O administrador Alberto Ferreira da Costa Neto foi surpreendido no último sábado, dia 25 de abril, com um presente de sua mãe: uma oração escrita à mão por sua avó, Vivaldina Duarte de Barcelos. A família estima que a origem da prece seja do período da gripe espanhola, que começou a se propagar pelo país entre março e maio de 1918.
Na época ela tinha entre 10 a 12 anos e morava em Itaúnas, Conceição da Barra, Norte do Estado, onde distribuía a mensagem de fé como proteção para as casas.
Emocionado, Neto relata que era muito apegado a sua avó, que morreu quando ele tinha 12 anos. Na ocasião ela já tinha se mudado para Vila Velha. "Ela era muito católica, muito ativa na igreja, tanto em Novo México (Vila Velha) quanto em Conceição da Barra. E quando veio morar na Grande Vitória, nos aproximamos muito", relata.
O documento, que não se sabe ao certo quando foi escrito, foi encontrado pela mãe de Alberto, a senhora Ada Maria Barcellos, de 74 anos, durante a realização de uma faxina em sua casa.
"Nesta pandemia a gente aproveita para fazer algumas faxinas e encontrei uma bolsinha da minha mãe (Vivaldina), que ficou comigo após a morte dela. Nela estava um papel bem enroladinho. Foi até difícil abrir. Foi uma surpresa descobrir que era a oração que ela escreveu", conta.
Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), que já causou dezenas de mortes, Ada decidiu fazer uma foto da oração original e ainda fez questão de reproduzir a prece em um novo papel, também escrito à mão, e remeter para todos os parentes: seus três filhos, sobrinhos e irmãos. "Queria compartilhar com todos eles, para que rezem junto comigo. Quem sabe não é a forma de vencermos esta pandemia", pondera.
A oração é dividida em quatro partes, com uma cruz ao meio. Segundo Ada, era tradição das pessoas mais antigas afixá-la na porta da frente, para proteger as casas de doenças. "É uma oração de súplica à Nossa Senhora, pedindo que ela interceda junto a Jesus para acabar com a doença, protegendo a casa", conta.
Quando Ada era criança, lembra que sua mãe fazia várias cópias da oração e a distribuía entre os vizinhos. Em algumas ocasiões, Ada e a irmã faziam o trabalho. "Ela copiava e passava para as pessoas. Outras ocasiões eram as filhas que faziam o trabalho, já éramos alfabetizadas. Todos tinham uma cópia pregada ou colada na porta para espantar a doença", relata.
Outra lembrança de Ada é a de que a sua mãe, Vivaldina, vivenciou o drama da gripe espanhola, cujos primeiros casos começaram a ser registrados no Brasil entre os meses de março a maio de 1918. "Ela tinha uns 10 a 12 anos na época e os casos duraram até 1920. Anos depois, quando eu tinha a mesma idade dela, vivenciamos a gripe asiática, em 1958", conta.
Na época da pandemia da gripe asiática, acrescenta Ada, sua avó, por acreditar que era um retorno da gripe espanhola - só anos depois descobriram a confusão -, lançou mão da antiga oração e, de novo, voltou a distribuí-la entre os vizinhos, para ajudar a protegê-los.
"Por isto acredito que ela tenha criado a oração quando ainda tinha uns 12 anos, na época da gripe espanhola. Quando veio a outra gripe, repetiu a oração, para proteger a família e os vizinhos", pondera.
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