fabiano pagou o aluguel da casa, a parcela do documento do carro e voltou a dormir tranquilo. Por garantia, o bolso da bermuda foi costurado pela esposa dele.
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