Se o ditado é “onde há fumaça, há fogo”, também podemos dizer que há uma mulher quando se trata de fogo e fumaça no comando da formação de soldados do Corpo de Bombeiros. A capitã Flavia Pavani é quem dá instrução de combate a incêndio para os alunos.
Com roupa apropriada e equipamentos de proteção, a bombeira encara um contêiner que pode chegar a temperatura de 900 graus Celsius, fica pertinho das chamas altas e ainda tem que explicar para os alunos as técnicas. O contêiner é um simulador de incêndio, que contém cinco fases, e é um dos três que existem na América Latina.
"A atividade de incêndio é uma atividade de risco, ministramos instruções de risco, mas somos preparados para isso. Somos habilitados, treinados e capacitados para realizar essa atividade", descreve.
Apesar de ser bastante técnica, a capitã Flávia Pavani também conta que há um tanto de emoção na sua profissão. "Quando entro ali no simulador, fico apaixonada. O incêndio é o mais impactante na vida de um soldado, envolve muito risco, são 660 a 700 graus, a camada de fumaça pegando fogo em cima da sua cabeça. Também tem desidratação e demanda atenção. Mesmo assim, é uma atividade muito maravilhosa, emocionante e que eu me identifico bastante", conta.
Flavia já foi policial militar. Ela ingressou como soldado depois de passar em 2º lugar no concurso, no ano de 2007. Mas ela estava destinada a ser bombeira, profissão que desejava desde criança.
Em 2008, Pavani foi aprovada no concurso do Corpo de Bombeiros para o cargo de soldado. Dedicada aos estudos, ela não assumiu a vaga e tentou o Curso de Formação de Oficias pela Ufes, no ano seguinte. Eram apenas cinco vagas abertas para ser oficial do Corpo de Bombeiros. Flávia ficou na 11º posição e foi aí que entrou em cena a mão de Deus ou do destino, como queira acreditar.
Dois candidatos, mais bem classificados que Flávia na prova teórica, desistiram de fazer o Teste de Aptidão Física (TAF). Outros três candidatos reprovaram no TAF. Assim, ela passou a ser a 6ª colocada, até que o 1º lugar geral não se apresentou, desistindo da vaga. Assim, Pavani assumiu o 5º lugar e entrou para o curso de formação de oficiais.
"A possibilidade de ajudar o próximo e de fazer o bem sempre foi um sonho. Sou muito feliz por ser bombeira. Escolhi a área de incêndio, pois trabalho com a prevenção", explica Pavani, que é Analista de Projetos de Incêndio também.
Hoje, a capitã que enfrenta o fogo ainda tem tempo para cursar pós-graduação, fazer artesanato e cuidar da pequena Sofia, a filhinha de apenas dois anos. Mas nem sempre ser mulher numa corporação é simples, ainda mais sendo pouco mais de 10% do efetivo.
"Certa vez tinha uma seleção para trabalhar em determinado setor. Ao me candidatar, ouvi 'você não, Flávia, porque eu não quero mulher lá'. Outro problema é o alojamento para mulheres. Já trabalhei em um município que não tinha alojamento para oficial feminina. Eu dividia o alojamento com quem estava de serviço 24 horas. As instalações ainda não estão tão preparadas para nos receber", explicou.
Exemplo de persistência, a capitã deseja que mais e mais mulheres também tenham orgulho de fazer parte do Corpo de Bombeiros. "Eu tinha esse sentimento no meu coração: quero ser bombeira. A questão de ser mulher nunca me impediu e nunca foi um limite para eu realizar o meu sonho. Então, você mulher, corra atrás do seu sonho, se prepare, treine e estude. Ser mulher não vai te impedir de conquistar seus sonhos", completou.
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